domingo, fevereiro 28, 2010

UM

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E o palhaço, entrou no picadeiro com duas caixas imensas. Discretamente uma maior do que a outra. E todo cheio de graça perguntou:

- Qual é a maior caixa de surpresas?

Rufaram os tambores e no silêncio, no meio da platéia, lá longe, um ser minúsculo foi o único que teve coragem de levantar as mãos e arriscar um palpite. O palhaço todo cheio de graça intimou:

- Você sabe amendoim?

E todos riram.

- Sim. – Respondeu aquela criança que não devia ter nem 4 anos ainda.

- Então qual é a maior caixa de surpresas?

- A vida.

E o palhaço chorou pela primeira vez no picadeiro diante do seu grande público.

- Quá, quá, quá, quá, quá, quá.

Todos mijaram de tanto rir.

E também pela primeira vez o palhaço foi realmente engraçado.

terça-feira, fevereiro 23, 2010

MEMÓRIAS DA SAUNA FINLANDESA

E hoje dia 23 de fevereiro de 2010, meu grande brother e sem dúvida alguma um dos maiores escritores da atualidade, de quem já falei muito aqui, vai lançar, seu novo livro lá na praça Roosevelt, mais precisamente no Espaço dos Parlapatões à partir das 18h. Já ouvi dizer que é sensacional. Não percam a oportunidade de comprar o livro das mãos do próprio autor.

sendbinary1.asp

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

A SAGA DE UM MORFÉTICO (A) PERNILONGO

SR11

Jurema é o nome que dei ao maldito pernilongo que me importunou a noite toda. Nem sei se era homem ou mulher a desgraça, mas achei simpático e principalmente sarcástico chamá-lo assim. Coincidentemente, este é também o nome de uma tia minha. Juro que só me liguei nisso agora. Tava lesado demais pra pensar essas coisas. Faço questão de dizer que não tenho nada contra ela e nem contra o seu nome. Muito pelo contrário. Foi mera coincidência mesmo.

Um zumbido filho da puta na orelha. Igual uma orquestra de cornetas. Tava num sono pesadão, com os olhos pregados. Já devia ta babando e roncando há muito tempo. Quer dizer, não sei se ronco, realmente. Já disseram que sim, mas nunca fui persuadido disto.

Levantei, apertei o interruptor e fiquei imóvel, como um monge tibetano meditando, só observando. Tava obstinado a executá-lo. Os olhos ainda estavam embaçados e ardentes. Fiquei em silêncio absoluto. Só depois de algum tempo consegui ouvi-lo. Zummmmmmmmmmmmmmmmmmmmm... Passei pelo menos, uma meia hora tentando encontrá-lo, só com movimentos aleatórios dos meus olhos supersônicos, mas o malandro se escondia muito bem. Deixem-me justificar melhor. Eu que ainda tava lento, na verdade, por causa do sono.

Ele sabia que eu estava a sua procura e por essa razão se escondia tão bem. Estrategicamente fechei os olhos e abaixei a cabeça. Fingi que tava cochilando, pra tentar ludibriá-lo. O zummmmmmmmmmm passou ao lado da minha orelha. Há há, enganei-o. Agora estava mais próximo ainda e eu podia sentir o vento das suas asas por perto. Mantive a mesma estratégia do cochilo por um tempo. O toque de corneta enfraqueceu e senti quando ele pousou em um dos meus ombros. Antes de picar-me espalmei a mão, alongando bem os 5 grandes dedos que a preenche e bati com toda a força, onde a espécie tinha se aconchegado.

Mantive a mão pressionada no ombro por um tempo. Quis ser bem cruel. Torci-a e a retorci várias vezes. Lentamente a levantei e quando verifiquei, a palma estava completamente limpa. Só meu ombro muito vermelho, por causa do forte tapa que me dei. Ardeu, pacas.

Não é possível, pensei. Esse filho de Pernalonga não pode ser mais ágil do que eu, que já passei por diversos treinamentos ninjas, incluindo um de pegar insetos com hashis que fiz com o seo Miagy, aquele do Karatê Kid, em 1989, quando ele ainda era vivo.

Em seguida ouvi um zummm zummm zummm. Era ele. Sobrevoando um pouco acima da minha cabeça, distante pra não tomar outro tapa e rindo da minha cara. Fiquei emputecido com isso. Acorda-me a tantas da madruga e ainda fica tirando uma onda comigo? Vá plantar coquinho, sei lá.

Esta foi a primeira vez que nos encaramos frente a frente. O bicho era anormal de grande. Devia ter uns 30 cm de comprimento. Gigantesco. Nunca tinha visto nada igual. Assustei-me, mas não o deixei perceber isso e fiz uma cara de mau pra ele, que com certeza o deve ter congelado de medo. Mexeu com o cara errado, balbuciei.

Levantei, abri o guarda-roupa e procurei minha máscara de mergulho e meu snorkel pra me sentir bem protegido. Corri até o banheiro e peguei a latinha de baygon mata baratas que comprei uma vez pra proteger a Diva contra invasões de baratas cascudas; e me pus em posição de batalha. Agora estava mascarado e armado. Declarei guerra.

Voltei pro quarto ligadão e fiquei atento olhando por todos os cantos e nada. Nenhum barulho. Comecei a procurá-lo(a) por todas as partes. Nada também. Ele tava afim de brincar. Eu não.

Desisti da euforia e preferi voltar à primeira estratégia. Sentei-me na cama, silenciei e esperei. 30 min depois, quando eu já tava quase capotando novamente o zummmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm. Ra, rá, pensei. Virei a latinha de baygon na sua direção. Vi a cara de espanto que fez. Sentiu-se encurralado. Recompus a cara de mau, agora escondida atrás da máscara e apertei sem dó. O morfético conseguiu se esquivar do primeiro jato e riu escrachadamente mais uma vez. Zummmm, zummm, zummmm.

Como venho treinando airsoft há algum tempo, sei muito bem lidar com uma metralhadora e fiz aquela latinha virar isso. Certeza que ele não contava com essa minha nova habilidade. Sempre tenho truques escondidos nas mangas. Sou bem treinado.

Rajadas e rajadas daquele aerosol foram disparadas. Não acertei nenhuma em cheio, ele era um bocado esperto também, mas eu tava convicto de que em algum momento ele ficaria zonzo com aquele monte de veneno espalhado pelo ar do quarto. Eu já tava meio grogue, mesmo protegido pela máscara e o snorkel.

Quinze minutos depois ouvi o zum, intervalado, como o do riso, só que um pouco mais sufocado e agudo. Levantei e segui o barulho. Lá estava ele com a barriga pra cima tossindo feito um gambá. Tava pálido. Vi seus olhos se estatelarem quando me viu. Ele tentou rastejar pra um lugar seguro, mas me apressei e meti um dedo em uma das suas asas. Ta vendo? Perguntei. Você não é tão esperto assim. Os tiros não precisam ser certeiros, pois são tão potentes que os rastros deles foram capazes de te derrubar. Certeza que ele entendeu tudo o que disse, afinal deve ter nascido no Brasil.

Ele se esforçou pra sair, mas não deixei e fiz força contra, arrancando a asa, onde meu dedo tava apoiado. Ouvi um abafado grito de ai. Sorri sarcasticamente, porque agora poderia me vingar. Não ia matá-lo sem vê-lo sofrer antes. Várias vezes apontei-lhe o baygon, deixando-o completamente em pânico.

Neste momento queria apenas torturá-lo pra me vingar da tortura que passei tentando pregar os olhos e rolando pra lá e pra cá por causa do calor absurdo e da sua corneta ensurdecedora.

Com o dedo mindinho fiz cócegas na sua barriga. Já tinha ouvido dizer que pernilongos gigantes sentem cócegas e não tem tortura pior pra eles. O coitado tava tão grogue que nem tinha mais forças pra rir. Na seqüência segurei em uma das suas perninhas e comecei a esticá-la. Ele pediu pelo amor de Deus pra não arrancá-la. Parei. Pensei. Não arranquei-a, mas puxei até o limite e dei uma boa mordida no seu pé.

Rá, rá. Faça mais corneta, pedi. Ele não respondeu e me encarou. Alguma coisa aconteceu. Ficou estático ali, me encarando firmemente, com um olhar de piedade talvez. Aquilo me comoveu. Ele sacou que ando com a sensibilidade aguçada e que seria incapaz de lhe tirar a vida. Soltei-o.

Fizemos um longo silêncio. Sai e fui buscar um esparadrapo pra remendar o pedaço da asa que tinha arrancado. Abri as janelas pro veneno sair, abanei todo o ar e correndo lhe trouxe um copo com água. Ele bebeu e começou a melhorar. Ficou me olhando novamente e sem dizer nada apontei-lhe a janela, antes que mudasse de idéia e o prendesse novamente.

Com muita dificuldade o gigante pernilongo se levantou e silenciosamente começou a bater as asas. Tava voando todo torto, meio manco. Coloquei um pequeno pedaço de esparadrapo, quase imperceptível, mas mesmo assim devia pesar muito.

Ao se aproximar da janela, ele se virou e encarou-me mais uma vez, segurando uma lágrima e acenou. Partiu, sem fazer nenhum zummmmm. Mesmo escuro consegui vê-lo tomar distância. As luzes da cidade me permitiam isso. Elas brilhavam mais nesta noite por causa da chuva que caia. Fiquei preocupado. Não sabia se sobreviveria por muito tempo naquele estado, mas pelo menos tava livre pra picar quem quisesse agora. Meu último dizer foi: “Võe em paz Jurema.”

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

UMA FORÇA AI

Bom, to caindo na estrada. Essa rapaziada que faz um trabalho pra lá de decente e tudo na raça ta precisando de uma força ai. Vamos nos juntar a essa campanha. Valeu!

CARTAZ CADEIRAnet

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

PANKADA

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Fazia tempo que eu não encarava um adversário tão forte. Acordei com a cara toda inchada. Foi loucura minha, admito. Andava destreinado, mas como tinham nos proposto essa luta há muito tempo, resolvi encarar. Não ia afinar nem fodendo.

Comecei soltando potentes jabs de direita, mas ele tava com a guarda muito fechada e não entrava nenhum. Senti uma pequena brecha e mandei o direto de esquerda, seguido de um cruzado e um upper. Ele se esquivou e começou a contragolpear. Demorou pra eu pegar o tempo de seus golpes e conseguir esquivar legal. Foi ai que tomei os primeiros. Quando percebi um belo de um cruzado vindo na direção do meu queixo, por pouco sai, deixando-o no vazio do ar. Ai acertei o rim e percebi que se curvou, mandei em sequencia e deve ter entrado pelo menos uma meia dúzia entre a linha de cintura e o nariz. O primeiro round foi todo assim, essa trocação ensandecida.

No segundo e no terceiro round, não foi muito diferente, mas como eu tava um pouco sem gás, não consegui fazer entrar mais bons golpes e fiquei só na defesa e contra ataque, pra mantê-lo longe e não ser tão surrado. A luta acabou sem nocaute. Senti que nos respeitamos. Era um adversário que já conhecia há algum tempo e sabemos bem dos nossos pontos fortes e fracos. Alguns momentos foram apelativos e demos golpes baixos acertando nossos pontos fracos, mas faz parte, quando estamos tão suscetíveis. Entendemos perfeitamente e não saímos bronqueados um com o outro. A luta durou quase 4 horas.

A conseqüência hoje de manhã foi quando me vi no espelho. To realmente inchadaço. Pra ser sincero, pensei que acordaria pior e com o rosto todo roxo, mas os anos de tantas lutas pelos menos serviram pra me dar uma pele de crocodilo. Nunca abri os supercílios, por exemplo. Absorvo bem os golpes. Claro, protejo bem a ponta do queixo, me preocupo muito com ele, porque sei que ali não precisa mais do que um belo upper de direita bem encaixado pra derrubar.

O que me deixou mais intrigado é que meu adversário batia muito no rosto e arriscava poucos golpes baixos. Não senti nenhum na linha de cintura e no tórax que me comprometesse. Em contrapartida, o primeiro que lhe dei no rim, o fez curvar. Senti sua pele dobrando sobre a minha luva. Agora! O mais estranho é que foi essa dor que começa no peito, bem em cima de onde fica o coração, e que reverbera até a barriga, foi quem me nocauteou hoje de manhã.

sábado, fevereiro 06, 2010

Litoral Norte

O Litoral Norte virou meu segundo lar, desde que descobri que é o melhor lugar pra se encontrar pererecas. Essa semana foi um troço doido. Deixei trabalho, computador, estudos, mulher, filhos, sobrinhos, bebida e a merda toda pra ficar ilhado por lá em companhia das pererecas mais sensacionais da face da terra. Claro, nem todas são tão interessantes assim. Sempre tem uma que vira a nossa cabeça. E a que fez isso comigo é essa aqui. Não me tenham por pornográfico, por favor. Mas desde que adquiri uma máquina legal, prometi a mim mesmo que jamais deixaria nada de bonito, passar despercebido às suas lentes. Tem algo mais bonito que pererecas? Foi uma espécie de amor a primeira vista. Não nos desgrudamos mais.

Pra não dizerem que penso apenas nisto, tem fotos das paisagens também. Não tinha mais espaço na máquina. Descarreguei e selecionei mais ou menos 1/3 somente pra poder postar, senão não faria nunca. Tava ansioso pra ver as imagens numa tela maior. São fotos de várias idas e vindas.

Numa revista de viagem, li uma pesquisa sobre as dez praias mais bonitas do Brasil. Entre elas tinham 3 do nosso litoral norte. A Almada de Ubatuba ficou em primeiro lugar. É realmente de tirar o fôlego o lugar.

É bom saber que nem se precisa ir tão longe pra encontrar uma natureza tão...

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