domingo, novembro 06, 2011

QUANDO COMEÇA A PRIMAVERA? SENDO QUE LONDRES NEM É TÃO LONGE ASSIM

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São quase meia-noite. Penso: As palavras me tem fugido.

Penso em tantas coisas mais, mas guardo estes obscenos pensamentos para depois entregá-los embalados em uma caixa 13X11 com um laço amarelo do tamanho dos cadarços da minha botina marrom.

Penso:

 

 

 

 

 

 

 

                      .

 

 

 

 

 

 

 

 

O que pensou você?

Só uma pequena manta de lã quadriculada tenta me salvar do vento gelado que entra por brechas da janela de frente pra uma avenida solitária durante a madrugada, onde o sol tem sempre o atrevimento de riscar os tacos mal encerados do chão de um quarto inóspito com o chegar da manhã.

Onde estão as flores? É primavera. Foram embora os tímidos raios do sol do outono. Os mais belos.

Penso em Londres. Penso em franco-brasileiras.

Pequenos flocos de neve devem congelar uma dessas pequenas francesas, de olhos azuis, perdida em alguma estrada sobre calçadas de ladrilhos com poste de luzes coloridas à east da cidade, do lado oposto de Notthingham.

Já vi no mapa Amèlie em sua casa tentando montar um imenso quebra-cabeça e desenhando flores com giz de cera, em imensas folhas de papéis, num bairro de infinitas casas da mesma cor, com o mesmo cheiro e textura, habitadas por eslovacos banguelos e imensos camundongos devoradores de tomate.

Corra Amèlie, corra... Pratique defesa pessoal. Meta-lhe os dedos em todos os olhos que ele tiver, mas evite os olhos do cu, senão seus dedos nunca mais terão esse cheiro parisiense e ainda por cima poderão cair.

É primavera aqui. Mas onde estão as flores? Estou me afogando numa forte chuva torrencial que o inverno deixou.

O cometa Halley riscou o céu, eu vi. Já tive lunetas, um planeta, fui amigo do Pequeno Príncipe. Tenho cinco dobermans que dormem no tapete poliéster do meu quarto. Tenho alguns rotweillers e não mais do que dez pitbuls.

Tenho sonhos e vassouras. Tenho até amigos que já viveram em Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Plutão.

Ah, também tenho me alimentado com peixe fresco comprado a preço de banana em imensos mercadões de cereais. Eu como filé de pescada e por lá comem-se deliciosos salmões assados com legumes.

Nada me deixa bravo, mas odeio mentirosos.

Não consigo mentir enquanto escrevo.

Ah, o teu sorriso. Como poderia não falar dele?

Mas e as flores? É primavera, não é?

Estão escondendo o prédio de alumínio que eu via aqui da minha janela e que o Minduim, pobre macaco, não tirava os olhos. Mas o que tem a ver o cu com as calças?

Estão escondendo tudo. Não ouço mais aquelas canções antigas de Buenos Aires. A manivela da minha vitrola, parou de rodar.

Avisto uma tesoura em sua mão e um olhar tenso de frente pro espelho.

Uma almofada recebe pedaços de finos fios de cabelo. Um a um. Enquanto em sua testa uma espécie de arco-íris de cabeça pra baixo vai surgindo. Todos da mesma cor.

E lembro sempre de alguém quando o caminhão de gás passa tocando aquela repetitiva música infernal de Beethoven, que para os meus ouvidos soam docemente.

E quando a lua aparece com o seu brilho eu me jogo sobre cartões postais perfumados, de ônibus vermelhos de dois andares, ou de típicas cabines telefônicas londrinas.

E é com seu guarda-chuva cor-de-rosa que ela coloca correspondências numa caixa dos correios bem ao lado de onde mora. Pisa em nuvens. E sussurra canções francesas. Aquelas mesmo que mais tenho gostado de ouvir. Sonho com isso todas as noites.

É primavera, não é?

Algum dia será. Todos os dias são. E serão!

Pra mim...

 

 

 

 

 

                   

 

 

 

 

 

 

Pra você...

E mais uma vez o espaço em branco e sem ponto nenhum. Desta vez é proposital.

Por que?

domingo, agosto 21, 2011

A saga de Bob continua

 

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Rose: Você é muito calado. Eu não sei nada sobre você.

Bob:  Adoraria ajudá-la se eu também soubesse algo sobre mim.

Rose: Não é isso que quero dizer. Não sei sua história, de onde veio, nada.

Bob:  Nada disto me interessa. Já foi.

Rose: A mim interessa.

Bob:  Eu escrevo, não preciso ser redundante contando tudo.

Rose: Mas você nunca diz a verdade.

Bob:  Algum dia alguém já disse alguma verdade?

sexta-feira, agosto 19, 2011

Rose x Bob

Apesar de não ter nenhum dente na boca, meu amigo Bob é um gênio.

segunda-feira, agosto 15, 2011

Rose x Bob

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Rose: Quando eu sumir da sua vida, você vai sentir falta.

Bob: Como pode ter tanta certeza? Eu me treinei a não sentir falta de ninguém. Tenho sentido falta de mim e só. Há dez anos sai a procura do tão sonhado Jardim do Éden e me perdi pelo caminho. Ainda não o encontrei. Agora não tem mais como voltar. Deixei-me pra trás, porque encontrá-lo virou uma obssessão. Deixei tudo pra trás na verdade e por isso sinto falta de mim.

sábado, agosto 13, 2011

Toc… Toc…

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Tem alguém ai?

terça-feira, julho 05, 2011

O JARDIM DA CIA HIATO

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Essa foto eu tunguei do site da companhia e não sei a quem devo atribuir o crédito. Se alguém souber… por favor…

“O ARTISTA É SEMPRE UM SERVIDOR”.

“O artista que não tenta buscar a verdade absoluta, que ignora os objetivos universais em nome de coisas secundárias, não passa de um oportunista. O trabalho de um artista só se justifica quando é crucial para a sua vida: quando não é uma ocupação passageira, mas sim a única forma de existência para o seu ‘eu’ reprodutor.”

Esses são trechos extraídos do livro “Esculpir o Tempo” do cineasta russo Andrei Tarkovski. E eu tenho a cara de pau de tomá-los emprestados, neste momento, sem sua concessão, óbvio, enquanto não encontro melhores palavras pra falar sobre a grandiosa Cia Hiato, em particular sobre seu último trabalho. O Jardim.

Mas antes de falar especificamente sobre o trabalho, falo um pouco da companhia e as impressões que me causam.

Hiato é uma companhia relativamente nova, formada por jovens que entenderam perfeitamente a lição do mestre Tarkovski, no meu ponto de vista.

Nem sei se eles tiveram acesso a essas suas palavras, pelo menos, quando se propuseram montar a companhia. E nem sei se realmente tiveram algo a aprender, e isto é o que menos importa neste contexto, porque, creio eu, que um artista não é um produto, não se fabrica, não se pode formá-lo, como é o caso do ator, diretor, dramaturgo e seus similares. A arte no seu âmago, não se ensina e o artista não tem o que “aprender”. Ele é e ponto.

Faço-me entender melhor. Um ator, diretor, escritor, desenhista, músico e o que quer que seja, pode-se ensinar, “adestrar”, mas um artista não.

Existem diversas escolas de formação para as profissões citadas, mas não existe escola que crie um artista. O ser já nasce assim, suponho. É um estado de espírito e desde muito cedo, de alguma maneira, ele percebe que tem uma “missão”. A missão de servir, de transformar, sem esperar nada em troca como um legítimo franciscano, que abre mão de sua vida, por opção, para se dedicar ao outro.

Tarkovski acertou na mosca dizendo que o artista é um servidor. (Notem que insisto nisso o tempo todo e insistirei até o final desse texto.) Ele está aqui para servir e nem sei se ele tem plena consciência disto. O artista não julga, não compara, não se sente especial, apenas é e apenas faz. E sua arte é proveniente, dentre tantas outras coisas, da sua inquietação, da sua crença utópica?... Ou não?... De transformação.

Assim entendo a arte e não entendo, porque nós “artistas”-operários nos sentimos tão especiais e diferentes com as realizações dos nossos trabalhos.

E sentir-se “especial” tem um pouco a ver apenas com os profissionais da “arte”, aqueles que não são necessariamente artistas, pois apenas exercem seu ofício, cumprindo-o como o dever de casa e muitas vezes muito bem cumprido. Eles apenas nos fazem rir ou chorar e nada mais além disto. E não estou dizendo que isto não é bom, apenas comparando para me fazer compreendido.

Entendam, não estamos fazendo nada demais. Não estamos fazendo mais do que nossas obrigações. É isso que tem que ficar claro. Não somos especiais.

O artista renunciou teu ego, se é que um dia já teve. Apenas serve o próximo. Não entendo a arrogância de alguns e neste alguns e também sobre tudo o que discursei nos parágrafos finais desta primeira parte, obviamente, não me excluo disto, como podem notar. Aliás, respondo apenas por mim. Sou um “ator”.

Mas ao assistir trabalhos como este, entro em conflito, principalmente em relação ao que penso sobre o assunto. Sobre a utopia da arte.

A “arte” infelizmente está elitizada e por isso soa-me utópica.

A CIA

Meu primeiro contato com o trabalho da companhia foi em 2008/2009, não lembro exatamente. Mas lembro que alguns amigos comentavam sobre uma peça em cartaz na praça Roosevelt em São Paulo. Eu tava meio sem ânimo pra assistir teatro e qualquer outra coisa. Então me disseram pra ir ver “Cachorro Morto”. Fui sem expectativa nenhuma, ainda mais quando soube sobre o que se tratava. Uma investigação sobre portadores da Síndrome de Asperger, que é um nível mais baixo de autismo, superficialmente falando. O tema é interessante, pensei. Mas pensei também: Lá vem mais um grupo querendo falar de coisas das quais não tem a mínima noção.

Caralho! Estrepei-me quando sai da sala. Fiquei pasmo. Pois eles tinham propriedade total sobre o assunto e o tratavam de uma maneira muito delicada, peculiar e respeitosa. Toma bobão! Voltei pra casa em silêncio, pensando muito naquilo. Recomendei a amigos e os que foram partilharam da mesma opinião.

No ano seguinte, ouvia algumas pessoas falando sobre o tal “Escuro”, quando só depois me dei conta de que era a mesma companhia de Cachorro Morto. Resolvi assistir. Era a última semana lá no TUSP. E o mote desta vez era “o campeonato de natação de cegos, surdos e mudos da cidade de Arujá.” O que? – Pensei de novo.

- “Caralho, como penso. E como falo caralho”.

A peça acabou e mal consegui me levantar da cadeira. Tremia. Fui embora com a sensação de que tinha acabado de assistir um dos melhores trabalhos dos últimos tempos, se não, o melhor. E o melhor não é em comparação a nenhum outro. É o melhor pra minha pessoa. Que me fez bem e me pegou de um jeito, que... sei lá. Outra pesquisa incrível sobre o assunto. Os atores dominavam a linguagem de surdos e mudos e se não bastasse, de surdos e mudos cegos que é mais foda ainda.

Tudo muito detalhado e limpo. A direção de Leonardo Moreira impecável. Bem cuidada, um acabamento fora do comum. E realmente, os caras não estavam pra brincadeira. O grande respeito e o amplo conhecimento sobre o tema tratado estavam acima de qualquer expectativa mais uma vez. Tanto que no ano seguinte não me espantou nenhum pouco a quantidade de indicações que receberam ao prêmio Shell. Passei o resto do ano falando só sobre o trabalho. Torcendo pra que voltassem e amigos pudessem assistir.

E agora finalmente, consegui assistir O Jardim.

Desde o surgimento desta companhia, é isto que vejo em suas obras. A inquietude de jovens artistas, sem a pretensão de sê-lo.

Eles entendem que o artista é um servidor e por isso nos presenteiam com tanta qualidade humana. A companhia consegue transcender o simples papel do operário “artista”.

Hoje em dia a parada está tão banalizada que aposto que se eu for até o poupa tempo consigo tirar o DRT na hora (documento necessário para a legalização do trabalho do ator, diretor e outros) e ser um ator, diretor. Mas jamais serei um artista.

A Cia Hiato tem andado contra o fluxo. Realizam seus trabalhos muito bem alicerçados com pesquisas instigantes.

O JARDIM, até que enfim.

Após assistir O Jardim, o trabalho mais recente da companhia. Sai sentindo muito bem novamente. Uma sensação de leveza, transformação. Alma lavada.

Um trabalho profundo de investigação da alma humana, nada diferente dos anteriores neste aspecto.

Há muito tempo não me sentia tão especial e tão respeitado.

A direção da peça é mais uma vez certeira porque além de despretensiosamente bem sacada é invisível. Não tem grandes “experimentos”, mas é totalmente inovadora, porque mergulha na questão proposta. É isso que to tentando dizer até agora sobre os trabalhos anteriores. Ela nos serve. Está ao nosso serviço. Não quer ser complexa, apenas clara, o que possibilita o acesso a qualquer tipo de público. Toca a todos. Fala de indivíduos e suas particularidades, mas ao mesmo tempo fala de todos nós. O inconsciente coletivo.

Assim também estão os atores, que gentilmente emprestam seus próprios nomes aos personagens e o mais interessante é que em momento algum os vemos em cena e somente vemos os personagens, pois eles eximem suas vaidades e se entregam ao papel. Estão invisíveis. Não estão preocupados em mostrar o quão talentosos, técnicos etc são. Servem aos seus personagens, que consequentemente estão nos servindo.

Eu que há muito tempo estava desacreditando da função catártica e de transformação da arte, volto agora a ter alguma esperança.

Volto a dizer que contaminamos a arte com o nosso ego e ela, tornou-se utópica, elitizada, incapaz de nos proporcionar qualquer tipo de transformação.

Sai daquela sala sentindo-me grande. Os atores durante os aplausos sorriam singelamente, parecendo que nos agradeciam por termos lhes dado a oportunidade de poder partilhar aquele momento especial com eles.

E com a dedicação que tem ao trabalho, nota-se claramente que cada apresentação é muito especial. O trabalho é especial. Um trabalho sobre “memória” que teve como ponto de partida, a história particular de vida de cada integrante da companhia.

Pareciam extremamente felizes por aquele momento e porque logo em seguida repetiriam a seção. (Fui na semana em que estavam fazendo duas apresentações, uma seguida da outra.)

A genealidade de uma obra de arte é quando a forma é apenas conseqüência da sua verticalidade. A estética acontece por necessidade. Como é o caso deste trabalho muito bem cuidado.

Ideias todos temos. Estamos cheios de referências, mas o mergulho, a verticalidade, parece que temos sempre medo de atingir, pois não sabemos o que pode sair do buraco se este for cavado tão fundo.

A peça nos devolve o sentido à vida.

Voltei pra casa com lágrimas nos olhos, mas muito feliz por ter presenciado um momento como este e me sentido tão respeitado. Foi um presente.

E que fique bem claro, não sou amigo de ninguém da companhia e infelizmente não os conheço pessoalmente. Não sou crítico, escritor e porra nenhuma, mas gosto de expelir palavras em folhas em branco, quando me sinto estimulado a isso. E neste caso...

Não deixem de ver. Só não sei quando e nem onde agora. Pois já cumpriram temporada em SP e agora estão indo pro RJ.

Vida longa à Cia!

domingo, junho 19, 2011

BLOG AMIGO

Ó AMIGO BLOG.

SAUDADE DE VOCÊ.

segunda-feira, junho 13, 2011

COM O CU VIRADO PRA LUA

Uma mulher mal-encarada, antipática e muito, muito feia, entra numa loja com duas crianças. O gerente da loja, querendo ser gentil, pergunta para a mulher:
- São gêmeos?
A mulher, fazendo uma cara de poucos amigos e, ficando ainda mais feia, diz:
- Não, paspalho!!! O mais velho tem 9 e o mais novo tem 7 anos. Porque?! Você, realmente acha eles parecidos, seu idiota?
- Não, absolutamente. É que eu só não posso acreditar que alguém tenha comido a senhora duas vezes!

terça-feira, junho 07, 2011

MAFFEI

Fui visitar, na UTI, o meu vizinho,  japonês, vítima de grave acidente  automobilístico.
Estava entubado,  olhos fechados, totalmente imóvel.
Em pé na  beira da cama, vendo ele sereno, repousando com todos aqueles tubos, fiz  uma oração silenciosa!
Em dado momento,  repentinamente ele acordou, arregalou os olhos e gritou:  
- "Sanso no hoso kara ashi o tote kure  konoyaro!!!" Suspirou e morreu.
As últimas palavras do amigo  ficaram gravadas na minha cabeça!!
Na missa de sétimo  dia, fui dar os pêsames à mãe do amigo:
- 'Dona  Fumiko, o Sujiro, antes de morrer, me disse esta  palavras:
"Sanso no hoso kara ashi  o tote  kure konoyaro". O que isso quer dizer?'
Dona  Fumiko me olhou espantada e traduziu:


- "TIRE O PÉ DA MANGUEIRINHA DE  OXIGÊNIO, FILHO DA PUTA"!

sexta-feira, maio 13, 2011

A HISTÓRIA DE TODOS NÓS

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Até que enfim consegui ver o filme Vips.

Se tem um cara com quem trabalhei um dia e nunca me esqueço é o diretor, Toniko Melo.

A ocasião foi em um filme publicitário produzido pela O2, onde me colocaram pra carregar a réplica de um piano, por mais de oito horas por dia, durante três dias e que pesava no mínimo uns trinta quilos. Foi foda.

Apesar de ter uma baita duma massagista maravilhosa, que mais animava meus hormônios, do que aliviava minha dor, eu sai de lá praguejando aquele diretor que me fazia repetir diversas vezes a mesma cena e tudo por causa de mínimos detalhes técnicos que só ele e mais ninguém detectava. É claro que depois de ver o resultado, calei minha bronca e entendi-o. Quer dizer...

Mas entendi tudo muito melhor no final da sessão desta semana. O ritmo alucinante do filme, é uma grande sacada e quase que uma novidade. Novidade, porque é algo que acredito e pouco vejo, nada comum. Vem apoiado exatamente nos pequenos detalhes, imperceptíveis para tantos. E isto faz com que a gente não despregue os olhos da tela por nem um instante. Está tudo no lugar. Cada elemento faz parte e acrescenta à história. É tudo muito bem construído e amarrado. Uma finalização quase rara no cinema nacional. E olha que nunca atentei-me muito a isso, mas o capricho é tão grande que não teria como deixar passar batido.

Não à toa Toniko é um dos maiores diretores publicitários do nosso país e isso no cinema soou como um mérito e o que na minha opinião, coloca-o na mesma posição nesta sua nova carreira. Vê-se de imediato o quão promissor ele é na sétima arte.

Optaram, por uma narrativa simples e linear, outro mérito, quando se diz respeito à contar, em particular, a história de alguém. E o que faz o filme agradar o grande público não é a forma pela qual optaram em conduzi-lo, pois dizem por ai que esta estrutura cinematográfica simples e linear é construída exatamente pra isso. Grandes críticos sempre na busca do que dizer, acabam caindo em suas armadilhas igualmente clichês.

A arte é “libertadora” e por isso nos oferece infinitas possibilidades de acessos e construções. E mais do que um filme comercial, porque não propõe só o entretenimento. É sobretudo artístico, apesar de todo bem feito e bonito, consegue nos fazer refletir e ainda é preenchido com críticas, provocações sobre a fútil sociedade extremamente consumista. Mais do que a história de um mentiroso, ou qualquer outra coisa, ele fala sobre a história de um sonhador e é por isso que pega. Desafia-nos. Quantos sonhos temos guardados em gavetas?

Marcelo que também tem tantos outros nomes, pra realizar teu sonho não se põe limite. Vai além do que imagina ser capaz, mas que de alguma forma sempre soube que poderia um dia chegar. É óbvio que de praxe, em algum momento se perderia. Crise de identidade. E quem de nós sabemos quem somos na realidade? O cara permitiu-se a ir além. Arriscou e por isso talvez, tantos conflitos. Mas não se deixou vencer por isso. O filme é construído sobre arquétipos e por isso tem essa grandeza e tanta identificação.

Fala-se muito sobre Wagner Moura. Sem sombras de dúvidas, o cara está espetacular. Não é por acaso, que vem sendo considerado o ator do momento, mas o elenco todo está a altura. Vê-se uma grande homogeneidade. Ninguém muito além e muito menos aquém e, isto, sem sombras de dúvidas, em grande parte, é também mérito desta precisa direção. Mais surpreendente do que o protagonista, pra mim, é o diretor.

Vips é tocante e é sem sombra de dúvidas, a história de todos nós.

RACIOCÍNIO LÓGICO

Na aula  de Biologia, o professor  expõe uma teoria.
Quatro  lombrigas são colocadas em quatro tubos de ensaio  separados:

A primeira  lombriga em álcool;
A segunda lombriga em fumo de cigarro;
A  terceira em esperma;
A quarta em terra natural.
No dia seguinte  o professor mostra aos alunos o resultado:
A  primeira lombriga, em álcool, está morta;
A segunda, no fumo do  cigarro, está morta;
A terceira, em esperma, está morta;
A quarta,  em terra natural, é a única viva e saudável.
O professor comenta  que é bastante nítido o que é prejudicial e pergunta à  classe:
- O que  podemos aprender desta experiência ?
De pronto, responde  Joãozinho:

- Quem bebe, fuma e trepa não tem lombriga!

sábado, maio 07, 2011

FELIZ DIA DAS MÃES

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Amanhã, oito de maio de dois mil e onze, é dia das mães. Não ligo pra data nenhuma. Natal, aniversário, carnaval, dia dos pais, das crianças, réveillon e essas porcariadas todas. Mas dias das mães pra mim é sagrado. Primeiro porque tenho uma mãe e tanto e sei que ela se importa com este dia. Importa-se com meu abraço, telefonema etc.

Lembro muito bem quando eu fazia aquelas lembrancinhas na escola e depois levava pra ela. Era o máximo que eu podia dar. Era um moleque vadio e ainda por cima bem pobre. Eu escondia e só entregava no domingo mesmo. Óbvio que ela sabia que eu iria fazer uma surpresa, porque todo ano era igual. E ela fingia muito bem que acreditava. Ela gostava, chorava e se emocionava pra valer. Eu não tinha noção. Achava que aqueles presentes feitos de papel e sucata eram um puta presente e pra ela era mesmo.

Eu entendi depois de adulto porque aquilo significava tanto. Ela perdeu a mãe com doze anos e nunca conseguiu fazer surpresas pra ela. Depois ela me teve e me ter foi uma fuga pra sua solidão e a realização de um sonho. Soa como egoísmo. Mas graças a isso estou aqui, às vezes escrevendo um punhado de coisas sem sentido nenhum neste blog. Às vezes tento acertar com ela, mas nem sempre dou conta.

Nunca vi a cara do maluco que embuchou minha velha. Ela sozinha deu um duro danado pra que eu não ficasse sem rango. Ela me contou que chegamos a dormir na rua, em construções etc. E me dava água com açúcar porque o leite materno tinha secado. Ela nem tinha o que comer direito, mas não me deixava sem. Depois casou com um japa que nunca foi muito com a minha cara, mas ele cuidou dela e hoje a gente até que se entende e gosto dele.

Bom, e segundo porque ser mãe, na minha intrometida opinião é uma dádiva, um privilégio que nós homens jamais teremos. É foda e por isso também faço tanta questão desta data.

Eu sai de casa com quatorze anos pra tentar me ajeitar na vida, arrumar uma grana e cuidar dela. Ainda não consegui e isto me frustra pra cacete. Mas é isto que me faz continuar tentando. É daí que tiro toda força pra seguir a cada dia.

Este ano passei dias de angústias e chorava calado aqui no meu quarto. Ela está numa região bem próxima da região onde ocorreram todas aquelas catástrofes na terra do sol. Ela ficou incomunicável por duas semanas e eu sem dormir esses dias todos. Eu não sabia o que tinha acontecido com ela. Isso doía um bocado. Tive notícias semanas depois, mas mesmo assim não conseguia vencer a angústia. Eu sentia um desespero em sua voz quando me ligava, mesmo querendo se passar por tranqüila. Eu acompanhava as notícias e via que as coisas estavam realmente se amenizando, mas tinha e tem a porra da radiação. Isso era um sufoco danado. O carma. Agora ta tudo em ordem. Pelo menos é o que parece. As notícias sobre Osama tomaram conta dos jornais.

A merda é que não vou poder passar o dia das mães ao seu lado este ano e nem sei se vamos conseguir nos falar. É ruim. Não consigo ligar pra lá.

Ela não precisaria passar por nada disto se as coisas já tivessem dado certo Por aqui. Ela ta lá no Japão tentando ganhar uma grana com o japonês que vive perdendo tudo em jogo. Eu gosto dele de verdade, mas fico puto quando ele apronta essas merdas e a minha pobre velhinha acaba pagando o pato junto. Pobre velhinha mesmo. Ta com quase sessenta e ainda rala naquela rotina de trabalho insano daquele país.

Acho que às vezes ela da uma fuçada no meu blog, mas eu não gosto. Não escrevo coisas que a agradem aqui. Isso me priva um pouco. Dei um tempo de escrever aqui por isso também. E ela nesta loucura toda deve ter desistido de lê-lo e nem sei se ela vai ler isto. Não me interessa. Resolvi escrever porque amo demais essa velha e porque meu olhos se encheram de lágrimas quando reli o texto que escrevi do último dia das mães que passamos juntos aqui no meu apartamento. Foi bem incrível.

Isso me fez lembrar da infância, da porra da inocência perdida. Dos dias nos parques, no circo, do algodão doce no zoológico, das pipocas e doces de amendoim nas festas juninas da escola e da vila. Da casa cheia de alegria e as festinhas de aniversário surpresa e as que a gente ajudava preparar. Ela adorava isso. Do meu mau humor por causa do sertanejo dela no talo. Daqueles poucos anos que vivi com ela. Das surras que eu levava na rua e dela me defendendo com unhas e dentes. Das surras até marcar que ela me dava com uma varinha do pé de amora. Eu tentando defendê-la de uma briga com o japonês, com uma espada de plástico que eu havia acabado de ganhar. Porra, nunca mais vai voltar. Eu paro por aqui. Tem algo entalado na garganta.

E desejo a todas as mães um Feliz dia das mães com seus filhos. Aproveitem pra cacete!

Amo você minha coroa.

E este é o texto que escrevi em sua homenagem no último dia das mães que passamos juntos.

 

ESTA COROA VALE OURO

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Minha mãe passou os dias das mães aqui em casa comigo. Fui mais presenteado do que a presenteei. Desde moleque sempre ficamos muito distantes. Coisas da vida. Enquanto ela ia tentando acertar a vida eu morava com uns tios e tudo mais. Ela casou e já me tinha. A família do seu novo marido não aceitava muito a situação. Então pro negócio ir se alinhando, eu passei uma parte da infância em Taubaté com suas irmãs. Devo ter ido morar definitivamente com ela aos cinco ou seis anos de idade.

Com 14 anos eu já tinha decidido morar fora pra estudar em outra cidade. Fui. Quando me formei, ela foi morar fora do país com o marido e o outro filho. Dai em diante, conseguimos nos ver vez ou outra. Eu continuei rodando e hoje estou em São Paulo. Há quase 10 anos. Vida nômade. Quase 15 anos se passaram e ela está de volta. E sempre que pode vem ficar uns dias comigo pra fugir da rotina interiorana, casamento saturado etc. E ter a companhia um do outro.

É emocionalmente desequilibrada, mas é a pessoa mais figura que conheço. No café da manhã já abre logo uma latinha de cerveja e só pára pouco antes de dormir. Nem comida ela bota pra baixo. Não sei como consegue. Fuma que nem um gambá. Acho que o organismo dela já está invulnerável.

Mês retrasado veio pra passar um dia comigo e acabou passando sete. Veio só com a famosa bolsa de mulher. Sem roupa nenhuma. Pegou meus moletons emprestados e tudo mais. Sou bem maior do que ela. Ficava parecendo vocalista de Hip-Hop nas minhas roupas. Andando pelo quarteirão encontrou umas coisas baratas e descartáveis pra vestir e assim foi.

Acordava cedo, preparava o almoço, pegava uma cerveja e descia. Sentava na frente do prédio com o Jair. O Jair é um cara legal que vem todos os dias pra cá. É aleijado das pernas. Nasceu assim. Todos da região estão acostumados com ele. O pessoal passa, o cumprimenta, bate um papo e deixa uma moeda. Sujeito alto astral pra caramba. Carismático. Minha mãe pagava umas brejas pra ele e ficavam lá a tarde toda dando risadas.

A coroa estudou pouco na vida, mas é capaz de fazer qualquer um rir. Quando exagera na bebida fica um pouco pedante e agressiva. É de longe a pessoa mais acolhedora que conheci até hoje.

Tinha acabado de tirar a carta de motorista. Eu devia ter uns 9 anos. Moravamos em Campinas. Ela me acordou de madrugada chorando. Encheu o carro de comida e cobertor. Era uma noite de inverno. E me fez ir com ela até o Taquaral um parque parecido com o Ibirapuera, pra deixar aquelas coisas pra uns moleques que ela tinha conhecido na rua naquele dia. Quando os viu jogado na calçada, começou a chorar, os abraçou, cobriu-os com os cobertores, deixou comida, falou um pouco e quando eles voltaram a dormir, partimos. E aquilo nunca mais saiu da minha cabeça. E muita coisa em mim mudou por causa disso. Ela deve ter lembrado a infância dura que teve na rua. Ficou órfã total com 13 anos e dai teve que se virar. Passou fome e a merda toda.

Não quer que ninguém passe pelo que passou. Não me assusta o seu desequilibrio emocional, mas tem hora que é foda de aguentar. Apesar de tudo, é a pessoa mais especial da minha vida. A única coisa que quero é que ela dure muitos anos ainda, pra eu poder de alguma forma retribuir a tudo que já me fez. Pra eu poder ter sua companhia sempre por perto. Porque até que enfim agora vamos conseguir passar mais tempo juntos.

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Este é o Jair!

quinta-feira, maio 05, 2011

VIVALDI TIROU-NOS DO PRECIPICIO

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Enquanto Vivaldi toca em minha vitrola, eu arrisco algumas palavras pra uma nova história.

E penso naqueles dias tristes

Em pedras de gelo derretendo em nossos copos de Logan comprado no Shopping China em Pedro Juan Caballero no Paraguai.

Frio do caralho.

Fechei a janela e o frio continua.

As pontas dos meus dedos estão duras.

Escrevo

Ó felizes dias

Ó felizes noites

Ó a puta que te pariu

Na extinta zona Franca de Manaus.

Enquanto Vivaldi toca em minha vitrola, em algum outro canto da inóspita cidade ela abre uma garrafa de Jack Daniels, enquanto comete suicidio ouvindo alguma daquelas merdas nacionais.

terça-feira, abril 26, 2011

ESPERA

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No fundo você espera que o telefone toque, que batam à sua porta, ou apertem a sua campanhia. No fundo a gente sempre espera alguém, inventa coisas e cria histórias. E quando olhamos pela janela e não encontramos nada... no outro dia, ficamos com medo de abri-la novamente, porque entra um vento gelado carregado de lastimosas lembranças e o inverno chega com seu forte clima nostálgico.

E lá no fundo, bem no fundo a gente fica torcendo por um boa noite dela, pra depois nos deitarmos numa cama fria sob quentes cobertores e esperar que o sono chegue logo com os sonhos. Talvez a única esperança.

Mas no fundo mesmo queríamos estar tomando chocolate quente na frente de uma boa fogueira, com a cabeça no colo de nossas mães, ouvindo teus contos enquanto procuramos um final para os nossos. E todos os dias a gente corre olhar debaixo da porta esperando chegar alguma carta. Até mesmo uma carta vazia, só o envelope se possível, com o nosso endereço escrito com letras de mão. E no fundo, no fundo... (um breve silêncio)... são tantas coisas que prefiro mesmo me calar... até o dia em que a vida realmente... (deixa pra lá, apertem o reset e tudo se inicia do zero). Eu não sei, mas no fundo, no fundo... acho que gostaria de saber... merda nenhuma.

sábado, abril 16, 2011

MAIS UMA VEZ HORÁRIO NOBRE

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Camilo mandou mais um belo texto sobre a peça. E hoje é a última apresentação do mês lá no espaço e depois a peça segue em algumas viagens. Não percam. Às 20h, no Ponto de Cultura Garapa, na rua D. Pedro II, 1313, atrás do terminal central. Os ingressos são limitados. Então façam sua reserva pelo telefone (19) 3377 2001

Teatro de Plínio?

(sobre a peça Horário Nobre)

Plínio Marcos era um dramaturgo da era obscura da política brasileira, dos tempos que sabiamente saíram das datas comemorativas de 31 de março, posta na tal para evitar o golpe do riso de primeiro de abril de 1964, em que as “otoridades” de então lançaram o país no atraso. Numa época de censura em que era proibido se reunir, debater, (nessa época até reuniões políticas se faziam às escondidas ou em alguma comunidade eclesial) o seu teatro era a forma de mostrar o reflexo nefasto na vida das pessoas, como na “Quando as máquinas param”. Forte crítica social ao desemprego e seus reflexos na vida da família – após a peça, o debate, mesmo em casa, era inevitável. As pessoas se defrontavam com problemas reais e de sobrevivência. Como o governo da época se dava ao luxo da violência, o teatro de Plínio era mais uma amostragem doméstica, uma valvulazinha neurótica.

Horário Nobre surge neste ano de 2011, com um viés semelhante – chocar e provocar a reflexão. Peça muito bem escrita, montada e dirigida por Paulo Faria e encenada por Charles Mariano e Bruno Agulhari. Passa toda ela num quarto de pensão de terceira categoria, num lugar horrível de nosso inconsciente – em algum lugar do presente com algum analfabeto ou alfabetizado desempregado; a falta de higiene e bem-estar, as discussões de Zé com Rato sobre uma televisão que este roubou ou comprou com o dinheiro da dispensa do trabalho dão o tom de uma realidade imediata de Rato, a TV; e a visão sonhadora de Zé, melhorar de vida.

Onde está a nobreza de suas vidas, o título Horário Nobre foca o horário esnobe de algumas novelas em que o cenário montado é imitação de casas luxuosas da classe rica e o glamour de suas vidas, em que os problemas domésticos é de alguém que entra em depressão porque quebrou a unha ou o namorado morreu ao decolar de seu aviãozinho particular, ou uma doença que parece que só ataca ricos como câncer, ou um caso de algum jovem que está assumindo a homossexualidade (agora virou moda e é até chique novelas defenderem algumas bandeiras, dá mais audiência), é a vida de pessoas de sucesso e seus problemas, mas o povo quer ver e sonhar, talvez até imitar ou saber que pode repetir no seu mundo – também querem ser pessoas de sucessos, ter avião particular, lindas esposas, carrões e esses probleminhas para chorar essas lágrimas solidárias.

Rato, vai montando seu quebra-cabeças e desmontando a qualquer momento de sua demência obcessiva, este pode num momento fazer um gesto de amor e noutro matar o amado, mas na TV está o acesso ao mundo, às mulheres bonitas, aos carrões, à vida “real” da sociedade (pensa).

Bem, se você não quer perder a novela, não assista ao Horário Nobre de Paulo Faria; todavia, o que vai passar hoje? A dúvida atormenta, mas a Vida não é a simples lógica e no bar da esquina ou na igreja da matriz tudo pode acontecer, até aquilo que não acontece e o Nada deixa dá um tempo para pensar. Se fecharmos a mente como o Zé vamos viver alienados, se sonharmos como o Rato, podemos estar mortos num momento qualquer. E se... desculpe-me, se não queria ler este texto, paciência, já leu...

Camilo Irineu Quartarollo

terça-feira, abril 05, 2011

Eu, a Land Rover e, você? Na Africa do Sul

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Ok baby! Eu sei que chove forte lá fora. Eu não tenho carro pra te levar pra um passeio nesse domingo entediante, mas tenho uma mountain bike em ótimo estado que ganhei de um amigo “velho”. Tenho dois pares de patins rollers e podemos patinar quando o sol sair. Por favor, baby não ria se eu cair, pois estarei tentando te impressionar com alguns giros que vi numa revista sobre o assunto. Não me importo se eu me machucar. O que eu quero mesmo é te agradar. Porra, rimou, mas juro que não foi de propósito.

Ei baby. Você tem sua bike? A gente pode ir de um lugar pro outro com ela. Eu e você. Debaixo da chuva, com nossos walkmans no máximo volume. E se você não tiver, eu arrumo uma da minha irmãzinha. É uma Ceci rosa, bem clichê e ela sempre carrega flores no cesto. Mais clichê ainda. Mas foda-se. A gente nem vai lembrar disto quando estivermos sobre elas em alguma estrada a oeste do país.

Não, eu não quero uma carona. Essa longa caminhada faz parte da minha rotina diária de treinos. Tomei muito sorvete de flocos nas férias. Agora preciso emagrecer. Minha barriga ta fora do calção.

Olha, vou ligar o rádio aqui e deixar uma canção tocar. Pode ser aquela? Aquela que você tanto gosta? “Don´t Cry Baby” de Madeleine Peyroux. To tentando deixar fluir essas palavras da mesma maneira que ela canta essa bela música, mas não tenho talento com as letras e muito menos com a melodia. Mas é bonita e sempre lembro de nós dois.

Ah, você nunca mais me ligou. Eu chorei várias vezes. Como é que ta ai? Sabe no que ando pensando? Isso mesmo. Eu sabia que você saberia.

Eu queria saber compor boas canções de amor. Mas eu não sei. E também não me sinto um fracasso por isso. Não fico nem triste. Quero ser como todo mundo que declama poemas melados pras suas garotas bundudas. Mas tocaria todos os dias, se eu soubesse, muitas canções no antigo violão.

Ok baby! Vamos dar uma trégua. Ando ouvindo muito blues Mississipi e por isso te chamo assim. Não tenho uma Land Rover, mas vou te levar pra selva. Não tenho nenhum teco-teco, mas vamos chegar ao céu, passear por Machu Pichu, Honolu e nadar com tubarões brancos no Caribe. Ahhhh baby. O que mais poderia dizer pra te fazer sorrir? O que mais tem debaixo dos panos? Por que não olha pra mim? Fiquei feliz em te reencontrar. E agora to bem. Sempre quis escrever algo assim. Sei que é uma merda, mas sempre quis. Pelo menos agora vou dormir bem!

segunda-feira, março 28, 2011

SOBRE A ESTREIA por CAMILO IRINEU

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Sábado rolou a estreia da peça Horário Nobre em Piracicaba. Fiquei surpreso com o resultado, pois era um texto que eu já tinha desistido e não botava muita fé. A rapaziada deu uma vida legal pra ele. Determinados pra cacete, montamos a peça toda em pouco mais de um mês e cinco ensaios comigo. Superou minhas expectativas. Conseguimos o proposto. Fazer os cinquenta minutos sem trilha e sem iluminação. Só os dois atores e nada mais. To feliz.

E o amigo e grande escritor piracicabano a quem admiro muito, Camilo Irineu esteve lá nos prestigiando e escreveu sobre a peça.

Já estou com o seu novo livro no meu monte e ansioso pra lê-lo. “O Seminário.”

Por Camilo

Vi no ponto de cultura Garapa qui em Pira.
O Charles comentou de eu escrever sobre a peça, mas ainda estou um pouco atônito pelo realismo da mesma. É assim que ocorre na miséria humana (Deus queira sejamos poupados). Deve dar um medinho na plateia ou horror, ou aversão, aqueles dois cidadãos neurotizados pela miséria. É para fazer pensar ou não pensar? Pensar, quem se acostuma com isso? Mostra a face sórdida do capitalismo de competição, a TV era a única fantasia, o único elo com o mundo e ela estava desligada, quebrada.


Os diálogos muitos bons e próprios do gênero. Como os conheço e lhes tenho amizade, me preocupou o desgaste em cena, imagine-se na vida real todos os dias, espero que esta não seja a rotina do Pankada. Digo-lhes que, apesar de roupas limpas e engomadas, quem é que não passou por situações parecidas, por brigas em família ou enfrentou coisas do tipo, onde a loucura prevalece, o mundo não é uma redoma, a gente cria isso na cabeça da gente (afinal, a gente precisa sonhar), as personagens, como o Rato, sonhava e projetava seus sonhos numa "dona bonita" que nunca terá fora de sua cabeça e muitos, apesar de classe média, não fazem isso também (num machismo de rodinha de amigos e só aí se realizam, porque na realidade, vem o desgaste de uma vivência cotidiana).

A personagem do Zé é mais conservadora e veio de um meio melhor que o Rato e o autor (Paulo Faria) fez nele suas experiências creio, este sem pai (ou de pai duvidoso), mãe todos têm, mas a imagem de pai, de disciplina, correção que Zé tinha Rato não tem, Rato só está vivo e pode morrer a qualquer hora por qualquer motivo fútil, já Zé zela por uma vida que sonha, nossa vida na cabeça do Zé talvez seja um sonho, eles não têm o mínimo de higiene.

Não é o gênero que me dá prazer, mas do qual não se pode fugir simplesmente. Questiona às visceras e para os que os acham que podem transformar a sociedade com meias dúzia de palavras, um partido político ou alguns livros de autoajuda isso é uma frustração. Não é dadaísta ou niilista sua peça é realista ao extremo, um choque de realidade social.

Parabéns Bruno, Charles e Paulo (pankada).
Camilo

quinta-feira, março 24, 2011

HORÁRIO NOBRE

Acho que escrevi essa peça entre 2006 e 2007. Tentei montá-la algumas vezes por aqui e nunca deu muito certo. Tinha desistido, porque já não gostava mais do texto (isso sempre acontece depois de um tempo.) Dai dois malucos lá de Piracicaba leram e gostaram muito e pediram autorização pra montarem. Cheios de vontade e determinação fizeram a produção e me chamaram pra dirigir. Óbvio que aceitei de bom grado. Demos uma ripa, pois tínhamos só um mês e os finais de semana pra ensaiar. Foi roquenrol, por causa do pouco tempo. O último ensaio ficamos das quatro da tarde de sexta até as oito da manhã do sábado direto, com pequenos intervalos pra comer um pão com manteiga na padoca. E neste sábado depois da loucura toda estréia lá em Piracicaba.

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E confesso que gostei do resultado e to feliz com o trampo deles. Óbvio, tem muito pela frente ainda.

O espaço é bacana, tem-se a sensação de estar na casa dos personagens. Um moquifo. Enfim. Segue ai o texto que escrevi pro programa. E quem estiver por Piracicaba, apareça.

HORÁRIO NOBRE

Eu morava numa espelunca do tamanho de uma caixa de sapato perto do minhocão da Amaral Gurgel. E todos os dias eu passava por lá pra ir pra algum ensaio do qual não me lembro agora. Eu era um recém chegado à cidade de São Paulo.

Junto com as minhas caminhadas por ali me vinham uma mistura de medo e curiosidade. Ainda não sabia exatamente onde eu tava pisando. Mas aquela gente deitada sobre caixas de papelão de baixo de carrinhos cheios de sucatas, me inquietavam. Tinha visto aquilo raras vezes através das janelas dos ônibus em algumas rápidas passagens pela cidade, ou nos telejornais, mas nunca tinha presenciado de perto, pelo menos não daquele jeito. Às vezes sentia-me parte daquilo, ou até culpado por aquilo. Era estranho.

Em algumas madrugadas eu sentava em algum lugar discreto e ficava observando um pouco a vida daquela gente, sabendo que jamais saberia de verdade o que se passa pela cabeça deles. Mas minha teimosia pedia-me pra ficar. Talvez, vendo-me ali mais próximo, conseguia de um jeito ou de outro apaziguar aquela angustiante sensação de culpa.

Voltava pra casa e imediatamente procurava alguma distração. Ligava uma pequena TV velha e ficava zapeando seus canais. Em poucos minutos toda aquela pequena experiência parecia se diluir, tomado pelas atrações televisivas.

Perdia noites de sono zapeando-a atrás de algo que desse um basta na minha angústia. Horas depois eu já nem sabia porque tinha permanecido tanto tempo acordado.

Pelas ruas em alguns dos meus passeios notava todo mundo vestido da mesma forma, com o mesmo estilo, assunto etc e só então me dava conta que o estilo delas etc era exatamente igual ao que eu via em algum programa ou qualquer outra coisa nas noites de insônia diante da pequena TV.

Uma vez, antes de virar uma das esquinas que me levavam ao minhocão ouvi gritos que me lembravam comemorações. Fiquei assustado, não sabia se devia seguir em frente, mas ainda movido pela imensa curiosidade de um sujeito bicho do mato entre prédios, segui obstinadamente e foi então que vi mais adiante sob o imenso viaduto um aglomerado de pessoas atônitas e vibrantes. Ao me aproximar e guiado pelo o olhar fixo de cada uma delas, avistei o centro das suas atenções. Uma pequena TV ligada, não sei como, naquele viaduto transmitia uma partida de futebol. Acho que nunca os tinha visto tão felizes. Nunca mais me saiu da cabeça.

Como um negócio daquele tamanho consegue roubar tanta a atenção daquela gente? Ainda dita a moda do momento, escolhe o político da vez, rouba o nosso tempo, persuade-nos como quiser, nos entrete, nos faz rir e chorar e por ai vai.

Não conseguia parar de pensar nessas possibilidades e foi ai que resolvi despejar tudo isto sobre o papel e nasceu este texto e que recebeu o título meses depois de estar pronto. Horário Nobre.

Ele narra o conflito entre dois personagens que se acentua quando um deles aparece com uma pequena velha TV em seu pequeno barraco e depois descobre que não funciona. E daí a aventura começa. E divido todos aqueles dias de tormento com vocês.

Eu, Charles Mariano, Bruno Agulhari, Antonio Chapéu e o Ponto de Cultura Garapa temos o prazer de lhes acolher em nosso lar. Sejam bem vindos ao nosso mundo. O mundo de vocês.

Boa peça a todos!

Paulinho Faria

Autor e diretor

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Os brothers da banda Sopro Vital, lá do interior de quem fiz as fotos pro CD estão concorrendo a um festival de música. Os 5 mais votados do site irão participar. Acho que é isso, enfim. Se não for também. Não custa nada entrar no site e deixar seu comentário. É coisa boa, só não me lembro o que. Mas vale a pena. O clipe que os caras fizeram sem um tostão vale o trampo. E seu comentário é o voto. Acessem ai:

http://www.izzomusical.com.br/videos/banda-sopro-vital-um-segundo-ao-teu-lado/certo

terça-feira, março 15, 2011

POR VOCÊ ENCONTRARIA O PARAÍSO

pedro

 

[...] Cada frase, sorriso, gesto, era anotado no meu cérebro, eu que sempre sonhava com uma paixão como essa, estava gostando de cada coisa, daquela sensação de não saber o que fazer, aquela dor no coração, o sentimento de gostar de uma pessoa e não saber o que fazer, como chegar, dar o primeiro passo [...]

Pedro Pellegrino

Era primavera. Outubro de 2010. Ainda restava um pouco daquele vento ardido do inverno. Eu estava chegando em casa, pensando em garotas. Em aventuras vividas, amores passados, sei lá. Era outubro de 2010 de um dia qualquer, mas lembro que era por volta das 16h quando abri o portão do prédio e subi os degraus que tem logo na sua entrada. O porteiro me parou com um papel.

- Assina aqui.

Ele sempre faz isso. Me pára, mesmo quando percebe que to com pressa. Fico puto.

- Cobrança de novo? Não to afim. – Passei batido.

- Não é cobrança, é uma encomenda.

Parei onde estava e voltei.

- O que?

- Chegou um envelope aqui pra você.

- Tem certeza?

- Ta aqui ó. Pankada. Não é você?

- Sim sou eu.

- Então assina aqui, por favor.

Tomei-lhe a caneta e assinei rapidamente. Caralho, de quem será isso? Olhei o remetente e lá estava Pedro Pellegrino. Pedro Pellegrino?

Rasguei o pacote imediatamente e deixei o embrulho pro Zé porteiro jogá-lo no lixo.

- Valeu!

E subi correndo com o meu presente na mão. Foi então que lembrei que há duas semanas atrás ele havia me enviado um email pedindo meu endereço pra mandar o seu livro. O livro que ele acabara de lançar em parceria com a sua garota. Senti-me lisonjeado. Era a segunda vez no ano que amigos escritores ligavam-me querendo me presentear com seus livros. E receber um presente do Pedro é muita honra, pois é um sujeito que admiro bastante. É bem discreto, tem um blog legal pra cacete. Culto e a porra toda. E escreve de uma maneira muito peculiar. Muito honesto.

Guardei o livro num lugar bem visível, na pilha de livros. Tive que resistir a tentação, pois tinha muitos livros na frente ainda. Coisas de trabalho. O tempo passou e eis que chegou o dia. Deitei na cama, peguei o livro de capa azul e li aquelas 90 páginas numa paulada só. Foi só começar e não queria mais parar. Em vários momentos me pagava com lágrimas nos olhos e a garganta apertada.

O livro é simples, exatamente como o autor, que vez ou outra encontro no metrô indo pro novo trampo, muito feliz, mesmo não sendo exatamente o que quer pra vida. Mas o cara tem consciência de que tem que ralar. E rala na boa. É. Infelizmente não podemos viver disso ainda em nosso país. Não temos apoio suficiente.

E o livro pega porque é honesto, não tem julgamentos, ou seja, o cara não julga sua escrita, não julga seus leitores, ninguém, apenas escreve. Foi escrevendo o que tinha no coração sem se preocupar se era bom ou não. E é uma história bonita. História de amor. Sua garota é tão honesta quanto. Aberta, sem medo, pura, como ele a descreve. Eles expõem uma história tão particular de uma maneira muito sutil e corajosa.

Falar de amor, não é pra qualquer um, tem que ter peito. Eu mesmo não acredito muito, ou não acreditava? Caraio, e agora? Merda.

Pedro, aquele cara discreto, que ouve com atenção quando falamos com ele e que torce pra não ser notado, virou pra mim um sujeito muito valente, grande. Já o respeitava e o admirava muito, agora então... Gosto de quem não gosta de ser notado.

Não sei se encontra em livrarias, mas quem se interessar clica no blog dele ai do lado e deixa um recado lá. Valeu Pedrão. To esperando o próximo.

quarta-feira, março 09, 2011

Machismo

Ou então ficamos com a não mais que igualmente útil significação elaborada e fundamentada de machismo por Jack Deth:

sm (macho+ismo) Adj 1.Homem que vai atrás daquilo que ele quer. Adj 2. Homem que fere o frágil ego feminino ao se mostrar capaz de fazer algo que ela não conseguiu ou sequer pensou em fazer. Adj 3. Homem que mostra verdades inconvenientes que mulheres não querem encarar. Adj 4. Expressão usada por mulheres para criticar qualquer coisa que as desagrade.

sexta-feira, março 04, 2011

PRA BARRIGA NÃO FICAR PRA FORA DO CALÇÃO

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Sempre me perguntam ai pela rua o que é melhor pra emagrecer? Corrida ou musculação?

A minha resposta é que um auxilia o outro. É difícil não associá-los.

Musculação é um troço chato, confesso, mas é fundamental pra quem quer diminuir a massa gorda e manter-se em forma durante um tempo.

O que queima gordura é o oxigênio e nas corridas o utilizamos muito mais. Visto que terminamos sempre ofegantes. Ocorre um processo de combustão no organismo. Ou seja, só corrida emagrece também, mas qualquer descuido depois, faz com que todo o sacrifico vá por água abaixo. Eu particularmente acho um saco correr, como também acho um saco fazer musculação. Faço os dois apenas pra melhorar meu rendimento nas lutas.

Quando fazemos musculação, o músculo sofre o que chamamos de microlesões. As fibras musculares ficam machucadas mesmo. Percebam que quando não estamos acostumados a essa prática, no dia seguinte mal conseguimos sair da cama de tantas dores, que são causadas por essas malditas microlesões. Elas são reparadas durante o nosso repouso.

Geralmente quando acordamos muito doloridos ficamos dias sem aparecer na maldita academia e só assim a dor some. E pro organismo reparar essas microlesões é um gasto energético muito alto. Queima-se muitas calorias pra conseguir sarar isso. E quanto mais calorias queimamos mais emagrecemos, como já é do conhecimento de todos. Entenderam?

A musculação queima calorias durante o treino e em repouso. A musculação aumenta o que é conhecido como “metabolismo basal”. Com a explicação no parágrafo anterior percebe-se então que o músculo é um tecido ativo, ou seja, ele consome as calorias do corpo pra manter-se vivo e realizar suas funções, então quanto maior a nossa massa muscular, mais calorias será gasta pra manter o músculo funcionando bem.

Pessoas treinadas podem e de preferência devem fazer no máximo quarenta minutos de musculação por dia. Enquanto pessoas não treinadas podem fazer de vinte a trinta minutos até se adaptarem e passarem para o estágio de pessoas treinadas. Mais do que isso é besteira e desgastante demais. Perda de tempo.

Durante um tempo pode-se fazer trinta minutos de musculação e trinta de treino aeróbio constante. Inicialmente três vezes por semana e depois pode ir aumentando. Em menos de três meses será visível a mudança no corpo. É claro, sem esquecer-se da alimentação. Comendo de três em três horas já faz uma grande diferença.

E pra quem não curte musculação de jeito nenhum, hoje tem várias opções e uma delas é a ginástica funcional e circuito, onde junta-se o treino de ganho de massa muscular e o treino aeróbio. Logo postarei um vídeo pra exemplificar isso.

quarta-feira, março 02, 2011

NOVA CARA!

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Sempre achei esse lance de ser pessoal demais em blogs, bem chato. Vejo agora que é o que me resta. Durante muito tempo eu procurei publicar só contos. Agora resolvi que vou lançar um livro de contos e está tudo caminhando, por isso parei de publicá-los aqui. To guardando-os para o livro. Espero que até bem antes do fim do ano ele saia.

E senti também que com essa parada de twitter ao qual ainda não me rendi e também o facebook, ninguém mais tem saco pra blogs, ou textos longos. Tentarei a partir de então atualizá-lo com mais frequência e com mais pessoalidade, infelizmente. Ah e mais suscinto, assim espero. Até descobrir um novo rumo e uma nova cara pro Pankada. Vou falar de mim. Começar a me vender como todo mundo faz e se foda. As contas no fim do mês tão pesando cada vez mais. E tenho que pagá-las. Se alguém precisar de personal trainer, um ator ou fotógrafo. Aqui estou eu.

domingo, fevereiro 27, 2011

quarta-feira, fevereiro 16, 2011

ATENÇÃO!

Dicionário-Lista-10

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

SIMPLES CANÇÕES ECOADAS DE TOKIO HOTEL

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Algumas canções me fazem chorar. Outras fazem-me lembrar do Forte que eu construía para a coleção de soldadinhos de plásticos vietnamitas, vindo diretamente da zona franca de Manaus. E algumas lembram-me minha mãe com um olhar perdido na janela segurando um copo de qualquer coisa na mão, enquanto uma lágrima que escorria pelo teu rosto, molhava a poltrona seminova que ela acabara de ganhar de presente de casamento do seu novo marido importado do Japão.

Canções de ninar, jingles-bells, coelhinho da páscoa, boitatá, mula sem cabeça, canções folclóricas, canções regionais, rock n´roll, não importa.

Ainda não resolvi o que vou ser quando crescer. Já fui tudo e já desisti de muitas coisas. Agora penso em desistir de tudo o que já fui e do que ainda serei.

Às vezes fico assim mesmo. Nostálgico.

Hoje fuçando as gavetas empoeiradas do meu quarto, encontrei lembranças de histórias vividas. Miniaturas, bilhetes, sabonetes, retratos branco e preto, baratas, chaves, armas, flautas, bolinhas de gude, figurinhas, cartas de amor, cartas de despejo, papéis... papéis... papéis e papéis.

Quando assisto alguns dos filmes de Marlon Brando da imensa coleção que tenho guardado a 7 chaves num armário de aço aqui no meu quarto, tenho certeza de que serei ator, mas basta ouvir Bob Bylan ou Tom Waits pra minha certeza dizer-me que serei cantor. E a cada livro do velho safado que devolvo a prateleira, não me restam dúvidas de que serei um escritor, mesmo sabendo que me falta talento para todas essas atividades. Na verdade seria... Perai. Vou pensar mais um pouco. Até amanhã. Ou depende de quando você ler isso.

Tenho dormido mais do que o costume. Bebido mais do que deveria e comido um tanto quanto...

Tenho chutado latas de refrigerantes no vão da calçada sempre quando volto pra casa sozinho pensando em que será que estão pensando os habitantes inóspitos dos apartamentos que estão com as luzes acesa ainda a esta hora da noite. To sempre atento aos parapeitos, em busca de algum solitário voador. Tenho sempre essa maldita esperança. Tenho sempre essa maldita palavra travada entre os dentes, pronta pra ser cuspida e levada junto com a água que se forma no meio do asfalto quente logo após uma forte chuva de janeiro, fevereiro, março, ab...

E ai só ficam as canções. Todas elas. Uma melodia.

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

"você pode não acreditar nisto
mas há as pessoas
que passam pela vida com
muito pouca
fricção de angústia.
eles se vestem bem, dormem bem.
eles estão contentes com
a família deles.
com a vida.
eles são imperturbáveis
e freqüentemente se sentem
muito bem.
e quando eles morrem
é uma morte fácil, normalmente durante o
sono.
você pode não acreditar nisto
mas tais pessoas existem.
mas eu não sou nenhum deles.
oh não, eu não sou nenhum deles,
eu não estou nem mesmo próximo
para ser um deles.
mas eles
estão lá ...
e eu estou aqui."

C. Bukowski

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

ANDERSON SILVA vs. VITOR BELFORT

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To rolando de um lado pro outro na cama há horas. O sol lá fora ta de trincar. É um desses domingos bonitos e os parques devem estar lotados. Uma porrada de gente. Mães com carrinhos de bebês e os pais babões empurrando-os e torrando debaixo do sol feito uns idiotas, certamente , xingando em baixo tom, enquanto deviam entoar canções de ninar.

Devem ter umas gostosas com saias curtas patinando. Uns babacas andando sem camisa e exibindo o abdômen sarado para as gostosas de saias curtas e patins e assim por diante.

Adoraria estar pela rua, mas falta-me coragem pra enfrentar este calor. A porra do meu quarto está quente pra cacete, mas me parece mais suportável do que lá fora. Resolvi abrir um pouco a janela e deu até uma amenizada, entrou um cheiro de peido. Que merda. Quando olho lá embaixo vejo fumaça subindo do asfalto. Parece que tudo vai derreter. É o cheiro de esgoto que vem junto, certeza.

Eu fico rolando pra lá e pra cá. Sem nada pra fazer. Olho pro computador e penso em escrever. Cismei que posso ser escritor e às vezes invento de escrever alguns contos, mas por enquanto só arrisco isto. Gosto deles pra ser mais sincero. São mais divertidos. Quer dizer. Escrever nem é tão divertido assim. Divertido é vê-lo pronto depois. Até arrisco uns romances, mas quando os leio, desisto de tudo. Tenho projetos de livros engavetados.

A preguiça é danada. Aqui já to falando de outra coisa. Quando começo a esboçar algumas linhas, fico animado até, mas momentos depois, já desisto. Sinto que terei que pensar muito se continuar dali pra diante. As palavras não fluem com freqüência e também não gosto de pensar muito.

Não sei se tem a ver com a idade ou com o momento, mas escrever tem me parecido mais difícil, enquanto deveria ser o contrário. Por quê? Depois dos 30 tem-se o acúmulo de alguma experiência de vida. De 30 anos apenas, mas já é alguma coisa. Ou não? Já fiz muita merda... literalmente. Quantos caminhões de bosta seria possível encher se juntasse tudo o que despejei neste período todo? Nunca tinha parado pra pensar nisto.

Enfim, quando bate a preguiça de escrever, volto pra cama, daí abro um livro, ligo o som, ou jogo vídeo game, mando uma pro gato, penso em bundas e tetas imensas e por ai vai. De repente me pego acordando e tento começar tudo de novo, mas antes é claro sempre perco pelo menos uma meia hora procurando assunto banal na internet.

Fora que hoje to um pouco estragado. Dias seguidos bebendo e jogado por ai na rua. Hoje não agüento mais. Pensei até em dar um pulo em algum bar no fim de tarde, mas preferi me poupar. Preferi ficar em casa pra escrever e estudar, mas não faço porra nenhuma do que me proponho.

Bukowski passou a vida bêbado e nunca acordava antes do meio dia. Trampou em vários lugares e vivia enfurnado em jockeys apostando nos cavalinhos, além de gastar um tempo pra se recuperar de uma ressaca ou outra, se é que tinha. Ou seja, não parece-me que lhe sobrava muito tempo na vida, mas mesmo assim publicou uma porrada de livros. O cara ficava jogado, sem fazer porra nenhuma e ainda conseguia escrever. A verdade é que o cara já nasceu meio gênio. Quando sentava pra escrever as palavras fluíam feito patins no gelo, enquanto pra mim elas vão como carro na lama.

Depois dos 30 confesso que as preocupações aumentam, pelo menos no meu caso que ainda não tenho onde cair morto e nem sei onde vai dar isso tudo. Mas que porra é essa de isso tudo? Imagina, estou sendo irônico. Moro num dos melhores bairros da cidade de São Paulo de frente pra uma das avenidas mais importantes da cidade e ainda reclamo. Isso não quer dizer nada. (Como sou idiota.) Pelo menos as enchentes ainda não chegaram aqui. Ta bom assim. (Enganei os bobos, na casa do ovo, o tempo todo.) “Caralho, to fodendo com tudo.”

Da minha janela vejo apenas prédios e prédios e prédios. Todos com helipontos. Sempre tem a porra de um helicóptero incomodando na hora em que menos deveria, como também sempre tem um filho da égua ligando no momento em que menos poderia, ou alguém abrindo a porta do banheiro na hora errada.

O novo metrô passa por baixo do meu prédio, ou debaixo? Foda-se. Em 2012 parece que teremos uma porrada de terremotos. Eu vejo que o asfalto aqui em frente vem afundando cada dia mais. Sempre que passa um carro em alta velocidade aqui na frente eu sinto o chão tremer. Que merda. Quero estar bem longe do meu quarto ano que vem. Preocupo-me com tudo isso, no fundo, no fundo não sei se é verdade, mas de alguma forma sei que não é. E que mal tem se o mundo acabar? Só não quero encerrar minha história por aqui sem antes ler todos os livros que tenho na minha estante. Pensar que gastei dinheiro à toa, não dá. Comprei uma porrada de livros e não os li. Foda né?

Estamos na era do facebook. Enquanto escrevo ele fica aberto. Agora por exemplo vi que alguém me adicionou. Parei de escrever pra aceitar e perdi o raciocínio. Vou aproveitar pra ir dar uma cagada então. To apertado faz tempo e o banheiro está bem na minha frente. To falando que tem hora que sou nó cego? Geralmente quando volto sinto-me mais produtivo. Já volto.

Pronto. Caguei. Daqui a pouco preciso sair. Como eu ia dizendo. Depois dos 30 algumas preocupações aumentam. A gente se questiona pra cacete, mas algumas das questões de 5, 10 anos atrás já não existem mais. A gente se liga que é tudo baboseira. Quando somos mais jovens queremos arrumar resposta pra tudo e depois percebemos que isto é uma grande baboseira. Quase nada tem resposta, a não ser as respostas que nós criamos, mas que certamente não são a verdade. E nem a verdade é verdade. E muito menos essas baboseiras que estou escrevendo. Quer dizer, são a verdade praquele momento.

Anderson Silva derrotou Vitor Belfort com um chute frontal no queixo, ainda no primeiro round na virada do sábado pra domingo. Foi chato, porque essa era a luta mais esperada do ano e acabou muito rápido. Eu tava com uns amigos bebendo saquê. Isto foi divertido. Foi aniversário da TT.

Gosto do Vitor, mas Anderson é realmente imbatível. Não tem ninguém pra derrotá-lo. E eu continuo com preocupações e quer saber? Foda-se. Hoje é domingo. Que porra é essa de querer escrever? Prefiro mesmo é dormir. Obrigado pela atenção! Eu tinha que por este blog pra funcionar.