sábado, novembro 27, 2010

Leon e Sonia

Segue uma ótima opção para o fim de semana. Assisti e recomendo. Ainda vou escrever sobre. Belo trabalho do grupo Benditos e Malditos.

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Direção: Márcio Tadeu

Dramaturgia: Fábio Fonseca

Direção Corporal: Eduardo Coutinho

Elenco: Paula Ernandes e Péricles Raggio

Espaço Cênico e Figurino: Márcio Tadeu

Pintura de Arte: Miguel Nigro

Criação Musical: Loop B

Criação de Luz: Zhé Gomes

Programação Visual: Marina Morel

Produção: Teatro dos Benditos Malditos

Confecção de Figurino:Antônia Rocha Guimarães

Confecção de Cenário: Wagner Dutra


SERVIÇO:

Espetáculo: LEON E SONIA
Local: CENTRO CULTURAL B_ARCO - Rua Dr. Virgilio de Carvalho Pinto, 426 – Pinheiros.

Lotação: 43 lugares

Datas e horários: de 03 de dezembro a 19 de dezembro – sexta-feira e sábado, às 21h, e domingo, às 20 horas.

Entrada: Franca. O ingresso será distribuído uma hora antes do espetáculo.
Duração: 80 minutos
Recomendação etária: 14 anos

Tema: Drama

Informações: B_arco - 3081-6986

Péricles Raggio - Teatro dos Benditos Malditos: 9327-8995

quinta-feira, novembro 25, 2010

DIÁLOGOS

Hoje começa o Satyrianas. Evento promovido pelo grupo Satyros de 78h de atividades artísticas ininterruptas. Outros grupos compraram a briga e participam apoiando o evento. O Antro Exposto é um deles. E eu participarei com esta rapaziada maluca fazendo isso aqui.

dialogos

terça-feira, novembro 23, 2010

HIPERTENSÃO PULMONAR

 

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Eu vivo com uma constante inquietação sobre a questão do tempo. Não acredito muito nele, mas apenas o ato de não acreditar já entrega que ele existe, porque ninguém se incomoda com o que não sabe que não existe. Não é?

Obviamente que ele existe, mas não da maneira que o entendemos, da maneira como ele nos é apresentado. O tempo é interno e não externo.

Defendo essa tese na verdade, pra me convencer cada vez mais que só existe o agora, mas o agora também não deve existir, pois a partir do momento que digo “agora” ele já se foi, passou. Enfim. É só pra eu aproveitar mais cada instante da vida. O que chamamos de presente. Porque o amanhã é muito incerto. Na verdade ele nem pode ser incerto, porque não existe mesmo. Será?

Exatamente por isso também não acredito em previsões climáticas, videntes, cartomantes, tarólogos, tiozinhos que jogam búzios e por ai vai.

O que pratico é abrir os olhos pela manhã e ver no que vai dar.

Postei vários textos sobre isto este ano. Sobre o pai da garota que quase se foi vítima de um AVC sem o último aperto de mão da filha. O nosso amigo Cesana que também teve um AVC, mas não agüentou a barra e foi-se muito jovem ainda. O Marião que apertou minha mão sempre muito generoso à 1h da madruga e às 6h levou 4 tiros e quase se foi também. E mais outras histórias de pessoas mais distantes que presenciei e ouvi.

O agora, pelo menos enquanto você lê este texto é a sua única e talvez última chance de perdoar, amar, sorrir, ligar pra alguém de quem gosta muito, visitar uma pessoa que há muito tempo não tem notícias, presentear, abraçar etc. Meio prosaico tudo isto, eu sei, mas uma hora, a gente perde o parâmetro mesmo, não tem jeito. Apesar de prosaico, é real.

Bom, escrevo tudo isto porque acabei de ler um texto da prima de uma amiga por quem tenho muito carinho, que faleceu ontem 22.11.2010. Não a conhecia pessoalmente, mas sabia um pouco da sua história. Ela tinha uma doença rara e exatamente por isso, não conheciam a cura, mas ela seguia relativamente bem e ninguém esperava que isso fosse acontecer. Na verdade pelo texto abaixo, percebe-se que de alguma forma ela previa isso.

Fomos pegos de surpresa mais uma vez. Já é quase normal.  Não vou falar mais nada. Leiam!

Juventude e Hipertensão Pulmonar

Você toma um milhão de pílulas por dia e tem que lidar com uma série de limitações.

Viver com uma doença rara é difícil. Lutar pela sua vida quando se é jovem, quando sua maior preocupação deveria ser o que vestir para sair no fim-de-semana. Todos os medicamentos do mundo somente lutam metade da batalha – a metade fácil. Então, como você lida com tudo isso e ainda assim se sente normal?

“Redefine a sua idéia de normal”

Sinta o que você precisa sentir.

Toda emoção é legitima. Você pode ter bons dias e dias ruins, ataques de ira chorar, seguir por caminhos confusos e nebulosos que você não sabe onde dará. Segurar tudo isso não ajuda ninguém.

Permita-se lutar pelo estilo de vida que você perdeu. Você tem que ou nunca mais poderá abraçar a vida que você teve com suas mãos. Seja paciente com você mesmo até que descubra o novo você.

Viva o momento

Aqueles que o coração tem que lutar mais pra bater amam mais, dão mais risada e vivem como se não tivessem nada a perder. Isso levará tempo, mas esse dia chegará. Você não pode voltar atrás e mudar o passado. O futuro é incerto, então os “e se” sem fim somente não permitiram que você viva agora, fazendo o que você pode no tempo que você tem.

Faça uma lista de tudo o que você queira fazer nesta vida.

Qualquer coisa está valendo. Comece com as idéias e depois as torne realidade. Concentre-se em todos os detalhes, por exemplo: Uma viagem (os custos, oxigênio). Faça a sua ambição se adequar a você, mas não desista.

Não deixe o orgulho se intervir no seu caminho.

Pegue o elevador. Lute pelas vagas de deficientes. Compre bonés engraçados para cobrir sua boca no inverno. Use caixas de pílulas não-convencionais (como as do mini M&MS). Decore sua bomba ou a capa do seu oxigênio. Desenhe o seu próprio bracelete de alerta médico.

Pegue tudo que faz com que você seja diferente e transforme em algo único. É possível amar o novo você.

By Fer Marques - 19/11/2010

segunda-feira, novembro 22, 2010

PELO CENTRO DA CAPITAL

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To lendo Pulp de Bukowski. Na verdade ando lendo uma porrada de livros ao mesmo tempo. Santo Agostinho; O Livro de Ouro da Mitologia Grega; um sobre Fotografia; mais outros dois do Buk, sendo um de poesias e outro de contos. Não assimilo quase merda nenhuma e há muito tempo não consigo acabar com nenhum. E não sei o porquê continuo.

Enfim. Sinto-me meio culpado por ter sido relapso o ano inteiro com a literatura. To querendo amenizar essa culpa de alguma forma. Só pode ser isso. Andei, quer dizer, ando meio desinteressado com as coisas.

Essa minha falta de inspiração pra escrever foi quem me moveu a encher o chão ao lado da cama desses livros malucos. Também pode ser isso. Mas percebo que nada tem mudado.

Moro na zona Oeste da maior cidade do Brasil. E tenho ido frequentemente ao centro atrás de algum emprego de camelô, faxineiro, pedreiro ou garçom destes restaurantes que servem PF a 3 reais. Não sei se vão me empregar por causa do meu cabelo. Eles devem achar que coleciono piolhos nele e que podem infectar a comida dos clientes. Sempre que perguntam o que quero e digo que to atrás de um trampo, olham-me com uma cara de dez pras cinco. Eles também devem achar que estou de brincadeira. Ou sou eu quem acho que eles estão brincando comigo?

To andando pra cacete pelas ruas. As solas dos meus sapatos estão todas gastas, mas isto tenho resolvido forrando-as com papelão e jornal, só que mesmo assim sinto uma puta dor quando piso em alguma pedra desavisada. Em resumo, não é o suficiente. Quase que a porcaria de um prego enferrujado furou meu pé. E ter o pé furado por um prego do centro da cidade é decreto de morte. É tétano, desinteria, fibrose, fimose, cólera, febre tifóide, malária, escabiose, gastroenterite, leptospirose e poliomielite. Não deve dar tempo de gritar “ai”, cai duro antes.

Tempos atrás prometi a mim mesmo de escrever um livro de contos sobre histórias de busão, já que tenho várias. Mas chego em casa tão cansado que falta-me coragem. Não sei por onde começar nenhum dos contos.

Às vezes até arrisco começar, mas não passam de duas linhas. Desaprendi o que não tinha aprendido. Então coloco uma dessas músicas antigas, pra ver se a melodia me ajuda a preencher o papel, mas não adianta. Acabo entrando numa outra viagem.

Saciei a fome da tarde de hoje com um desses churrascos gregos especiais que vendem ali perto do Teatro Municipal, mas vejam bem, não é um churrasco grego qualquer, é ESPECIAL, pois acompanha vinagrete, suco de maracujá, laranja ou limão e tem um sabor diferente. E tudo isto por apenas uma prata e cinqüenta.

Em Pulp to na parte em que o detetive Belane ta resolvendo o caso da mulher alienígena. Jeannie Nitro.

Como cada role de busão é uma viagem aqui na capital, aproveito e dou uma acelerada na leitura. Mas to sempre atento a todos os acontecimentos. Torço para que coisas inusitadas aconteçam por perto pra eu poder escrever algo depois. Ando sem sorte. Às vezes ir e voltar do Rio é mais rápido do que ir e voltar do centro da cidade. Isso porque não dá nem dez km daqui de casa. Eventualmente faço isso. Quando to com preguiça de ir pro centro pego um busão lá na rodoviária Tietê, vou até o Rio, tomo um sol na testa e volto.

Bom, voltamos ao que interessa. Esta parte do livro é meio bizarra, ou melhor, digamos nonsense. A mulher que Belane está procurando pra poder fazer desaparecer da vida de um sujeito aparece e desaparece o tempo todo, do nada, além de ter o poder de congelar os movimentos das pessoas, se bilocar e outros mais que não consigo lembrar agora. E é uma baita de uma gostosa. Pelo menos pela descrição. Os habitantes de Zaros querem dominar a Terra, pois o país deles está superlotado. Na verdade eles estão só disfarçados de humanos, pois são seres sinistros que mais lembram uma serpente.

Acho que por causa do churrasco grego de hoje fiquei meio pesado e com isso sonolento e acabei dormindo no busão com o livro na mão bem na hora que tava encerrando este capítulo. Tive sonhos estranhos. Ronquei pra cacete. Acordei assustado com a garganta toda arranhada e um monte de babacas olhando pra minha cara, como se nunca tivessem roncado num busão. Encarei todo mundo. Ia descer no próximo ponto.

Uma menina linda com as bolotas de um verde tão forte e os lábios bem vermelhos e grossos tava passando pela catraca. Fiquei olhando-a. Ela estava com a cabeça coberta pelo capuz da sua blusa cinza de moletom. Cheio de cadernos na mão. Quando se aproximou, ela abaixou o capuz e vi que seu rosto todo estava preenchido por diversas cicatrizes. Pareciam marcas de navalha. Imediatamente lembrei do conto A MULHER MAIS LINDA DA CIDADE e também de Jeannie Nitro. Não digo que era realmente a Mulher Mais Linda Da Cidade, porque esta eu conheci num sábado passado de alguns anos atrás na festa de aniversário de uma amiga dentro de um açougue. Quis puxar assunto e perguntar sobre as marcas no rosto, mas não dava mais tempo.

Quando desci da porcaria do ônibus sai trombando todo mundo. Mostrei o dedo do meio pra um filho da mãe que ficou me olhando da janelinha. Ele me mandou tomar no cú. Foi isso pelo menos que li em seus lábios. Esses caras não tem originalidade nenhuma. Exatamente por isso não o puxei pelo pescoço e quebrei sua cara.

Eu tava muito inquieto com aquilo e logo em seguida ao atravessar a rua, na minha direção vinha uma menina com uma roupa toda preta colada no corpo e os cabelos vermelhos, mas um vermelho bem estranho, bem alienígena mesmo. Imaginei que tudo isto pudesse ser algum sinal. Mal sinal. Sai correndo. Entrei num supermercado e me escondi atrás de uma prateleira de utensílios domésticos. Ela também entrou e veio na minha direção e estendeu a mão como se fosse puxar o meu cabelo. Gelei. Mas ela apenas pegou um vidro de alvejante e saiu. Não me viu, mas com certeza levou uns fiapos do meu cabelo junto.

Foi bom pra perceber que não era nenhuma alienígena. Eu é que tava noiado com essa história. Era só a mina que namora um coxinha aqui do meu prédio. Mas quem pode me garantir que ela não é mesmo uma extraterrestre. Eles formam um casal bem estranho. Não falam com ninguém. Devem ter hábitos pra lá de anormal. Dane-se. Ainda bem que não falam com ninguém. E nem deveriam. Prefiro vizinhos assim. Mudos. Comprei um pacote de bolacha de doce de leite só pra disfarçar e sai mastigando-a.

Segui rumo a minha casa que fica a 50 metros de onde eu estava. Tentei lembrar do sonho no busão, mas não cosegui me recordar de nada. Ah, lembrei... Já esqueci. Não quero ficar inventando coisas que não sonhei só pra preencher esta história comprida.

Mas lembrei de ontem que também tinha ido dar um role no centro pra comprar um celular Xing ling. É infinitamente mais barato e ainda por cima tem televisão. Posso ver todo o campeonato brasileiro de onde estiver, apesar de não me ligar em futebol e não torcer pra nenhum time específico. Rodei pra cacete pelo centro, num ritmo alucinado. Tentei ver um filme especial que só tem nessas salas de cinemas caindo aos pedaços do velho centro. Não deu certo. Ainda bem. Nem sei onde tava com a cabeça de pensar em entrar numa dessas salas em que se a gente sentar corre o risco de ficar colado depois. Tenho uma amiga que disse pra mãe dela que ficou grávida depois de ter sentado numa dessas poltronas. Saindo dali entrei num pico só pra dar um cagalhão. Vou contar.

Depois de tanto andar resolvi entrar num lugar pra tomar uma breja. Tinha combinado com uns brothers que furaram.

Adentrei o recinto, olhei em volta, vi uma porrada de gente estranha que pareciam não falar português, nem latim, espanhol ou italiano. Todos de terno e gravata. Eu tava fodido. Eu só entendo essas línguas que citei.

Mais ao fundo vi uma escada e subi-a. No final dela tinham duas portas que pareciam que me levariam ao banheiro. Entrei numa delas. Nem vi se era masculino ou feminino. Não tinha ninguém. Encontrei a privada, abaixei as calças e deixei tudo que era de ruim que estava em mim naquela tarde descer. Um alívio fenomenal. Limpei a bunda, subi as calças, apertei a bomba e fui embora. Dei mais uma olhada pelo bar. Desanimei. Ali tinha cara de que nem uma briga iria acontecer. Não podia mais perder tempo. Cai fora. Tomei uma breja num boteco na outra esquina. Sai dali bem na hora que uma porrada de punks encrenqueiros estavam chegando. Já um pouco distante ouvi barulhos de garrafas sendo quebradas.

Segui pela Augusta e vi uma puta ouvindo walkman. Tinha uma lágrima pendurada em seu queixo. Abordei-a. Ela fugiu. Corri atrás, agarrei-a pelo braço. Dei um pedaço de guardanapo que eu tinha furtado lá no bar. Dei-lhe um beijo no rosto e segui. Ela me xingou. Eu queria apenas saber o que ela ouvia.

Peguei o primeiro ônibus que passou. Saquei o livro da mochila e continuei a lê-lo. Não prestei muita atenção nas pessoas no ônibus desta vez. Não prestei atenção na rua. Tava noite e tinha chovido enquanto fiquei lá dentro. Dava pra ver a lua numa poça no asfalto.

Cheguei em casa e dormi. No dia seguinte acordei e voltei pro centro, onde tudo o que contei acima aconteceu. De outro jeito, mas aconteceu. Este eu inventei. Enquanto eu caminhava só pensava que precisava escrever algo. E saiu isto. Levei dias, mas saiu.

Quando eu era moleque tinha mais histórias pra contar. Depois de velho fiquei meio bundão. Poucas histórias. Ando freqüentando lugares bestas.

domingo, novembro 21, 2010

TROPA DE ELITE 2

Como sou um cara que manja pra caraio de política, tanto quanto manjo de shiatzu tailândes, posso dizer que o filme engana bem a gente.

Gostei do que vi. Impressionou-me e sei que impressionará muita gente. É bem feito, mas... E arrisco a dizer que talvez saia o primeiro Oscar pro cinema nacional. Só que antes de qualquer coisa é legal dar uma lida no que Marcelo Mirisola escreveu lá na sua coluna semanal do Congresso em Foco… Foda!

http://congressoemfoco.uol.com.br/coluna.asp?cod_canal=14&cod_publicacao=34956

terça-feira, novembro 16, 2010

ESTUFA

 

DSC_3370 Eu ia comer só um pedaço de pizza. Tava resolvido e ponto final. Eram mais de meia-noite. Encostei no balcão de um boteco qualquer e pedi um pedaço de portuguesa pra uma garçonete morena e lábios grossos. Devia ser descendente de índia a gostosa.

Veio um pedaço pelando que ela havia acabado de esquentar no microondas. Tudo despencando, queijo pingando etc. Saboroso. Queimei a língua. Enquanto eu a degustava percebia que estava sendo observado assiduamente.

Fiquei um pouco incomodado. Não sabia muito pra onde olhar. Tentei procurar moedas no bolso, dar nós nos canudos em cima do balcão, quebrar palitos de dentes, ver mensagens no celular e principalmente me concentrar na refeição, tudo pra tentar disfarçar, mas foi pior. Continuei com a língua amortecida.

Começou a apelação. De dentro da estufa ao meu lado, uma imensa coxinha de frango não parava de me assobiar. Fiz de conta novamente que não era comigo. Ignorei-a mesmo. Fiz jogo duro. Paguei de gostoso. Tipo o gaúcho do youtube. Assim talvez ela pudesse desistir. Parecia que todo e qualquer esforço era em vão. O pedaço de pizza até que tava bom, mas já tava acabando, pra minha infelicidade. E apesar da língua paralisada eu ainda conseguia sentir o sabor.

Comecei a tramar um jeito de derrotar a gostosinha, mas a pressão era tanta que não conseguia pensar em nada mirabolante naquele instante. Tipo adolescente apaixonado quando é atacado de uma gagueira, ou de um silêncio, ou de um monte besteiras quando se vê frente a frente com a tão desejada mulher da sua vida. Só fala merda e quanto mais tenta acertar, pior fica. Enfim... É humilhante, mas tenho que confessar que tava bem irresistível. Não queria parecer tão fácil depois de todo charme que tinha feito.

Eu tava extenuado esta noite e tudo que queria era chegar logo em casa. Tinha acabado de vir de uma grande rotina de trabalho. Por isso meu estômago tava semelhante a uma escola de samba, de tanto barulho que fazia. Certeza que as pessoas passando pela rua me olharam estranhamente porque ouviram a barulheira da minha barriga.

Os assobios ficaram mais constantes e estridentes. Ela mostrava-se disposta a não desistir tão facilmente. Achei um pouco vulgar até. O foda é que tinha só mais um pequeno pedaço de pizza no prato e eu não sabia mais o que fazer, o samba no meu estômago continuava igual. Olhei pro relógio e já tinha passado mais de meia hora que eu estava ali naquela briga contra a safada e inofensiva coxinha.

Saquei a carteira do bolso com uma velocidade fora do comum. Habilidade que adquiri na época em que via todos os filmes de western possíveis. Recontei os trocados.

Dei um forte suspiro e pensei, pensei e pensei... olhei-a novamente de esgueio, só com as beiradas dos olhos. A infeliz, mais uma vez correspondeu ao olhar. Pra que? Ai foi a merda. Essa palhaçada deve ter durado umas duas horas. Tarde pra cacete. Resolvi dar uma chance. Elegantemente chamei a garota que me atendeu. Num volume baixo de voz e com toda discrição possível apontei. Ela sorriu, com muita classe e se aproximou da estufa. Lentamente abriu-a e com muito cuidado tirou-a lá de dentro, colocou num prato com guardanapo e serviu-me. Tava sequinha.

Era linda, mas tão linda que inicialmente fiquei com um pouco de pena de cravar meus dentes ali. Fechei os olhos e sem pensar muito abocanhei. Ouvi-a rindo, um riso feliz, como se eu estivesse massageando sua barriga com minha boca. Confesso. Quase que rolou um amor a primeira vista.

Olhamos-nos pela última vez. Uma lágrima quase escorreu. Eu não resistia mais. Estava completamente feliz. Fechei os olhos só pra saborear mais gostoso e mandei a ver. Mastigava com calma, como nunca tinha feito antes. Tava tão boa que só me dei conta que terminou quando mordi meu dedo. Dei um grito de filho da puta muito alto. As poucas pessoas que ainda estavam por ali me olharam. Devolvi-lhes um leve sorriso. Levantei. Juntei as últimas moedas e paguei pela prostituta. Pronto. Missão cumprida. Sem constrangimentos, fui dormir. Era só do que precisava agora. O caminho até em casa ainda foi longo e durante o tempo todo só pensava nela, mas ela estava em mim. Pra sempre. Quer dizer, pelo menos até a próxima cagada. Há muito tempo não dormia tão bem assim.

quinta-feira, novembro 04, 2010

ABRINDO O JOGO

A parada é a seguinte. Esse ano me chamaram umas 3 vezes pra lutar. Gosto bastante disto. Todos sabem.

Toparia até, mas a questão é que pra lutar profissionalmente vou ter que parar minha vida por uns 6 meses só pra me dedicar a isso. Treino forte com acompanhamento médico, nutricional etc.

No passado até fiz umas lutas de vale-tudo e nem era MMA ainda. Entrei nesses clubes da luta também e sai na mão com uma renca. Ganhei a maioria, só que hoje a parada ta diferente. Todo mundo tem as manhas de tudo, então não da mais pra entrar a pelo. Tem que estar preparado. Aguentar 3 rounds de 5 minutos não é pra qualquer um.

To armando uns vídeos como este ai em cima pra começar a ir atrás de uns patrocínios. Se alguém se interessar. É só entrar em contato.

Minha história com a luta é a seguinte:

Minha mãe casou-se com um japa quando eu tinha 2 anos. Só aos 5 ou 6 fui morar definitivamente com ela. O pai do japa, que era um japa original era mestre em artes marciais. Era… porque a essa altura do campeonato ele deve ta dando muita rasteira em neguinho desavisado sob as asas São Pedro.

Ele começou a me ensinar o legitimo caratê de Okinawa. E de tanto eu ver aqueles filmes antigos de kung-fu etc acabei pegando gosto e de lá pra cá nunca mais parei.

Dediquei-me ao caratê durante um tempão, uns 20 anos mais ou menos. Antes de completar 18 anos ganhei a primeira faixa-preta. Fui vice-campeão mundial e outros títulos. Em seguida numas de melhorar o caratê entrei no judô e 4 anos depois já estava de faixa-preta e também com alguns títulos em campeonatos e mais ou menos nesta época o jiu-jitsu estourou com o Royce Gracie vencendo 4 edições seguidas do UFC, finalizando adversários muito mais pesados do que ele. Fiquei curioso e comecei na Arte-Suave que hoje também sou faixa-preta e nesses 17 anos de treino conquistei alguns campeonatos.

Fiz faculdade de Ed. Física, onde comecei a aprender boxe. Passei pelo Muay Thai, Ninjitsu, Capoeira, Kickboxer etc. Fui brigão de rua e tudo mais.

Hoje me dedico e estudo o MMA. Enfim. Não sou nenhum leigo no assunto e quem quiser entrar nesta parada comigo é só chegar e ano que vem, entro pra valer nos ringues. Tem lutadores com 47 anos e no auge ainda. Isso significa que tenho muito chão pela frente e história pra contar. Oss