sexta-feira, maio 13, 2011

A HISTÓRIA DE TODOS NÓS

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Até que enfim consegui ver o filme Vips.

Se tem um cara com quem trabalhei um dia e nunca me esqueço é o diretor, Toniko Melo.

A ocasião foi em um filme publicitário produzido pela O2, onde me colocaram pra carregar a réplica de um piano, por mais de oito horas por dia, durante três dias e que pesava no mínimo uns trinta quilos. Foi foda.

Apesar de ter uma baita duma massagista maravilhosa, que mais animava meus hormônios, do que aliviava minha dor, eu sai de lá praguejando aquele diretor que me fazia repetir diversas vezes a mesma cena e tudo por causa de mínimos detalhes técnicos que só ele e mais ninguém detectava. É claro que depois de ver o resultado, calei minha bronca e entendi-o. Quer dizer...

Mas entendi tudo muito melhor no final da sessão desta semana. O ritmo alucinante do filme, é uma grande sacada e quase que uma novidade. Novidade, porque é algo que acredito e pouco vejo, nada comum. Vem apoiado exatamente nos pequenos detalhes, imperceptíveis para tantos. E isto faz com que a gente não despregue os olhos da tela por nem um instante. Está tudo no lugar. Cada elemento faz parte e acrescenta à história. É tudo muito bem construído e amarrado. Uma finalização quase rara no cinema nacional. E olha que nunca atentei-me muito a isso, mas o capricho é tão grande que não teria como deixar passar batido.

Não à toa Toniko é um dos maiores diretores publicitários do nosso país e isso no cinema soou como um mérito e o que na minha opinião, coloca-o na mesma posição nesta sua nova carreira. Vê-se de imediato o quão promissor ele é na sétima arte.

Optaram, por uma narrativa simples e linear, outro mérito, quando se diz respeito à contar, em particular, a história de alguém. E o que faz o filme agradar o grande público não é a forma pela qual optaram em conduzi-lo, pois dizem por ai que esta estrutura cinematográfica simples e linear é construída exatamente pra isso. Grandes críticos sempre na busca do que dizer, acabam caindo em suas armadilhas igualmente clichês.

A arte é “libertadora” e por isso nos oferece infinitas possibilidades de acessos e construções. E mais do que um filme comercial, porque não propõe só o entretenimento. É sobretudo artístico, apesar de todo bem feito e bonito, consegue nos fazer refletir e ainda é preenchido com críticas, provocações sobre a fútil sociedade extremamente consumista. Mais do que a história de um mentiroso, ou qualquer outra coisa, ele fala sobre a história de um sonhador e é por isso que pega. Desafia-nos. Quantos sonhos temos guardados em gavetas?

Marcelo que também tem tantos outros nomes, pra realizar teu sonho não se põe limite. Vai além do que imagina ser capaz, mas que de alguma forma sempre soube que poderia um dia chegar. É óbvio que de praxe, em algum momento se perderia. Crise de identidade. E quem de nós sabemos quem somos na realidade? O cara permitiu-se a ir além. Arriscou e por isso talvez, tantos conflitos. Mas não se deixou vencer por isso. O filme é construído sobre arquétipos e por isso tem essa grandeza e tanta identificação.

Fala-se muito sobre Wagner Moura. Sem sombras de dúvidas, o cara está espetacular. Não é por acaso, que vem sendo considerado o ator do momento, mas o elenco todo está a altura. Vê-se uma grande homogeneidade. Ninguém muito além e muito menos aquém e, isto, sem sombras de dúvidas, em grande parte, é também mérito desta precisa direção. Mais surpreendente do que o protagonista, pra mim, é o diretor.

Vips é tocante e é sem sombra de dúvidas, a história de todos nós.

4 comentários:

Camilo Irineu Quartarollo disse...

Boa crítica, Pankada e numa pankada só. Vou me atentar a este filme.

Pedro Pellegrino disse...

Te mandei um email,Pankada. Abraços!

Anônimo disse...

Você escreve muito bem! boa critica! Escreva mais! Gostei tanto do comentário que vou ver o filme!

PANKADA disse...

Quem é você anônimo? Valeu. Apareça mais.