quinta-feira, agosto 13, 2009

SEM JUSTIFICATIVAS

Tem gente que frequenta aqui que nem imagino. Na rua andaram me perguntando porque está tão parado. Cansei de ficar tentando me justificar, mas o monólogo ainda continua me consumindo e não ando com vontade, ou nem inspirado pra novos textos. Então enquanto não arrumo um tempo decente pra este blog, volto a postar velhos textos para novos frequentadores.

Às vezes

Quantas vezes quase fomos atropelados porque a garota do outro lado da rua é sempre bem mais interessante do que o semáforo e o carro que vem feito uma bala em nossa direção.

Milhões de outras vezes quase morremos por elas de outras várias formas e nem se quer somos notados. Perdi as contas das vezes que eu quis convida-la para ser meu par nos bailes da escola, mas não o fiz por causa de um bendito frio na barriga.

Várias vezes enviei bilhetes sem assinatura e nunca recebi sequer uma resposta. Sempre me disseram que filmes não fazem bem, mas sempre os assisto, sempre os odeio. Por causa deles fico esperando o carteiro jogar cartas de amor por debaixo da porta, ou passo o dia clicando com o mouse no botão atualizar da minha caixa postal, com a absoluta certeza de que aparecerá um extenso email com declarações da tão sonhada garota.

Tantas vezes lhe telefonei e fiquei em silêncio só pra ouvir a doce voz do outro lado da linha. Todos os dias me sinto incompreendido. E na verdade só queremos alguém pra cochichar em nossos ouvidos canções silenciosas, ou nos acompanhar no supermercado, ajudar escolher roupas e cuecas no armário. Na verdade só queremos alguém pra abraçarmos e chorarmos, apertarmos e dizer o quão importante e feliz ela faz nos sentir. Alguém pra dividir sonhos e ler poesias.

Sou um cara jogado na calçada com uma blusa xadrez, calça jeans e um par de tênis velho. Sabe aquela garota que gosta da estrada, do vento soprando no cabelo? Aquela garota que dorme com a gente em qualquer pardieiro. O frio berra lá fora, enquanto aqui um calor desgraçado. Lágrimas descem como um alpinista desgovernado. É uma sensação de solidão. Não escolhi isto. É apenas um hábito.

2 comentários:

Anônimo disse...

De novo no pedaço. Gostei do empunhada da pena. Paulinho você sabe deixar a marca, é um artista, tem estilo. Passe lá e, apesar do contador de visitas, deixa um comentário para saber que é vocÊ. Um abraço.

Anônimo disse...

Adorei Paulinho!
Sua sinceridade e incrivel! Parabens mais uma vez!
"vento nos cabelos" freedom...
Bjs