domingo, novembro 08, 2009

ESTRANHO

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É bem estranho... olhar no espelho e ver minha fuça descoberta pelo pouco de barba que ainda tinha. Há anos não me via assim. Com isso lembro do tempo e do quanto tenho medo dele. Não tenho mais medo do que o medo de morrer incompreendido.

É bem estranho chegar de viagem e não ouvir o casual boa noite, ou jogar o travesseiro sobre a cama, ao lado de outro travesseiro que não será usado, ou será apenas como aparador de babas e o pior depois é encontrar a toalha branca, seca atrás da porta ainda.

É bem estranho não sentir o cheiro do rastro de um perfume pelo corredor da sala de estar. Mais estranho é ficar pulando de um lado pro outro pra não molhar os pés nas poças d´água no meio do quarto, ou ficar segurando um tapawer feito um equilibrista de circo tentando adivinhar onde vai cair a próxima lágrima. Pensar que pra acertar tem que errar e que a porra do erro traz conseqüências dolorosas. Só que não acredito em erros e acertos, mas vivo errando. E vão me condenar à forca? Quem, melhor do que eu? É bem estranho isso.

Estranho eu achar tudo estranho e me achar normal. Estranho é estar com sono e não conseguir dormir, a tantas da madruga, pensando em algo besta pra escrever. Estranha é essa necessidade de ter que por tudo no papel pra tentar tirar um nó da goela. Na verdade nada é estranho, a não ser você que teve as manhas de ler isso até aqui e ainda pensa que estranho sou eu. Bem estranho.

3 comentários:

camilo disse...

Mano, pior é, depois de escrever, ninguém nem ler o que escreveu pela madrugada, mas existem bons leitores. E sei o que você quer dizer com tudo isso, creia. O estranhamento é o princípio da filosofia e sabedoria, o que você, meu amigo, aprende na prática mesmo. A melhor faculdade. Esses dias passei alguns textos a um amigo e ele leu, letra por letra e comentou manuscrito. Sim, deu para perceber o que eu tinha escrito. O escritor precisa de alguém que leia e dê o retorno, como o ator.
Pankada, estou procurando editora para lançar um livreto de poucas 27 folhas. Se souber de alguma, dê um toque. Um abraço.

Arlley Parreira disse...

Irrepreensível... Simplesmente isso!
Quero dizer, não tem nada de estranho! Parabéns pelo texto.
Não deu para irmos a peça pq eu, Eliane e Cris já tinhamos comprado o ingresso para ver o debate com a Fanny Ardant que acabou nem comparecendo.
Ósculo e Amplexo fraterno

Vivi Motta disse...

hello stranger!!!