E é hoje a estréia lá no Satyros 1. Desde o ano passado numa correria danada. Uma criação coletiva. Um trampo que valeu a pena. To feliz pra cacete. Esse último mês passamos internados no espaço. Uma peça um bocado ousada, com umas paradas bem diferentes. Segue o link com mais informações, inclusive de como aconteceu tudo. aqui. E um video com algumas cenas. Espero-os lá.
sexta-feira, abril 30, 2010
quinta-feira, abril 29, 2010
QUEM AVISA AMIGO É
Não me lembro como, mas tempos atrás, fuçando pela internet encontrei uma lista de palavras que jamais devem ser procuradas no google, a não ser que você seja tão idiota e teimoso como eu. Tudo nesta vida é uma questão de opção. Óbvio. Sei que isso deixa todos curiosos, por isso vou postar as palavras aqui, mas deixo bem claro, é uma opção sua procurá-las ou não. Só não me culpem depois e nem me chamem de desocupado.
1º. This is not sexy - e clicar “Estou com sorte”
2º. 2 Girls and 1 cup
3º. GlassAss.com - e clicar “Estou com sorte”
4º. Muito nojento - em Imagens do google
5º. Large anus - em Imagens do google
6º. Goatse - em Imagens do google
7º. Lemonparty - e clicar “Estou com sorte”
8º. Fisting - em Imagens do google
9º. Gypsy 100 - em Imagens do google
10º. Motumbo - em Imagens do google
Agora. Quem for macho mesmo. Quero ver assistir esse video até o final. Aqui.
terça-feira, abril 27, 2010
segunda-feira, abril 26, 2010
domingo, abril 25, 2010
sábado, abril 24, 2010
ESTRÉIA HOJE
Lá no Espaço dos Parlapatões, o novo texto do grande brother Mário Bortolotto. Aos sábados 21h e domingos 20h. No blog dele com link ai do lado tem mais informações.
domingo, abril 18, 2010
CACHO DE MARIMBONDO
Hoje foi um domingo bem bonito. Nunca achei graça nos domingos. São depressivos. Acordei descansado e abri um vão na persiana do meu quarto. O sol deu uma lambida nos tacos do chão. Tava tudo silencioso lá fora. O que é raro. Minha janela da de cara pra Faria Lima que tem sempre um trânsito maldito. Tem muito busão que passa e são barulhentos pra cacete. Já to até acostumado, mas sempre acordo cansado. Não tenho sossego. Durmo com tampões pra ajudar.
O vento tava forte lá fora. Sacudiu a persiana e o cacho de marimbondo que tem dentro dela se manifestou. Fez o barulho costumeiro. Fazia tempo que não o ouvia, pensei que todos os marimbondos tivessem mortos, mas não. Eles ainda estão lá e bravos. Cada vez mais bravos. Rezo pra que nunca fujam dali. Acho que estão presos há mais de 80 anos e imagino que sejam gigantescos.
A luz que vazou pela brecha da persiana deu um certo charme na manhã. Fiquei na cama lendo Bukowski. Fazia tempo que não lia nada. Não conseguia. Ando sem tempo, sem ânimo, mas é muito prazeroso. Pensei em colocar um cd de Anton Bruckner, pra me acompanhar na leitura, mas o silêncio conseguiu ser mais atraente do que a música dele. Fui muito resistente, pois tava convicto de que a música clássica nesta manhã também combinaria muito com o charme da luz de alguns dos raios do sol.
Os fins de tarde do outono tem um brilho diferente. Procuro sempre estar na rua neste horário. O sol procurando um lugar pra se esconder é de uma beleza ímpar. Ele fica tímido nesta época do ano e prefere não irradiar muito. Somos mais amigos assim. Ele me tosta menos. Daqui a pouco esfria pra valer. O inverno. Confesso que mesmo tendo uma tara por noites geladas, saio durante o dia procurando pelo menos por um pedaço do sol, enquanto no verão brinco de esconde-esconde com ele.
Daqui a pouco ficaremos encolhidos em nossas camas, observando lágrimas se transformarem em pedras de gelo, enquanto pensamos num jeito prático de espantar o frio, enquanto na nossa vitrola toca uma bela música, ou esperamos por um sonho que espante os antigos pesadelos, ou tristes lembranças, ou até mesmo aquela sensação criada pelo cheiro daquele doce perfume. Um dia entenderemos que podemos realmente mudar, mesmo que o frio doa, ou rache nossos lábios. Aprenderemos que por algumas coisas valem a pena chorar até a última gota.
Sempre fazemos escolhas equivocadas. Apaixonamos-nos no momento errado, ou insistimos em não gostar de quem realmente nos ama. Vivemos cheios de medo. E na verdade não vivemos o que temos que viver, porque a merda do medo não nos permite dar um abraço daqueles bem apertados na Felicidade. Não sei onde ando com a cabeça pra escrever uns troços nada a ver. Não sei por onde ando desde que resolvi... Só sei que preciso tomar mais cuidado com a porcaria do cacho de marimbondo. Na hora que conseguirem escapar to fodido. Acredito que todos já devem estar de bengalas, mas mesmo assim deve doer pra cacete as ferroadas desses bichos gigantescos.
sábado, abril 17, 2010
terça-feira, abril 13, 2010
EM VÃO
Alguém sabe me dizer o que é um ANTRO EXPOSTO?
Já conheci muito nego louco, mas igual a um sujeito chamado Ruy Filho, nunca. Eu acho. Quem em perfeita lucidez colocaria o nome de uma companhia de teatro de ANTRO EXPOSTO? Que porra é essa? Encontro muito com os caras, mas nunca tive as manhas de lembrar de perguntar o significado disto.
O pior ainda está por vir.
O cara tem seguidores.
Não sei quem é mais louco. Os malucos que o segue, ou ele.
Mas uma coisa é inegável, inquestionável e indiscutível. Desde que fundaram esse grupo, eles tem feito muito barulho na cena teatral paulistana. Montando peças e outros eventos como performances etc com nomes tão estranhos quanto o do grupo e com o mínimo de apoio.
ENTULHO, COMPLEXO SISTEMA DE ENFRAQUECIMENTO DA SENSIBILIDADE, agora EMVÃO e outras.
E todo esse prólogo pra poder falar desta última peça que citei. EMVÃO. Estreou semana passada, lá no espaço onde ocupam há mais ou menos dois anos, se não me engano. O elegantíssimo Centro Cultural Rio Verde, localizado na Vila Madalena, mais precisamente na Rua Belmiro Braga.
Antes de continuar preciso deixar uma coisa bem clara. Sou ator, como todos sabem e vou muito ao teatro, mas sou um sujeito um tanto burro, duro pra entender o que quer que seja. Uma piada, se eu não tiver quinze minutos pra refletir sobre, não a entendo, ou seja demoro ao menos 15 minutos pra gargalhar, se for interessante, é claro. Agora imaginem com filmes e peças mais complexas.
O trabalho anterior do grupo “Complexo...” tive que assistir duas vezes pra começar a entender alguma coisa. Assisti a primeira vez e sai doidão, transtornado e não sabia o porquê. Fiquei inquieto durante muito tempo até ter coragem de ir rever pra conseguir juntar uns cacos. Ai sim. Mas foi só depois de ter visto EMVÃO que fui entender que o que menos interessa no trabalho dessa rapaziada é entender algo. Como o próprio nome diz, “emvão”, tudo o que precisamos entender está nos vãos, nas entrelinhas. É isso? rs... E a peça te pega por uma outra via. Como as outras também me pegaram. Vixe, espero não estar endoidando de novo.
Confesso que não sou muito chegado em teatro físico, abstrato etc. Não sei se o teatro dessa rapaziada é isso, mas é foda. De tirar o fôlego. Vendo aquilo tive vontade de chorar por uma infância que jamais vou reencontrar, vontade de me atirar lá no meio daquele monte de botões e brincar com a rapaziada, como se fosse ali o poço da salvação, a recordação de belos dias que tive em cima de bikes detonadas quando moleque, sob fortes chuvas de granizo. Vontade de ficar sentado ali até começar a próxima sessão.
Pela primeira vez na vida, o trabalho corporal numa peça não me incomodou. Porque não tem nada sobrando e não é uma tentativa de demonstrar algo, oco, na maioria das vezes, mas é crucial a tudo aquilo. Tudo na peça ta bem encaixado. Pra entendermos melhor. A peça é de tirar o fôlego, como já disse, não é possível piscar e quase não se consegue respirar, porque ela te prende do começo até a hora em que deitamos na cama pra começar a sonhar.
A partir de então fica mais fácil entender porque acho todos eles muito loucos. Quando ouço o Ruy contando algumas idéias, acho todas quase impossíveis de serem realizadas e depois de um tempo o cara a realiza e o melhor, sem grana nenhuma, só com a ajuda e o trabalho árduo de toda a rapaziada. Quando me contou que ia construir um labirinto de plástico bolha, em plena praça Roosevelt pra dar uma prévia de Hamlet, achei absurdo. Dias depois lá estavamos eu e a diva, perdidos dentro daquilo. Eles saem no peito, atrás de alguns apoiadores. Ficam sem dormir etc e conseguem realizar tudo ao que se propõem.
É, meus amigos, ainda existem pessoas com esta disposição toda, porque felizmente ainda acreditam nessa utopia que é a arte, acreditam em mudanças e o caralho a quatro. E com essa dureza toda conseguem realizar um trabalho de uma honestidade sem tamanho e uma das coisas mais interessantes pra se ver aqui em São Paulo. E a pergunta que não se cala. Até quando trabalhos e grupos como estes vão ter que passar por esse perrengue todo? Nada contra os teatrões que tem todos os patrocinadores, leis etc, mas... deixa pra lá e seguimos adiante.
O maluco do Ruy. Opa, antes de mais nada, o Ruy é um sujeito que admiro e meu amigo também. Uma madruga o abordei de sopetão na rua Cardeal Arcoverde e o convidei pra dirigir o monólogo que faço e ele muito lúcido aceitou. Que medo, confesso. Mas voltando ao que interessa. Ruy deve ter levado lá pro espaço as lâmpadas dos abajures da sua casa e fez uma iluminação sensacional. Podem acreditar. Conseguiu um brasileiro agringalhado pra compor a trilha, e que trilha! E arrumou um quarteto de cordas pra executa-la ao vivo. Os músicos são exímios e respiram o tempo todo com os atores, contribuindo pra nos deixar pasmados. Tudo isso, não sei como, mas com certeza toparam por acreditarem muito no projeto.
O figurino é magnífico. A peça tem um classicismo que sinceramente nunca vi nada mais interessante no teatro brasileiro. Estou comparando às diversas montagens que já vi de Tchecov, Shakespeare, Ibsen etc e afirmo categoricamente que nenhuma conseguiu essa sutileza clássica. O elenco sempre surpreendente. O brother Tiago mostrou que chegou pra ficar, foi muito além das piruetas que se propôs a dar. Vê-se um grande ator. Guilherme sempre destruidor. Excelente! Raiani, encantadora. A cada trabalho mais madura e o Diego, ahhhhh, nem tenho o que falar e nem preciso.
Enfim.
Pra finalizar, só mais duas coisas. Não percam nem fodendo esse trabalho e como é bonito o sol de fim de tarde aqui na rua de casa. E o que o cu tem a ver com as calças? Eu não sei. Segue o serviço. No flyer acima. Todas as terças às 21h.
Ah, como admiro gente louca. O mundo realmente precisa de mais malucos como estes pra nos presentear com grandes obras toda a vida. Ai sim vejo esperança. Matem-a.
quinta-feira, abril 01, 2010
BMX
I
“saudade é uma palavra bonita pra cacete, mas dói mesmo quando tá parada no peito da gente.” – Marina F.
Sempre gostei da palavra saudade e do que ela causa na gente e por isso copiei esse trecho acima do blog de uma amiga que há muito tempo não vejo e nem falo, mas alguém por quem tenho muito carinho. Pra ler o resto do texto, acesse o blog dela com link ai do lado.
II
É movido pela saudade que sempre acabo fazendo o monte de merda que sempre faço. Saudade é uma palavra freqüente nos meus textos, principalmente na dramaturgia, às vezes bem diretas e outras vezes mais diretas ainda.
Não foi a toa que bloguei este vídeo no post abaixo. Fuçando vi sem querer um vídeo no youtube daqueles viadinhos azuis, os smurfs e continuei mexendo até chegar neste de aberturas. Lembrei duma porrada de coisas.
“Ò dia, ó vida, ó azar.” Flinstones, Jetsons, Smurfs, Thundercats, Gato Félix, Pantera Cor de Rosa, Manda Chuva e por ai vai. No INFANTv com link ai do lado também, tem mais coisas sobre isso. Vale a pena rever.
III
O presente que mais almejei durante quase toda a minha infância ganhei num Natal de mil novecentos e oitenta e tantos. Eu devia ter uns 8 anos. Minha primeira bike cross. Compramos no Carrefour. Ir ao Carrefour era muito divertido. Comia todos os salgadinhos e doces que não tínhamos grana pra comprar e depois deixava o pacote abandonado no balcão. Normal. Uma vez fui pego e deu uma puta treta. Mas não é esta a história agora.
Chegamos em casa tardão com as duas caixas imensas. Nem sei como coube no porta malas do Corcel I marrom coco, do meu padrasto. Depois de muita pentelhice, conseguimos convencê-lo a montá-las naquela noite. Falo de nós porque, meu meio irmão também ganhou. Eu tenho um meio irmão, meio japa.
Capotamos quase 3 da madruga, mas é óbvio que a alegria e ansiedade eram tantas que male má pregamos os olhos. Meu meio irmão, que na época devia ter 6 anos de idade, acordou às 4h30 da madruga e começou a me cutucar ao pé da cama. Depois de muito esforço consegui abrir os olhos e ele com um jeito que nunca mais vi, disse:
- Vamos? A chuva já passou.
Garoava um pouco ainda. O cheiro de terra molhada da vila onde eu morava não deixava o tempo mentir.
- O pai e a mãe estão até roncando. – riu ele.
Vestimos os nossos moletons amarrotados. E sem lavar o rosto, sem comer ou escovar os dentes, pegamos nossas Monarks Cross de pneus coloridos e fomos pra rua, debaixo daquela fina chuva.
Aquela não era exatamente a BMX que eu almejava, mas se parecia um pouco. A BMX era bem mais cara, da Caloi, mas a minha tinha espumas nos canos e pneus azuis. E era o que importava. Era o suficiente pras pessoas ficarem impressionadas olhando, cochichando e apontando. Foram poucas vezes na vida que me senti fodão e essa foi uma delas e me lembro bem.
Eu tava todo encharcado, mas me sentia o bonitão diante daquelas pessoas escondidas debaixo dos seus guarda-chuvas. Meu irmão parecia um pinto molhado. O cheiro de terra molhada dava um ânimo naquela manhã.
Como me liguei que as pessoas não paravam de olhar, empinei o nariz e comecei a fazer umas gracinhas. Umas pequenas empinadas. Era o máximo que conseguia. Sei lá quando isso iria se repetir novamente. Eu era um pouco pequeno praquela bike. Um pirralho. Rua de terra, toda molhada e cheia de lama. Já sentiram a merda, né?
Nenhum segredo. Chegamos em casa horas depois. Minha mãe preocupadíssima, mas nem apanhamos desta vez. Nossos sorrisos alegres devem ter causado algum bom efeito nela. Perdemos a hora da escola e tudo, mas brincamos a tarde toda e ainda comemos bolinhos de chuva, assistindo os Goonies na Sessão da Tarde. Enfim. Lembro disto tudo, porque é bom pra cacete. Nem sei por onde anda meu irmão e é claro que tenho saudade do cara que um dia já foi meu melhor amigo.
Tenho uma baita saudade daquelas bikes e daquelas pedaladas descompromissadas. Saudade do pão caseiro da minha velha, saudade de não fazer nada. Saudade daquela música infernal dos Smurfs lá, lá, lá, lá... que sempre cantavam em suas caminhadas. Saudade... de sorrir? Lembro exatamente do dia em que tirei esta foto acima.