Acordei com o mundo girando. Óbvio. Foi um sonho que tive. E o sol que não teve as manhas nem de bater na porta, adentrou o quarto logo cedo tostando todos os meus miolos. Sai caminhando confuso pelo quarteirão, quando anoiteceu, procurando alguma maneira de diluir o efeito da angústia que insiste em se hospedar no meu peito como um viajante solitário. Sopro minha gaita nas caminhadas e toco qualquer nota, que se transforma numa bela canção de ninar. Boi da cara preta? Não. Eu não sou mais criança, mas tenho medo de careta, até hoje.
Percebo que sou vigiado de dentro dos apartamentos dos prédios da Teodoro que piscam suas luzes como árvores de natal. Tenho evitado fazer o caminho de volta pra casa. Até tenho me perdido de vez em quando. Tudo isso pra ver a lua aparecer em algum continente.
Ando querendo esquecer como faço pra chorar às vezes porque tem uma forte chuva fugidia de verão que não vai embora nem a pau. O temporal estilhaçou o vitrô da cozinha e abriu um puta talho na minha testa. Novamente não senti nada, só percebi quando vi o chão manchado. Dói mesmo bem aqui, conseguem ver? Não deixei o cardiologista dar nenhum ponto na evidente buceta na minha testa. Alguém tem o telefone dos Ghostbusters? É assim mesmo que se escreve essa porra?
2 comentários:
Aí, Pankada, não jogue estes textos heim, isso são como primícias de um longo escrito, que pode tornar livro ou um testemunho de alguém que sofrer a dor que a vida lhe trouxe.
Um abraço, mano.
Poxa o ano passado ganhei o esboço de um livro com todos estes textos e penso muito em publicar mesmo. Foi o melhor presente que já ganhei. Um baita incentivo. Ficou bonito. Escreveu pro Mirisola?
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