sexta-feira, junho 11, 2010

EXCERCENDO A FUNÇÃO

DSC_1975

Tenho procurado argumentos em sacos de algodão doce, junto com respostas para as perguntas que ainda nem me foram feitas. Debaixo do meu colchão é onde se escondem as palavras que tento encontrar pra escrever aqui.

Desenhei-me ao lado de um forno elétrico com meias de lã pra não deixar que o gelo estourasse a ponta dos meus dedos. Tenho procurado abrigo junto aos mendigos no meio da rua.

Acordo às 5h da manhã pra ver o sol nascer cada dia em um lugar inusitado. Durmo logo após a sua recolhida.

Ando distraído, sem saber o que dizer e o que e pra quem. Ando assim... como sempre andei, com as duas mãos escondidas nos bolsos do agasalho de lã, soltando fumaça pela boca, esperando por uma sopa de cebola ou um chá indiano cremoso, com a cabeça coberta por um capuz.

Tenho procurado remédios homeopáticos para curar a leseira do cérebro. Tenho procurado saídas estratégicas em ruas sem saída na hora do rush. Protetores para as minhas bolas, pra não se machucarem quando eu for atropelado por uma máquina de arar atravessando a Rebouças de olhos vendados. Tenho escrito tantas asneiras, só pra não ficar mais tempo sem escrever. E desde quando alguém tem algo pra entender?

Sabe um sujeito inteligente? Vixe... Ainda vou entender porque nada linear se forma em meus pensamentos. Ainda vou entender, porque ando com baldes pendurados no pescoço. Não quero ver poças d´água após aquela chuva fugidia de verão. Verão? Tão brincando. Fique bem longe de mim, por enquanto. Pelo menos por enquanto. Só até eu conseguir acabar a poesia que comecei a lhe escrever em 1979.

6 comentários:

Camilo Irineu Quartarollo disse...

Aí meu amigo. Obrigado pelas palavras catadas na rua de são paulo, que eu mando daqui algumas que estavam sob as folhas de coqueiro. É mesmo assim, tem hora que as palavras não vêm, mas o que é o silêncio senão a plenitude delas, já dizia um escritor (esquecido como todos). Pior que a falta de palavras é a de memória e, por vezes, o cerebro nos impinge isso para sentirmos as palavras mais simples como amizade simplesmente, sem cor, nem religião, nem status social. Eu tenho meus apagamentos também, me fogem as palavras e nomes, principalmente nomes próprios, né...P...pankada.

Pedro Pellegrino disse...

Escrevendo cada vez melhor,brother. Vou tentar conferir a sua peça. Abração.

CL disse...

A gente se encontra nos momentos de maior despretensão. Com as mãos nos bolsos de lã e um olhar blasé!

fabianamello.jornalista@gmail.com disse...

Adorei!

Farah Serra disse...

Adorei também! Um beijo.

Rodrigo Carlstrom disse...

Muito louco este texto!