sexta-feira, agosto 27, 2010

Comemoração

E amanhã vai rolar a festa do pessoal do Cemitério de Automóveis. Será lá no Centro Cultural Rio Verde na rua Belmiro Braga, 119 na Vila Madalena. Na minha opinião é um dos lugares mais bonitos e aconchegantes de São Paulo. Vale a pena.

Vou aproveitar que esta semana completei mais um ano de vida, que nem é tanto assim, mas o corpo já sente a diferença e vou reunir os amigos lá e comemorar com todos. Passa rápido demais e cada vez dói tudo mais um pouco.

Espero que leiam a tempo e apareçam. Vai ser bem legal.

Festa Cemitério de Automóveis

Blog da Talita

E essa semana rolou a apresentação do Homem Com a Bala na Mão. Apesar de todos os problemas técnicos gostei de ter feito. Sempre gosto. Tenho plena consciência de que a peça ainda tem muito o que amadurecer, mas sinto que isso vem acontecendo a cada apresentação, obviamente e por isso insisto em fazer. Enfim…

O legal disto tudo é que na platéia só tinha gente que gosto muito. A maioria conhecidos e alguns desconhecidos. Senti que o público curtiu e isso é o que importa. Essa peça tem uma história e é bem importante pra mim. Recebi alguns emails com bons comentários.

A Talita que vem frequentando a pouco tempo a praça e acompanhando e dando um baita apoio aos meus trampos, escreveu sobre a peça no seu blog. Ela é jornalista. Ta sempre com o Babu, que acho que São Paulo inteiro conhece. São as pessoas mais generosas que já conheci. Não tem tempo ruim e estão sempre apoiando e torcendo pelos amigos. A Talita é dessas pessoas inquietas, pensante. Ta sempre bolando alguma ação de causa nobre. Gostei bastante do que escreveu. Saca só:

 

Monólogo - Paulinho Faria

“Já fomos perfeitos um dia: foi no exato momento em que deixamos o ventre...”

Hoje eu vi O homem com a bala na mão. Ele pensava em suicídio, mas antes de cometer um crime contra si mesmo, ele queria muito falar. Falar e nos fazer pensar. Ele abriu a porta da sua casa, nos convidou a entrar no seu quarto. Sentados ali, diante dele, presenciamos um homem com um pouco mais de 30 anos, desabafando seus ressentimentos.

Ele contou aos presentes algo sobre a vida e morte do seu pai, que abandonado pela mulher criou o filho por alguns anos, mas acabou com a sua própria vida ali mesmo onde estávamos. Sentado na janela, deu um tiro na cabeça.

Também ouvimos a história da vizinha que andava nua pela casa com a janela aberta, até fechá-la, deixando ele louco de desejo por ela. E na mesma janela, este homem viu um outro, que, sentado ali abriu os braços e se deixou levar, sem um grito, sem uma palavra, apenas inclinando seu corpo para a frente, e num piscar de olhos a vida se foi. Antes disso o que houve?

Quantos pedidos de socorro essas pessoas deram antes do crime final? Ninguém os ouviu? Alguém fez que não viu?

Notei que algumas pessoas saíram do espetáculo meio baixo astral, reflexivas demais. Eram pessoas que tiveram amigos ou conhecidos que chegaram ao seu limite e apertaram o gatilho. E pelo que conversamos sobre o assunto, a sensação que fica é essa mesma, de peso, de uma certa parcela de culpa por não ter reagido quando era possível fazer alguma coisa. Um abraço talvez, mudasse a questão. Estamos disponíveis pra isso? Quem quer se envolver?

De quem é a responsabilidade quando se dá as costas para alguém que precisa desesperadamente de um pouco de atenção?

O ator  e autor do monólogo, Paulinho Faria, foi audacioso na escolha do tema.  De fato, é fácil desprezar ou agir preconceituosamente com quem precisa de ajuda; em geral ou julgamos, ou fugimos do assunto.

É desagradável, assumo, não quero nem pensar em coisas do gênero. Mas às vezes vale a pena levar um tranco desses. A linda música que tocou no final do espetáculo, foi composta por um garoto muito talentoso que recebeu na internet apoio, numa dessas comunidades de apologia ao suicídio, para se matar. E ele o fez!

No início do espetáculo o ator colocou no chão, num canto estratégico, um papel dobrado, e nos disse que era uma carta para ser lida quando ele se fosse. Quando tudo acabou, alguém pegou o papel do chão, e lá estava o relato deste caso, um entre tantos milhares que desprezamos.

O tempo todo o movimeto e o tom da luz avermelhada, o sutil som da goteira e do tic-tac interminável, despertavam no público tensas sensações . Que incômodo! Paulinho Faria estava tão entregue quanto envolvente. Eu diria que foi desagradável, e por isso mesmo um grande espetáculo!

Meu coração demorou uns 20 minutos para desacelerar! Isso porque o texto  aborda questões como o silêncio, o tempo, o momento, o estado da felicidade, e a morte como sendo o fim ou o começo de algo novo. Ele assusta com as reações flutuantes do seu personagem, que despeja sobre o público o que pensa, o que sente. 
E para complicar ainda mais, propõe ao público que tudo aquilo não passe de uma grande mentira, que ele possa estar brincando conosco assim como nós brincamos com ele ou com outras pessoas o tempo todo. É sério! Que tipo de trocas andamos fazendo hoje?

Aquele cara estranho, que vive trancado no seu canto, pode estar com a bala na mão. Se você perceber, por favor, não o despreze, talvez um gesto simples, como um abraço, possa ajudar.

OBS:

A apresentação única aconteceu em 24 de agosto, com a casa cheia!

Tinha gente sentada até no cantinho da escada. Acho que alguns não compreenderam, outros ficaram chocados, era espetáculo ou não era? Ele se matou ou não? Se houver uma segunda chance, eu aviso para voce mesmo testemunhar os fatos.

Parabéns ao grande ator e agora autor!!!

quarta-feira, agosto 25, 2010

UMA BOA DO JABOR

A BUNDA DURA 

É melhor você ter uma mulher engraçada do que linda, que sempre te acompanha nas festas, adora uma cerveja, gosta de futebol, prefere andar de chinelo e vestidinho, ou então calça jeans desbotada e camiseta básica, faz academia quando dá, come carne, é simpática, não liga pra grana, só quer uma vida tranqüila e saudável, é desencanada e adora dar risada.


Do que ter uma mulher perfeitinha, que não curte nada se veste feito um manequim de vitrine, nunca toma porre e só sabe contar até quinze, que é até onde chega a seqüência de bíceps e tríceps.


Legal mesmo é mulher de verdade. E daí se ela tem celulite?


O senso de humor compensa. Pode ter uns quilinhos a mais, mas é uma ótima companheira. Pode até ser meio mal educada quando você larga a cueca no meio da sala, mas e daí? Porque celulite, gordurinhas e desorganização têm solução. Mas ainda não criaram um remédio pra FUTILIDADE!!"


Arnaldo Jabor


E não se esqueça....

Mulher bonita demais e melancia grande, ninguém come sozinho!!!!!"

segunda-feira, agosto 23, 2010

ÚNICA APRESENTAÇÃO

Vai ser nesta terça 24 de agosto de 2010 às 21h30 lá no Satyros 1. Só essa apresentação. Quem puder dar uma força divulgando, por favor. E apareçam.

o homem

http://satyros.uol.com.br/index.php/satyrosum/programacao-da-sala

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sexta-feira, agosto 20, 2010

E AMANHÃ É DIA…

DOS AMIGOS SE ENCONTRAREM PRA MAIS UM TREINO E JOGAR CONVERSA FORA. APAREÇAM.FLYER JIU

quarta-feira, agosto 18, 2010

DUPLA DE OURO

terça-feira, agosto 17, 2010

MALDITOS SONHOS EM NOITES FRIAS

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Nesses dias frios tenho tido sonhos ímprobos. Tenho preferido ficar sob os cobertores de lã enrolados sobre minha cama. Tenho seguido o choro estranho que começa no andar de baixo, como o rugido de um leão perdido no telhado da casa de alvenaria da vizinha da vila de onde minha mãe cresceu.

Nesses dias frios, que tanto esperei, abri mão de chocolates quentes, que aquela minha avó do tapete voador preparava, enquanto eu me estilhaçava com pequenos pedaços das sobras das janelas dos apartamentos dos filmes musicais da década de 30.

Nesses dias frios ando sem roupa pelas ruas de Urano. Ando abraçando indigentes e secando seus cabelos com secadores de lojas de “eletrodomésticos falsificados”. E abro todas as janelas para que o vento traga as mais raras canções, vindas da Europa, Ásia, ou da vitrola que vejo ao lado do fogão a lenha com minha luneta hightech aqui do vitrô do meu banheiro, num apartamento distante quilômetros do meu.

Tenho dormido mais do que deveria... nesses dias tão gelados. Tenho cantarolado pequenas frases de comerciais de margarinas cremosas bem mais do que deveria.

E nesses dias frios decoro os textos das novelas de uma antiga emissora falida e os atiro sobre os parabrisas de carros desgovernados guiados por meigas criaturas revelhuscas perdidas na Washington Luis em madrugadas nebulosas.

Leio romances fajutos de autores esquecidos, de autores desconhecidos e de personagens inermes, que buscam, buscam e buscam... até morrerem. De personagens que esperam que algo aconteça amanhã. Personagens que perdem sua história neste momento, pensando que pode aparecer algo melhor depois, mas o depois nunca chega. E choram como a vizinha do andar de baixo, ou como crianças quando perdem seus pirulitos espirais, das cores do arco-íris, de onde consegui minha primeira barra de ouro.

Tenho tatuado diamantes debaixo do superfícilio cicatrizado por causa de um golpe perdido na madrugada de segunda-feira daquele ano que sempre quis não lembrar. Fui atropelado enquanto descia uma banguela sobre uma mountainbike e o aparelho que eu usava pra desentortar os dentes, rasgaram meu beiço de ponta a ponta rendendo-me 50 pontos mal costurados por um açougueiro de plantão de beira de estrada. Foi numa noite fria, madrugada de segunda-feira. Eu tinha 18 anos e hoje tenho um pouco menos. Tinha alguns juízos e agora todos já partiram. Faz um frio de lascar no meio da rua. Meu dedão partiu ao meio depois que a neve o congelou.

Ahh, nesses dias frios... sinto muita dor.

domingo, agosto 15, 2010

QUE MERDA É ESSA?

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Toda vez que vejo o vídeo abaixo, dá um engulho. Nem me pergunto o por quê de tão óbvia que é a resposta.

Que merda somos?

E vejo uma geração de merda da qual faço parte e não faço nada pra que seja diferente. Diferente no sentido profícuo da palavra.

As pessoas acham bonito serem diferentes e criam tribos e ficam mais valentes, se vestem feitos idiotas e se furam inteiros, desenham no próprio corpo, batem, xingam, fazem caretas em fotografias, não tomam banho, não penteiam o cabelo, vestem roupas velhas, decoram textos e os dizem em cima de um palco, ou diante de uma câmera e se acham sensacionais por isso e eu continuo não entendendo porra nenhuma. E tem outras pessoas que ficam criticando tudo isso. E tudo. Eu. E ai?

E toda vez que vejo esse vídeo, fico com vergonha de mim, das minhas conquistas pessoais, profissionais e blá blá, das coisas que ainda corro atrás etc. É tudo muito pequeno, insignificante. E o máximo que ainda consigo é escrever quase chorando neste blog, por causa da vergonha talvez, ou beber umas no fim de semana dizendo que é pra relaxar porque também sou filho de Deus, ou arrumar alguma garota tão perdida quanto eu pra passar a mão na minha cabeça quando a solidão aperta. Ou até receber míseros aplausos, às vezes, após uma apresentação, ou alguns elogios sobre alguns textos, ou uma competição vencida. É o máximo que consigo pra me conformar?

E um soldado moleque, digo moleque porque não devia ter nem 25 anos, porém tão grande perto do seu feito. Cansado de tanta merda e de ver tanta gente morrendo, gente pobre como diz ele, empeitou sozinho um país inteiro e não um país qualquer. Uma potência. E disse o que muita gente queria ter dito há muito tempo, ou estavam excessivamente cegos pra verem toda essa putaria. Denunciou sobriamente.

Enquanto isso os ricos ficam lá acendendo seus charutos, bebendo uísque importado e morrendo de rir, porque quem lhes era ameaça, já não é mais. E cada vez mais ricos, enquanto os pobres cada vez mais fodidos. E o truque deles é uma lavagem cerebral dizendo que estão defendendo e honrando a pátria. Que porra de pátria é essa? Serve pra que?

E a guerra nada mais é do que uma disputa “ingênua”.

E o moleque foi lá e disse tudo o que tinha pra dizer pro mundo inteiro. Sem medo e com a voz embargada no final do discurso, por ter desentalado o mundo que estava em sua garganta.

Não foi só pra se sentir aliviado e se redimir de toda a culpa por ter, provavelmente, tirado a vida de pessoas nessa guerra insana. Pelo brilho dos olhos, foi porque é honesto e acredita pra valer num mundo de verdade. Que pra mim isso sempre foi uma questão utópica.

Não ficou sentado na poltrona da sua casa, ou na mesa de algum bar entre amigos criticando pra se fazer de fodão. Foi e fez. E tanto fez que dois dias depois tiraram sua vida. Obviamente ele tava ciente de que isso iria acontecer.

A autópsia alegou ataque cardíaco. E eis a questão. E como um moleque que está um pouco longe de completar 30 anos pôde ter tido ataque cardíaco, exatamente dois dias depois? Passou por uma guerra e nada aconteceu. Em repouso teve isto? E todos se calaram e estamos calados. É foda ou não é? O inimigo como ele diz está bem mais próximo do que o previsto. Esse sim é um maluco. Gandhi foi maluco, Jesus Cristo foi maluco e poucos outros. E o resto? É resto. É só pressão. E por isso que tudo continua a merda que está.

Obviamente sei que não é só isso, mas parto aqui da premissa de que a maior revolução é a revolução interna.

Sobe tudo. Vivemos num país onde se paga a maior taxa de impostos do mundo e aplaudimos. E amanhã vai subir o arroz e o feijão de novo e vai fazer uma puta diferença pra muita gente que corta cana das 5 da madruga às 5 da tarde num sol à pino filho da puta de quente e vamos aplaudir e dizer que está tudo bem. Ou melhor, vamos parar num restaurante à quilo, encher o nosso prato de rango, comer até entupir o cu e depois jogar no lixo o que não nos couber mais. Eu continuo aqui. Deitado. Escrevendo. Pensando nestas coisas todas e não faço porra nenhuma. Nada além disto.

E agora tem eleição e vamos votar em quem? Tem alguém confiável? Pau no cu. Vamos fazer uma campanha pra todo o país anular e ninguém entrar. Simples assim. Utópico, não é? Vão dar um vale coxinha pra quem ta morrendo de fome e ta tudo resolvido. Serão eleitos.

E eu? Eterna pergunta.

E tem uns babacas que se acham doidos porque picham em lugares absurdamente impossíveis de se conseguir pichar. E sujam a cidade e a merda toda e dizem que é arte. Que precisam se expressar. Vão dar a bunda.

E eu me sinto um merda a cada frase que ouço no vídeo, a cada palavra que digito aqui. E o máximo que consegui foram... vocês já sabem. E como posso me sentir alguma coisa com isso? O que são essas porcarias diante de um ato tão heróico?

Posso até estar supervalorizando isso, mas alguém já soube de algo mais bravo por agora?

Pode soar como demagogia, como papo bicho grilo de barbudinho universitário. Pode soar como a puta que te pariu, mas mais uma vez foda-se.

Dá um engulho. Um engulho danado.

terça-feira, agosto 10, 2010

Via email

Este video me chegou esta semana. Sensacional. Ai sim tiro o chapéu!

“Discurso de um soldado americano, (vejam antes que o vídeo seja banido da net.)
O soldado apareceu morto 2 dias depois do discurso.
A autópsia revelou ter sido um ataque cardíaco.”

Alguém acredita em ataque cardíaco?

CONSULTE A PEDRA

Previsão do tempo

previsao do tempo

domingo, agosto 08, 2010

A PIOR COISA QUE ME ACONTECEU POR ESSES DIAS

caindo de sono

Tomei um susto hoje pela manhã quando vi meu rosto estampado na primeira página do principal jornal de São Paulo. Bebi meu café olhando atentamente para a foto, pra me certificar. Sabe como é quando a gente acorda? Até a ficha cair... Lavei a cara umas 5 vezes pra não restar dúvida nenhuma. Ao abrir o caderno principal, lá estava minha ignóbil figura preenchendo quase toda a página da matéria. Difícil acreditar. Juro que nunca almejei isto, mas aconteceu. E quando eu menos esperava. A-con-te-ceu. Quem me conhece sabe que não sou de brigas, mas já fui. A última briga foi pra defender um amigo que estava apanhando na porta do colégio de uns 4 caras enormes. Eu tinha 13 anos e ainda não raciocinava direito. Então cai na besteira de querer ajudá-lo. Que merda! Dói só de lembrar a surra.

Tudo pra tentar impressionar uma garota, que nunca mais vi. Mesmo fazendo muito tempo é inevitável não recordar este episódio. Ainda guardo de lembrança marcas e cicatrizes daquele dia. Devo admitir que por um lado foi bom, pois isto me fez nunca mais querer me envolver em brigas dos outros, ou melhor, em briga nenhuma. Também convenhamos, puta covardia. 4 gigantes contra dois franzinos.

- “Vai ser burro assim lá na casa do c...” – exclamo pra mim, frequentemente.

Hoje gosto de lutas esportivas e todo fim de tarde saio pra fazer uns treinos e levo comigo uma mochila gigante cheia de coisas. É longe pra cacete e sempre saio de casa no horário de pico de São Paulo. Tenho que enfrentar uma hora de viagem de ônibus lotado com a imensa mochila nas costas. É neguinho olhando feio o tempo todo. Um empurra-empurra fodido. Sei que é foda, mas não tenho outra saída. Ontem aconteceu a cagada toda. Busão transbordando, eu pedindo licença, todos colaborando e no fim do corredor, uma cara de costas, ouvindo walkman, ocupando todos os espaços do busão. Fiquei atrás pedindo licença e o filho da puta não se moveu. Passei atropelando, dai ele virou pra mim e falou:

-“Cara folgado... A mochila tem que passar primeiro sempre.”

Fingi que não ouvi, exatamente porque não estava num dos meus melhores dias. Insistente ele continuou:

-“Sempre tem um engraçadinho que quer ser diferente”.

Quando ele disse isso o sangue subiu pela cabeça, mas procurei me conter pra não fazer besteira maior e só retruquei, igual criança mesmo:

- “A mochila é minha e faço dela o que bem entender.”

Ficou me olhando feio durante uns 5 minutos. Até então não havia me encarado. Não aguentei e perguntei o que foi? Nem respondeu e veio pra cima direto com um cruzado. Me esquivei e já emendei uma voadora no seu peito que o deixou caído ali com os olhos bem esbugalhados e ofegante, olhando pra minha fuça com cara de bosta. A cagada é que do nada apareceram mais dois caras que vieram pra cima com tudo. Fui mais esperto e antes da porrada deles me acertar, dei dois socos no nariz de um e um chute giratório na orelha do outro. Ninguém ficou em pé e o ônibus todo se pôs contra mim. Eu só estava me defendo, poxa. Quando eu vi que o negócio ia esquentar pro meu lado, tentei fugir por cima dos bancos pisando na cabeça de quem estava sentado.

O ônibus tava em movimento e o cobrador logo percebeu que eu tinha gerado a desordem ali e quando eu estava pra saltar pela janela, ele conseguiu me segurar, mas provido de muita esperteza dei-lhe uma cotovelada no queixo que o nocauteou na hora.

O motorista morfético que assistia tudo pelo retrovisor em silêncio, pra evitar que eu fugisse pisou fundo no acelerador. Irritado, caminhei sorrateiramente até ele e apliquei-lhe uma gravata, fazendo-o apagar e ai assumi a direção. Pra completar a minha sorte, logo a frente avisto uma barreira de carros da polícia, onde sou obrigado a parar, pisando seco no freio, pra não fazer mais cagada. Todo mundo do ônibus veio parar na frente.

Os policiais invadiram o busão armados até os dentes. Perguntavam apenas onde estavam os filhos das putas. E os filhos das putas dos passageiros, apontaram pra mim, sem nenhuma hesitação. Os gambé nem quiseram ouvir explicação nenhuma e vieram pra cima feito boi bravo, se não fosse um dos policiais gritar lá do fundo:

-”Achei os filhos das putas. Estão todos aqui no chão”.

Acho que eu teria rodado bem. Todos os lazarentos dos passageiros que quiseram me foder, agora em silêncio voltaram seus olhares admirados pra mim e começaram a aplaudir. Palhaçada!!! Prefiro nem comentar nada. O chefe da polícia perguntou meu nome, apertou minha mão e me levantou no ombro. Puta mico! E um bando de micos ovacionando atrás. Uma multidão já me esperava na porta do ônibus. Repórteres, câmeras, fotógrafos. Flashes daqui e dali e essa putaria toda que fazem quando acreditam que alguém é importante. Não acreditava. Fiquei feliz, me senti um herói, chamaram-me de herói. Parece que fiz algo bacana pelo menos uma vez na vida.

Quando a ficha começou a cair tudo aquilo começou a me encher o saco e pedi pra sair dali. Tenho um pouco de fobia social, sei lá. Comecei a correr e um monte de gente veio atrás. Que merda. Não consegui nem ir pro treino. Tive que voltar pra casa. Descobriram onde eu morava e ficaram a madrugada toda gritando na minha janela. Mandei todo mundo a merda e ignorei-os, achando que não fosse acontecer nada. Os vizinhos se assustaram. Depois de toda a loucura, quando tudo pareceu mais calmo, deitei e descansei. Olhei discretamente pela janela e tinha uns peças dormindo sentados na minha porta. Se foda! Quando acordei... Tudo pareceu só um pesadelo, mas quando olhei la fora de novo, vi alguns sujeitos se levantando e saindo dali, resmungando. Fui pra cozinha peguei o café abri o jornal e o que vejo? Essa semana to fodido.

sexta-feira, agosto 06, 2010

TREINO ABERTO

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Os treinos abertos de sábado tem sido bem legais.

A idéia é abrir pra todos que querem conhecer um pouco da arte suave, ou estão afim de praticar um esporte qualquer e andam sem tempo, ou até mesmo, quem ta afim de reencontrar amigos e bater um papo só.

É bem a vontade. Por isso não é aula e nem nada. Chega lá quem quiser, com uma roupa leve e vê qual é. Se quiserem aprender algo, pede pra algum professor que está no tatame e ele ensina. E se todos estiverem de acordo, rola um aquecimento e umas técnicas, mas só se todos estiverem afim e de acordo. Tem que sentir-se em casa.

Ta sempre cheio. Amigos atores, escritores, diretores etc tem aparecido. E outros amigos de longas datas. A idéia é juntar o pessoal que não tem nada a ver com isso. Diversão.

Os treinos tem começado umas 11h45 e ficamos até às 13h45. É lá na rua Simão Álvares, 465. Desce a Cardeal e entra a esquerda na Simão. Academia Pinheiros. Bem fácil.

MAIS DOIS FINAIS DE SEMANA

Explico. Semana que vem acaba a temporada de Hipóteses Para o Amor e a Verdade neste horários “nobres.” O Satyros estréia Roberto Zucco e passa ocupar os horários de Hipóteses, que passará aos sábados às 18h e domingos 21h. Aproveitem, porque fica um pouco mais complicado.

A peça está indicada ao prêmio shell de melhor direção. Tem tido uma boa aceitação pública e está no Satyros 1 de sexta a domingo às 21h30. Praça Roosevelt.

Foto de Bob Souza

hip

Para seu marido não acordar com a macaca...depile-se !!!
(Vera Fischer)

ALEGRIA

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A quantidade de alunos nas aulas de Jiu-jitsu, boxe e MMA vem crescendo consideravelmente e todos gostando pra cacete. Ando bem entusiasmado e feliz com isso. Pessoas que nunca se viram praticando uma arte marcial, agora estão treinando com vontade e todos evoluindo rapidamente, o que me deixa mais animado.

Nos treinos abertos de sábado tem aparecido gente de todos os lugares e de profissões variadas. Tem sido bem legal. E quem quiser é só chegar. Pra se divertir. Venha com uma roupa leve e adequada e só. Não precisa saber nada.

Mudando de pato pra ganso. A boa notícia é que o jiu-jitsu brasileiro continua dominando os campeonatos de MMA pelo mundo afora.

Primeiro, Fabrício Werdum que finalizou logo no primeiro round o imbatível striker Fèdor Emelianenko. O gigante russo nunca tinha sido nem finalizado e nem nocauteado. É considerado um dos maiores lutadores de MMA de todos os tempos. Uma lenda.

Werdum, estava longe de ser o favorito pra essa luta, óbvio, mas assistindo ao video, percebe-se que não foi sorte. O cara tava muito focado e bem preparado. Werdum é faixa-preta Behring. Nossa equipe.

Como todos sabem que Fedor é excelente striker, ele passou um tempo afiando mais ainda o seu jiu-jitsu pra essa luta. E não foi por menos, conseguiu a finalização em 1 min e 8 segundos, com um triângulo, mesmo após ter caido com um soco. Vejam o video.

 

E o outro é o lutador de apenas 20 anos, da baixada santista, Charles de Oliveira, ou, Charles do Bronx que estreou neste último domingo no UFC.

Tive o privilégio de ver Charles lutar ao vivo, no ano passado. E foi ai que soube da existência dele. Ele lutou com um outro lutador que eu vinha acompanhando há muito tempo. O Popó.

Popó é penta campeão da Forja dos Campeões de boxe. Tri campeão brasileiro de wrestling, tava ganhando todos os títulos no jiu-jitsu e invicto no MMA também. Eu tinha certeza que ele ganharia fácil a luta.

A surpresa veio no segundo round, quando ele foi finalizado depois de muita trocação, por um triângulo de mão. Assisti grudado nas grades do octogon. Foi a melhor luta da noite e só depois fiquei sabendo sobre Charles. Fiquei curioso e fui buscar informações ali mesmo e na internet.

Ele é um lutador de jiu-jitsu, hoje faixa-roxa, mas que troca muito bem e que já tinha finalizado faixas-pretas em outras lutas de MMA.

Desde que estreou no MMA não perdeu uma luta sequer.

Estreou bem, no domingo passado, no UFC, lutando também contra um lutador de wrestling Darren Elkin, que era o favorito na luta, pois vinha ganhando todas na sua categoria no UFC, mas foi finalizado com um triângulo em apenas 41 seg de luta, mesmo após aplicar uma bela queda em Charles.

Charles na minha opinião será o grande nome do UFC. Está na categoria leve, considerada a mais complicada, mas acho que é capaz de roubar o cinturão de BJ Penn, ou de quem quer que esteja com ele.

Como já disse, o cara troca bem e não desiste de jeito nenhum, além de ter um gás descomunal. Acho que Popó Godoi e ele (Charles) ainda vão se encontrar pra uma revanche no octogon do UFC.

Vejam o vídeo da sua estréia no UFC.

http://www.megavideo.com/?v=FJRVI3JU

E pra que conheçam um pouco mais da eficiência da arte suave, tem esses dois vídeos abaixo. Como hoje venho treinando bastante MMA, me obrigo a conhecer outras lutas. Uma delas é o Muay Thai, ou o boxe tailandês. Essa luta na Tailândia é igual ao futebol aqui pra gente. As crianças começam a praticar no berço. É considerado um dos esportes mais traumáticos. Eu gosto bastante. Acho-a bem eficiente.

Esse primeiro vídeo é o highlight de um dos maiores lutadores de Muay Thai de todos os tempos. O holandês Ramon Dekkers. Pankadaria. Vale a pena. E logo abaixo tem um vídeo dele numa luta de MMA, contra um lutador de jiu-jitsu, aparentemente mais fraco. Mas notem, como a agressividade vista no vídeo acima diminui, pois o cara fica receoso em se expor e ir pro chão, pois sabe que ali as chances diminuem contra o lutador da arte suave.

 

terça-feira, agosto 03, 2010

Celulites não são apenas celulites, elas querem dizer..."Eu sou gostosa". Só que em Braille !!!

(Rita Cadilac - ex-chacrete)

QUARTO

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Acordei em pânico. O quarto todo escuro. Desesperadamente procurei pelo interruptor e só os starfixes no teto eram visíveis. Por um instante pensei que estivesse perdido pelo espaço, quase abraçando estrelas, enquanto cometas lambiam minhas costas com suas caudas luminosas, mas isso não apaziguou meu medo. Chorei cada vez mais, e com toda a força que tinha no auge dos meus 7 anos de idade gritei atônito pela minha mãe.

Depois de muito estardalhaço ela abriu a porta, acendeu a luz e quando me viu aos prantos, correndo me abraçou. Perguntou o que era. Eu disse que sonhei que tinha sido abandonado pra sempre naquele quarto escuro. Abraçou-me mais forte e colocou uma das mãos sobre meus cabelos, onde senti os dedos enroscando nos cachos imundos e duros que tinha na época. Chorou comigo e disse que nunca me abandonaria. Peguei no sono novamente, deitado ali no seu colo, ouvindo-a ninar uma canção.

Exatamente 10 anos depois, parado no meio da rua, novamente com os olhos embargados, senti precisamente a mesma sensação daquela noite. Fiquei em estado catatônico observando o carro que a levava pro outro lado do mundo se transformando numa dessas miniaturas que coleciono na janela do meu quarto. Ela olhou pra trás, através do vidro fumê, com os olhos vermelhos e deu um leve aceno de mão. Virou-se rapidamente pra esconder possivelmente a única lágrima que segurou até então. Não sabíamos quando nos reencontraríamos e nem se isso iria acontecer um dia. Partiu com o seu marido e o outro filho pra uma nova vida lá na terra do Sol.

Não conseguia acreditar. Fiquei durante um longo tempo imóvel. Esperava que o carro desse meia-volta. Rezei pra que fosse tudo uma brincadeira. Voltei pra dentro de casa. A sensação era mais estranha do que a daquela noite. Não tava tão escuro e os starfixes no teto já não existiam mais. Não tinha ninguém, só um nó estranho parado na goela. Gritei tentando desatá-lo e tudo ecoou por aquelas paredes vazias. Só tinham me sobrado umas latas de sardinha e alguns ovos na dispensa. Segui assim... Diferente... Durante anos. Sigo assim, sem enxergar ao menos o resquício de uma curva nessa reta infindável.

Sem grana nenhuma, coloquei minha pequena mochila nas costas e sai por ai pedindo carona, atrás de sonhos. Passei por todas as padarias possíveis, mas não encontrei em nenhuma um sonho que saciasse o meu desejo de devorá-lo. E quando encontrava, as moedas que conseguia enfiar no bolso, não eram suficientes pra custeá-los. Demorei pra tê-los.

Com o dedão esticado na estrada, esperando algum forasteiro parar, pra me conduzir até um lugar perto do famoso velho oeste, que só tinha visto em gibis preto em branco, nas bancas de jornais do centro da cidade, eu criava canções e as cantarolava até o sol diminuir a sua luz atrás de alguma montanha ao sul do país. Criava amigos e inventava histórias. Imaginava novos contos e até arriscava poesias. E tudo passou, como o sopro do vento que um dia empurrou-me de volta pra mim.

Um dia ela voltou. Minha coroa. Não pra sempre, mas voltou. Quatro anos depois. A sensação conseguiu ser mais estranha ainda do que a da sua partida. Nem lembrava mais quem era e por isso partiu de novo por mais longos e longos anos, lá pro outro lado do hemisfério terrestre. Eu tentava localizá-la naqueles globos que o professor de geografia tinha em cima da mesa. Em vão.

Hoje ela já não está mais lá, mas parece-me muito mais distante ainda.

E o vento soprou e tudo passou. Ontem eu tava sozinho, tirei carteira de motorista e sai por ai. Hoje...

Me pego sorrindo, por míseros centavos.

As poucas mágoas que tenho vejo que não valem a pena e que hoje são só orgulhos imbecis. As merdas vividas naquele momento doeram, óbvio, mas sobrevivi e to aqui pra rabiscar esses contos, sem me importar se são verdadeiros ou não. Tudo pode não passar de uma mentira. E pouca importa se acreditam.

E continuo riscando o chão com pedaços de tijolos baianos. São riscos vermelhos. Desenho amarelinhas pras crianças do jardim de infância. E as mágoas não doem mais e não vejo motivo pra carregá-las. Agora sobra só o orgulho pensando que pode me proteger e que na verdade não serve pra nada, a não ser pra impedir-me de encontrar ou reencontrar um pedaço a mais da tal felicidade. Uma fatia da torta de banana que devoraria todas as manhãs, se tivesse.

E tudo passou com o sopro do vento e não sei se faria tudo diferente. Fiz o que teve que ser feito. Fiz o que me faz derrubar lágrimas hoje em dia quando lembro do quarto escuro e dos starfixes que nunca mais tive e da mãe que não me colocou mais no colo e nem cantarolou idiotas canções de ninar. “Boi da cara preta”, como sempre, a única e sempre presente em alguns dos poucos textos que escrevo. Ela não agüenta com meu peso, é isso. Ta bem velhinha.

E sabe aquele meio japa com quem andava de bike cross, antes de todos acordarem? Nunca mais o vi. É o outro filho da minha mãe, a quem mando cartas de reconciliação em aviõezinhos de papel.

E se eu tivesse uma nova chance... Será que faria tudo diferente? E o Paulinho? Faria?

Sem graça. Mais previsível do que isso, é impossível.

Vou dar um rolê em Marte ou Júpiter talvez, e amanhã...? Já to de volta.

domingo, agosto 01, 2010

Legislação complementar às Leis de Murphy

LEIS E PRINCÍPIOS DEMONSTRADOS EMPIRICAMENTE:
"O seguro cobre tudo, menos o que aconteceu"
(Lei de Nonti Pagam)


"Quando você estiver com apenas uma mão livre para abrir a porta, a chave estará no bolso oposto." 
(Lei de Assimetria de Laka Gamos)                                                                                                                       
"Quando tuas mãos estiverem sujas de graxa, vai começar a te coçar no mínimo o nariz."
(Lei de mecânica de Tukulito Tepyka)


"Não importa por que lado seja aberta a caixa de um medicamento. A bula sempre vai atrapalhar." 
(Princípio de Aspirinovisk)


"Quando você acha que as coisas parecem que melhoraram é porque algo te passou desapercebido." 
(Primeiro teorema de Tamus Ferradus)


"Sempre que as coisas parecem fáceis, é porque não entendemos todas as instruções."
(Principio de Atrop Lado)


Os problemas não se criam, nem se resolvem, só se transformam."
(Lei da persistência de Waiterc Pastar)


"Você vai chegar ao telefone exatamente a tempo de ouvir quando desligam."
(Principio de Ring A. Bell)


"Se só existirem dois programas que valham a pena assistir, os dois passarão na mesma hora."
(Lei de Putz Kiparil)


"A probabilidade que você se suje comendo é diretamente proporcional à necessidade que você tenha de estar limpo"
(Lei de Kika Gadha)


"A velocidade do vento é diretamente proporcional ao preço do penteado."
(Lei Meteorológica Barbero Pagá)


"Quando, depois de anos sem usar, você decide jogar alguma coisa fora, vai precisar dela na semana seguinte."
( Lei irreversível de Kitonto Kifostes)


"Sempre que você chegar pontualmente a um encontro não haverá ninguém lá para comprovar, e se ao contrário você se atrasar, todo mundo vai ter chegado antes de você."
(Princípio de Tardelli e Esgrande La de Mora)

LANÇAMENTO

Camilo é um amigo de Piracicaba. O blog dele ta ai do lado e sempre acompanho suas atualizações. Seus textos servem-me como refugio dessa metrópole cinza. É bom lembrar de Pira, que foi a última cidade que morei antes de vir pra cá. A rua do Porto. O delicioso peixe no tambor. O Engenho. Lugar Onde o Peixe Pára. Grupo Andaime etc. O lance é que o Camilo lançou um livro e parece que já está em algumas livrarias. Ainda não tive o privilégio de lê-lo, porque só se encontra em Pira e quem quiser também é só acessar o blog do cara, ou mandar um email pra ele camilo.i@ig.com.br que rola um trâmite via correio. Sucesso!

Capa - O Efeito Espacial