sábado, janeiro 17, 2009

MAGNUM 45

45

Saltei da cama logo cedo com uma bala na boca. Pelo sabor da pólvora devia ser de uma magno 45. Nem gosto de relatar muito esses troços, porque quase ninguém acredita nessas coisas que só acontecem comigo. Normal! As vezes nem eu mesmo consigo acreditar. Torço pra ser tudo sonho e pra não acontecer mais, mas to fadado ao azar e já me conformei. Uns nascem com a bunda virada pra lua e outros já nascem com a bunda queimando no inferno. Eu nasci no meio. Pra me foder mesmo.

O que aconteceu desta vez é que eu tava em casa sossegado, descabelando o careca quando o telefone tocou. Inacreditável, era exatamente nela que eu estava pensando neste meu momento de profunda reflexão ególatra. Mais inacreditável ainda foi a voz que ela fez pra me convidar pra sair. Arrepiou até os pelos do meu pulmão. Não pensei duas vezes, parei o que estava fazendo, porque já tinha terminado mesmo, me vesti e fui. Mesmo sabendo que ia dar merda.

Fomos pra um festa. Ela bebeu, me agarrou, me puxou pro banheiro, abaixou minha cabeça e meteu a boca. Daí num aguentei, convidei-a pra me levar pra sua casa e fomos. A merda foi essa, devia ter ficado onde estava, quieto, só sentindo os prazeres carnais. Tava bom demais!!! Mas enfim, não ficamos e fomos. Depois de já termos feito tudo, que não me é pertinente descrever aqui, entra do nada um maluco derrubando a porta. Me aponta uma arma e sem pronunciar uma palavra se quer, atira. De novo!?

Que desespero ver a bala vindo na minha direção, no meio da testa, só tive tempo de virar a cabeça um pouco pro lado. A bala passou reto e ouvi quando ela bateu na parede atrás de mim e ricocheteou. Graças ao meu super reflexo adquirido nos anos que passei internado numa fazenda no interior do Mato Grosso do Sul, concentrado nos ensinamentos ninjas, consegui me virar a tempo, abrir a boca e pegar a bala. Puta gosto ruim e impregnante.

Acontece que depois da surra que ainda consegui dar no cara e depois de desarma-lo, me empolguei, vacilei e tomei uma cadeirada por trás da vagabunda e apaguei. Não lembro de mais porra nenhuma. Acordei em casa, não sei como e com esse sabor horrível de pólvora. Vocês podem não acreditar, parece história de filme, ou sei lá, mas que tenho um puta azar da porra, eu tenho. Não conheço mais ninguém que passe por essas merdas. Caralho!!! Amanhã vou ligar pra ela, pra saber o que realmente aconteceu.

8 comentários:

Anônimo disse...

O paulinho, este texto é do Nelson Rodrigues ou é seu mesmo. Muito bom mesmo. Nunca vi tanta ênfase e realismo. Um abraço e vai com calma.

Anônimo disse...

Valeu Camilo... e vamos trocando figurinhas... e cade seu blog... vou por no link aqui... abração

Anônimo disse...

É www.camilocronicas.blogspot.com

Pedro Pellegrino disse...

Hahahaha, du caralho! Esse ninja é foda. Big hug.

Anônimo disse...

Pessoalmente, não aprecio literatura erótica. Portanto, aqui vai uma opinião apenas profissional. Dos 5 parágrafos que compõe o conto, os 3 pimeiros são verossímeis, ou seja, os ocorridos são passíveis de realidade, nada absurdos. Um tanto picantes, claro, mas sabemos que coisas assim acontecem de fato.
A partir do quarto parágrafo, surge a fantasia. Como é possível um homem pegar uma bala com a boca depois ainda de ter desviado dela? Essa é a parte fantástica, justificada com o aprendizado ninja de Pankada. Fantástica porque nossa esfera não comporta algo tão "matrix".
Mas foi bem original a apropriação de Pankada desviar da bala e ainda pegá-la com a boca. Essa super-habilidade é usada desde a criação dos super-heróis, os quais são inspirados na mitologia grega e nos heróis bíblicos, nos anjos e no próprio Deus Pai.
Agora, entendi que o protagonista é uma espécie de super-herói, mas bem moderno,pois não segue o modelo de herói épico estabelecido pelos gregos.Ele não é nada puro nem autruísta. Pelo contrário, suas atitudes revelam um caráter violento, imoral e egoísta.
Pankada é uma amostra da pós-modernidade, movimento que questiona todos os padrões estabeledidos por todas as autoridades do mundo. Seja na cultura, nas artes, nas leis, nas religiões, crenças e até na ciência.
Mas, Pankada, tome cuidado, uma pessoa sem que não reconhece padrão algum é uma pessoa sem limites e insensível, pois não se submete a nada.

bj,

Vi

Pedro Pellegrino disse...

As dicas do motel são engraçadíssimas.

Anônimo disse...

Valeu Virginia pois um grande análise e pode apostar que tomarei cuidado daqui pra adiante... beijo

Anônimo disse...

Valeu Pedro... sempre muito bem vinda sua visita e seus comentários... sem perder contato... nos comunicamos... abração