sexta-feira, abril 24, 2009

O HOMEM COM A BALA NA MÃO

Este texto é o responsável por minha ausência neste blog. 2007 foi um ano que jamais me esquecerei, só espero não passar por nada parecido de novo. Fiquei sem grana nenhuma, não aparecia trampo, nada. Durante um mês descia todos os dias no supermercado e comprava 3 pães. Comia um de manhã, outro a tarde e o último a noite. Parecia que não ia acabar nunca. Já passei por perrengues e perrengues, mas este veio de surpresa e por isso marcou tanto. Como “1933 Foi Um Ano Ruim” do Fante. Não tinha a quem recorrer e nem pra onde ir. Sempre que me trancava no quarto chorava pra cacete, me sentia um derrotado e vinha a merda da vontade de pular pela janela. Um dia cheguei a sentar nela, por sorte o brother que dividia o apê comigo na época apareceu e me segurou.

Só depois de muito tempo vi a merda que tava fazendo, não sei se ia soltar o corpo ou não. Não sei mesmo, mas eu tava lá a ponto de desistir de tudo de um jeito ou de outro. Meus pensamentos começaram a me perturbar muito e então resolvi escrever sobre isso, numa tentativa de salvação. Tinha um pouco de medo do que eu pudesse fazer, involuntariamente. Sempre insisto em dizer que não temos noção do que somos capazes.

Ficava me perguntando, o que passa na cabeça de um sujeito minutos antes de dar cabo da vida? Me liguei que somos todos suicidas em potenciais. Mas porque uns chegam ao ponto de e outros não? São corajosos ou covardes? Perguntas do senso comum, que sempre nos acompanham. Foi então que me fechei e comecei pesquisar sobre tudo relacionado, já sabendo que nunca teria uma resposta exata, mas talvez pudesse chegar próximo, ou descobrir outras coisas.

Com o tempo tudo isso foi me aliviando, mas num determinado momento, comecei desanimar, por achar já um assunto gasto e vi que não ia dar em nada, então convidei dois amigos pra me ajudar escrever, mas por razões próprias, ou desinteresse do assunto na época, não rolou. Quase desisti com isso, tava foda. Foi então que resolvi ir ainda mais afundo nas pesquisas e tentar mais uma vez. Comecei abrir a idéia pra algumas pessoas e elas iam me indicando coisas e coisas.

Conheci irmãos, pais, amigos de suicidas que também foram me ajudando. Descobri histórias e histórias, como a do Vinicius Gageiro Marques, conhecido como Yoñlu no mundo virtual que se suicidou com a ajuda de pessoas que freqüentam um fórum na internet com esse intuito. Estava com a webcam ligada e as pessoas assistiram. Vi um maluco que se jogou do prédio atrás do meu trampo. O corpo ficou lá estatelado o dia todo, com uma arma no chão e os miolos espalhados. Teve outro que estourou um rojão na boca, também do lado do meu trampo etc. Como o tempo percebi que isso tava pesando e novamente quis desistir. Puta assunto punk pra se pesquisar. Começou bater depressão e a porra toda. De não conseguir sair da cama, tomar banho etc. Deixava tudo jogado no quarto, não tinha vontade de arrumar nada. Contei como estava pra uns amigos e disseram que parecia ser depressão mesmo. Preocupado comecei procurar psicanalista público, mas assim que consegui acabar o primeiro tratamento do texto me senti melhor e tive certeza que era isso que tava me fodendo, daí me poupei de gastar uma grana se fosse preciso e tempo. Li muito sobre depressão. Sempre achei que fosse doença de rico, mas tem pessoas que nascem com uma disfunção cerebral, onde ele não consegue produzir serotonina e então, tem que passar a vida tomando remédios. Pensei que tivesse isso.

Enfim, aprendi pra cacete sobre o assunto e consegui escrever o texto. Claro, impossível fugir do senso comum com um tema deste, mas imprimi meu ponto de vista, fruto desse monte de coisas que pesquisei, por um pouco mais de um ano. Quando estava fechando-o, me ausentei daqui. Agora me ausento pra decorá-lo. É coisa pra cacete e como escrevi milhões de versões, na hora de decorar confundo tudo. Espero estréia-lo este ano ainda em São Paulo. Primeiro vou viajar pelo interior pra tentar levantar uma grana. Não consigo esperar projetos, leis etc, prefiro ir fazendo. Se der certo até o fim do ano espero que meus amigos daqui possam assistir. “O HOMEM COM A BALA NA MÃO.” Tem muita gente que me ajudou depois do primeiro tratamento lendo-o e dando opiniões e tem algumas pessoas me ajudando nesta nova empreitada. Valeu.

2 comentários:

Camilo I. Quartarollo disse...

Falou. Um abraço.

Pedro Pellegrino disse...

Te admiro pra cacete. Vai ser du caralho essa peça!