terça-feira, maio 26, 2009
quarta-feira, maio 20, 2009
O PORTEIRO ZÉ E SUAS PÉROLAS NOTURNAS
Quando me mudei pra este prédio em Pinheiros, fiquei bem amigo do porteiro da noite, o Zé. As vezes ficava horas e horas trocando idéias com ele. Estava desempregado e não tinha hora pra acordar, então ficava lá. Hoje em dia não da mais, mas na medida do possível, sempre fico pra bater um papo rápido. Ele gosta pra caramba de televisão, principalmente essas séries de violência. Tem uma que passa toda segunda na record. Nunca perdeu nenhum capítulo. Ele fica atento esperando começar. Gosta pra caramba também de Prison Break. Se amarra mesmo. É raro não vê-lo assistindo. Pra atravessar a madrugada fria sozinho, tem que ter alguma distração mesmo. Se não o cara endoidece. 8 horas no mais absoluto silêncio é punk. Ele gostava de ler jornal, mas o sindíco o proibiu. Se ele quisesse isso (silêncio), teria escolhido ir pra um mosteiro, sei lá. Descobri um tempo atrás que ele foi baterista de várias bandas e até tocou com uns nomes importantes da época dele. Veio do nordeste, como a maioria dos outros porteiros, não conhece muita coisa ainda não. Mora numa vila simples na zona Sul. Deve ser uns 4 anos mais velho do que eu. Largou a vida de músico pra poder ficar mais tempo com a mulher e o filho. Há quase 15 anos trabalha de porteiro. Hoje quando cheguei entrei no prédio notei que a televisão estava desligada e ele bem quieto no canto de braços cruzado. Perguntei porque ele estava quieto. Ele disse que não tinha nada na televisão. Aquele horário era ruim. Tava passando Jô Soares e ele não gosta. Acha muito chato. Finalizou dizendo:
“Jô Soares só é legal quando está de férias, porque dai passa um monte de séries boas no horário dele.”
Esse sabe das coisas.
UMA DUPLA QUE DEU CERTO
Thiago Luciano e Beto Schultz se não me engano se conheceram num curso de teatro. Além da grande amizade resolveram fazer parceria em trabalhos. Sempre um dando uma mão pro outro e desenvolvendo projetos juntos. São pirados em cinema. Estão sempre envolvidos em produções próprias. Numa brincadeira dessas fizeram um longa, sem pretensão nenhuma. São raladores. Não ficam esperando cair do céu não. Vão atrás e fazem. Do jeito deles, mas fazem. Sempre conseguem reunir um pessoal legal nos trabalhos e amanhã vai rolar a estréia de um curta deles lá no HSBC. Claro, fui convidado pessoalmente e por isso não deixarei de ir de jeito nenhum.
O MONÓLOGO DA VELHA APRESENTADORA
Já falei rapidamente sobre essa peça aqui. É o primeiro texto pra teatro montado do grande escritor e amigo Marcelo Mirisola. A critíca infelizmente não deu nenhuma nota digna para a peça. Mirisola escreveu a respeito. Se ele permitir postarei. Bom, confesso que no começo resisti um pouco em assistir. Estava curioso pra ver o texto do Mirisola, mas ao mesmo tempo tinha um pouco de medo, por causa do elenco. Me arrependo profundamente em não ter ido antes. Uma peça exatamente do jeito que gosto. Sem firulas nenhuma e que dá o recado. Alberto Guzik se encaixou perfeitamente no papel. Se eu estivesse com tempo iria sem dúvidas outras vezes, mas pra quem não foi ainda, esta semana (quarta e quinta) e semana que vem, nos mesmos dias, serão as últimas apresentações. Pra quem ta afim de ver algo inteligente, de humor ácido e bem porradeiro. Não pode perder.
“Monólogo da Velha Apresentadora” mostra o desabafo da velha Febe Camacho, que vem do teatro de revista e dos tempos históricos da televisão brasileira. Ela está furiosa porque sua empregada foi seqüestrada e exigem dinheiro para liberar a mulher.
Febe chega a pensar em não pagar o resgate e deixar a empregada entregue à própria sorte. Mas os sequestradores ameaçam denunciar a velha e famosa apresentadora por “falta de sensibilidade social”. Febe aproveita então seu programa para desabafar. Compara seus tempos com os tempos atuais, xinga, briga, faz confissões que envolvem presidentes e altos mandatários do país, lembra dos tempos da revista, de seu começo na televisão.
A velha apresentadora vai revelando aos poucos que tem muita raiva e muitos preconceitos. E aproveita esse momento para dizer com total franqueza tudo que pensa. É uma comédia com ácido cítrico, como costuma fazer Mirisola, que não tem papas na língua e nem nos dedos para escrever o que pensa e para sacudir a pasmaceira, as acomodações, a passividade.
quinta-feira, maio 14, 2009
BLOG SOBRE BOXE
Essa dica é do grande Pedro Pellegrino. Já fucei no blog. Boxe está entre os esportes que mais gosto. Não conheço tanto quanto o cara do blog. Só sei colocar a luva e ir pro abate. Confiram lá. Legal pra cacete.
quarta-feira, maio 13, 2009
Cividanes
Conheço poucos fotógrafos, designers etc. E os que conheço gosto do trabalho. Fotografia é um negócio que tem me atraido muito ultimamente. Juntei uma graninha e comprei uma máquina bem legal agora e ando por ai fotografando tudo o tempo todo. Assunto pra outro post, porque este é pra divulgar o novo blog que acabei de descobrir, porque também acabou de ser criado. É de uma das melhores designer gráfica que conheço e mulher de um dos diretores de teatro de quem mais tenho gostado de ver os trabalhos. Ruy Filho de quem já falei algumas vezes aqui. Patricia Cividanes, sua mulher, é responsável por todo o trabalho gráfico da Cia Antro Exposto. Sem medo de dizer. Os trampos são de tirar o chapéu. Acabei de ler o texto de apresentação e achei du caralho, bem receptivo. Volto sempre. “Quer dizer sempre que eu entrar na internet, pois tem sido raro.” Vale a pena conferir.
ESTA COROA VALE OURO
Minha mãe passou os dias das mães aqui em casa comigo. Fui mais presenteado do que a presenteei. Desde moleque sempre ficamos muito distantes. Coisas da vida. Enquanto ela ia tentando acertar a vida eu morava com uns tios e tudo mais. Ela casou e já me tinha. A família do marido não aceitava muito a situação. Então pro negócio ir se alinhando, eu passei uma parte da infância em Taubaté com suas irmãs. Devo ter ido morar definitivamente com ela aos 5 ou 6 anos de idade. Com 14 anos eu já tinha decidido morar fora pra estudar em outra cidade. Fui. Quando me formei, ela foi morar fora do país com o marido e o outro filho. Dai em diante, conseguimos nos ver vez ou outra. Eu continuei rodando e hoje estou em São Paulo. Há quase 10 anos. Vida nomade. Quase 15 anos se passaram e ela está de volta. E sempre que pode vem ficar uns dias comigo pra fugir da rotina interiorana, casamento saturado etc. E ter a companhia um do outro.
É emocionalmente desequilibrada, mas é a pessoa mais figura que conheço. No café da manhã já abre logo uma latinha de cerveja e só pára pouco antes de dormir. Nem comida ela bota pra baixo. Não sei como consegue. Fuma que nem um gambá. Acho que o organismo dela já está invulnerável.
Mês retrasado veio pra passar um dia comigo e acabou passando 7. Veio só com a famosa bolsa de mulher. Sem roupa nenhuma. Pegou meus moletons emprestados e tudo mais. Sou bem maior do que ela. Ficava parecendo vocalista de Hip-Hop nas minhas roupas. Andando pelo quarteirão encontrou umas coisas baratas e descartáveis pra vestir e assim foi. Acordava cedo, preparava o almoço, pegava uma cerveja e descia. Sentava na frente do prédio com o Jair. O Jair é um cara legal que vem todos os dias pra cá. É aleijado das pernas. Nasceu assim. Todos da região estão acostumados com ele. O pessoal passa, o cumprimenta, bate um papo e deixa uma moeda. Sujeito alto astral pra caramba. Carismático. Minha mãe pagava umas brejas pra ele e ficavam lá a tarde toda dando risadas.
A coroa estudou pouco na vida, mas é capaz de fazer qualquer um rir. Quando exagera na bebida fica um pouco pedante e agressiva. É de longe a pessoa mais acolhedora que conheci até hoje.
Tinha acabado de tirar a carta de motorista. Eu devia ter uns 9 anos. Moravamos em Campinas. Ela me acordou de madrugada chorando. Encheu o carro de comida e cobertor. Era uma noite de inverno. E fez eu ir com ela até o Taquaral pra deixar aquelas coisas pra uns moleques que tinha conhecido na rua naquele dia. Quando os viu jogado na calçada, começou chorar, os abraçou, cobriu-os com os cobertores, deixou comida, falou um pouco e quando eles voltaram a dormir, partimos. E aquilo nunca mais saiu da minha cabeça. E muita coisa em mim mudou por causa disso. Ela deve ter lembrado a infância dura que teve na rua. Ficou órfã com 13 anos e dai teve que se virar. Passou fome e a merda toda.
Não quer que ninguém passe pelo que passou. Não me assusta o seu desequilibrio emocional, mas tem hora que é foda de aguentar. Apesar de tudo, é a pessoa mais especial da minha vida. A única coisa que quero é que ela dure muitos anos ainda, pra eu poder de alguma forma retribuir a tudo que já me fez. Pra eu poder ter sua companhia sempre por perto. Porque até que enfim agora vamos conseguir passar mais tempo juntos.
SOB O POR DO SOL EM ALGUMA CIDADE DO INTERIOR DE SÃO PAULO
Enquanto escrevia o texto abaixo, me lembrei de quando era moleque e morava no interior. Sem compromisso nenhum, passava a maior parte do dia em cima de uma bike pra baixo e pra cima, sempre com algum amigo.
Se tem algo legal pra se fazer no interior, é sentar em algum lugar na parte mais alta da cidade e ver o por do sol. Numa época fazia isso religiosamente. Depois voltava pra casa, tomava banho, rangava, jogava um pouco de video game. Ligava pra alguma garota, colocava a cabeça no travesseiro e esperava o sono bater. O sono suave e tranquilo. Repousava. Bom demais pra ser verdade.
Lembrei que sempre antes do sono chegar eu pensava. “Na vida o homem só precisa de uma bicicleta velha, uma bela garota, o por do sol e bons amigos. Nada mais do que isso.”
FAMÍLIA JIU-JITSU
Bem ao contrário do que todos pensam, o jiu-jitsu é um esporte bacana. Há um tempo atrás, quando foi provado ser uma das artes marciais mais eficientes para defesa pessoal etc, o esporte ficou malvisto, pois começaram aparecer os conhecidos “Pitboys”. Os caras de cabelos curtos, orelhas couve-flor, bombados e com uma corrente pendurada no pescoço. Eles saiam exclusivamente para arrumar encrenca. Era moda.
Algumas pessoas mais centradas até escondiam que praticavam, por conta disso. Mas hoje em dia a história é diferente. O esporte tem se profissionalizado cada vez mais, junto com o MMA (Vale-Tudo). Então os mais enérgicos ao invés de arrumarem encrenca na rua vão pros ringues e ainda ganham uma grana. Já me enfiei nisto no passado. Não é tão punk quanto parece aos olhos, pois quem está ali em cima, está altamente preparado. Passam por treinos diários de até 6 horas na pauleira. Claro, acidentes tem em todos os lugares. Penso em voltar.
No jiu-jitsu os nossos desafiantes são nossos amigos, irmãos, companheiros de treinos, sei lá, chamem-os como quiserem, mas nossos adversários somos nós mesmos. Quando começamos lutar o negócio pega, é um querendo atropelar outro, só que o desafio maior não está em derrotar o outro, mas sim em superar os próprios limites pra poder ver até onde se consegue ir. Pra que isso? Não me perguntem, mas percebo que é isto que tem mantido a vontade de seguir em frente de muita gente.
O treino é de puro confronto fisíco. Algumas posições são até comprometedoras, não posso negar, mas o respeito no tatami entre os praticantes é tão grande que em hipótese se encontra maldade. As garotas que treinam ficam bem a vontade. Mesmo na embolação. Às vezes rola lesões e até desentendimentos, mas quando saimos dali, já está tudo em ordem, com a alma lavada e somos outros. Meu professor é um grande amigo e o adotei há muito tempo como irmão mais velho, pois nas horas punk foi o cara que esteve presente pra ajudar segurar a barra. Uma mão sempre foi lavando a outra desde então.
Semana passada deixei minha bike amarrada no portão de casa. Algum filho da puta cortou o cadeado e a levou. Dois dias depois um outro brother de treino me liga, dizendo que tinha uma bike Trek importada (uma das melhores marcas) em ótimo estado e que iria me dar, pois disse que teria mais utilidade pra mim do que pra ele, sabendo do corre que faço diariamente. Confesso que me emocionou. Até hoje não sei expressar toda minha gratidão pelo ato. Às vezes tem aquela sensação de que passamos pela vida sem ao menos ser reconhecido pelo menos pela nossa honestidade sei lá. Não que quero ser reconhecido por algo e também não sou um sujeito politicamente correto, devo confessar que tenho até um pouco de ojeriza por esses tipos, mas vejo que de alguma forma é um sinal de que vale a pena não sacanear com ningúem, neste sentido. Fiz muita merda, mas nunca tive as manhas de tirar nada de ninguém. Nem passar por cima de ninguém pra conseguir algo. Acredito que cada um tem sua história.
Nestes 15 anos de treino passei por uma porrada de equipes e nunca me senti tão em casa como nessa. Nunca me diverti tanto. É du caralho. E outras coisas de grandes amizades já rolaram por ali, faria o maior post deste blog descrevendo isto, mas é mais numa de dizer que estou bem acompanhando e muito agradecido pelo belo presente. Não é todo dia que ligam te oferecendo uma bike boa pra caramba. E não é da bike em si que falo, mas sim da acolhida e recíprocidade. E não é em qualquer lugar que se encontra uma rapaziada deste naipe. Ossss.
sexta-feira, maio 08, 2009
ALGUMAS COISAS
Tanta coisa pra escrever aqui, que na hora que penso em fazer, dá uma preguiça danada, até porque tem aquela velha história do tempo. Estou focado em outras coisas, por enquanto. Essa semana foi de louco. Roubaram minha bike, meu único transporte. Adquiri uma máquina fotográfica bacana pra começar trampar. Atores e atrizes que precisarem de material novo. Entrem em contato. Na sequência ganhei uma bike ferrada de um grande amigo e por ai vai. Semana que vem espero sentar pra colocar tudo isso em dia. Por enquanto, um bom fim de semana e bom dia das mães. A minha vem pra cá e acho du caralho. Ela é a pessoa mais especial da minha vida. Escrevo sobre ela também em breve aqui. Valeu!
O QUE ANDEI VENDO POR AI E RECOMENDO
“O FINGIDOR” – Texto e direção do grande Samir Yazbek. Está entre as 100 melhores dos últimos tempos na seleção da Bravo, fora a porrada de prêmios que ganhou por ai mundo a fora. O Serviço está num post logo abaixo.
“A NOITE MAIS FRIA DO ANO” Texto e direção do escritor Marcelo Rubens Paiva, com o brother Mário Bortolotto no elenco e mais uma rapaziada de tirar o chapéu. Fazia tempo que não me divertia tanto. Pareciam adolescentes no intervalo no pátio da escola bagunçando ou jogando futebol, sei lá. Nem vou postar o serviço porque até onde sei já está esgotado. Parece que estarão em Teresina.
“COMUNICAÇÃO A UMA ACADEMIA” do Club Noir, dirigido por Roberto Alvim e com uma das melhores atrizes que conheço, Juliana Galdino. Esse grupo agora com espaço próprio na rua Augusta, tem dado o que falar, já há algum tempo. Roberto Alvim junto com Ruy Filho e Eric Lenate na minha opinião são os diretores desta nova geração, se é que posso chamá-los assim, em quem mais aposto. Tenho acompanhado o trabalho deles religiosamente. E digo não deixem nunca de assisti-los. Essa peça está imperdível. Estão no Teatro Imprensa, às terças e quartas 21h.
“SONHO DE UM HOMEM RIDÍCULO” adaptação de um conto do russo Dostoievski, dirigido por Roberto Lage e com a monstruosa interpretação de Celso Frateschi. Outra peça transformadora. Grande surpresa. Estão no Teatro Àgora no Bexiga de sexta à domingo.
“O MONÓLOGO DA VELHA APRESENTADORA” É o primeiro texto de teatro encenado de um grande amigo e sem dúvidas um dos maiores escritores do Brasil, Marcelo Mirisola. É um monólogo interpretado por Alberto Guzik e dirigido por Josemir Kowalick. Quem conhece Mirisola já sabe mais ou menos o que espera. É risada do começo ao fim, mas isso talvez seja só um disfarce pro choro entalado, pois Mirisola como sempre ataca com sua dura transparência. A peça ta no Satyros I às quartas e quintas às 23h. Vida longa.