Bem ao contrário do que todos pensam, o jiu-jitsu é um esporte bacana. Há um tempo atrás, quando foi provado ser uma das artes marciais mais eficientes para defesa pessoal etc, o esporte ficou malvisto, pois começaram aparecer os conhecidos “Pitboys”. Os caras de cabelos curtos, orelhas couve-flor, bombados e com uma corrente pendurada no pescoço. Eles saiam exclusivamente para arrumar encrenca. Era moda.
Algumas pessoas mais centradas até escondiam que praticavam, por conta disso. Mas hoje em dia a história é diferente. O esporte tem se profissionalizado cada vez mais, junto com o MMA (Vale-Tudo). Então os mais enérgicos ao invés de arrumarem encrenca na rua vão pros ringues e ainda ganham uma grana. Já me enfiei nisto no passado. Não é tão punk quanto parece aos olhos, pois quem está ali em cima, está altamente preparado. Passam por treinos diários de até 6 horas na pauleira. Claro, acidentes tem em todos os lugares. Penso em voltar.
No jiu-jitsu os nossos desafiantes são nossos amigos, irmãos, companheiros de treinos, sei lá, chamem-os como quiserem, mas nossos adversários somos nós mesmos. Quando começamos lutar o negócio pega, é um querendo atropelar outro, só que o desafio maior não está em derrotar o outro, mas sim em superar os próprios limites pra poder ver até onde se consegue ir. Pra que isso? Não me perguntem, mas percebo que é isto que tem mantido a vontade de seguir em frente de muita gente.
O treino é de puro confronto fisíco. Algumas posições são até comprometedoras, não posso negar, mas o respeito no tatami entre os praticantes é tão grande que em hipótese se encontra maldade. As garotas que treinam ficam bem a vontade. Mesmo na embolação. Às vezes rola lesões e até desentendimentos, mas quando saimos dali, já está tudo em ordem, com a alma lavada e somos outros. Meu professor é um grande amigo e o adotei há muito tempo como irmão mais velho, pois nas horas punk foi o cara que esteve presente pra ajudar segurar a barra. Uma mão sempre foi lavando a outra desde então.
Semana passada deixei minha bike amarrada no portão de casa. Algum filho da puta cortou o cadeado e a levou. Dois dias depois um outro brother de treino me liga, dizendo que tinha uma bike Trek importada (uma das melhores marcas) em ótimo estado e que iria me dar, pois disse que teria mais utilidade pra mim do que pra ele, sabendo do corre que faço diariamente. Confesso que me emocionou. Até hoje não sei expressar toda minha gratidão pelo ato. Às vezes tem aquela sensação de que passamos pela vida sem ao menos ser reconhecido pelo menos pela nossa honestidade sei lá. Não que quero ser reconhecido por algo e também não sou um sujeito politicamente correto, devo confessar que tenho até um pouco de ojeriza por esses tipos, mas vejo que de alguma forma é um sinal de que vale a pena não sacanear com ningúem, neste sentido. Fiz muita merda, mas nunca tive as manhas de tirar nada de ninguém. Nem passar por cima de ninguém pra conseguir algo. Acredito que cada um tem sua história.
Nestes 15 anos de treino passei por uma porrada de equipes e nunca me senti tão em casa como nessa. Nunca me diverti tanto. É du caralho. E outras coisas de grandes amizades já rolaram por ali, faria o maior post deste blog descrevendo isto, mas é mais numa de dizer que estou bem acompanhando e muito agradecido pelo belo presente. Não é todo dia que ligam te oferecendo uma bike boa pra caramba. E não é da bike em si que falo, mas sim da acolhida e recíprocidade. E não é em qualquer lugar que se encontra uma rapaziada deste naipe. Ossss.
Um comentário:
Vc é um cara que merece tudo de bom. Torço muito por vc e por toda moçada sangue bom que me cerca e que me passa muita energia positiva. Osss.
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