sexta-feira, maio 21, 2010

2012 NO CALENDÁRIO MAIA

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E essa semana mais um brother foi embora, sem dizer tchau. Deixou-nos saudades e boas lembranças.

2007 pra mim foi um ano bem doido, talvez um dos piores. Ficou marcado. Na verdade só me lembro disto porque ainda é bem recente. 2010 não tem sido muito diferente e vejo que não é só pra mim. Tenho ouvido muita gente reclamar. Tem sido um ano estranho e assustador. Um ano triste.

Não vejo mal na morte, é parte do nosso ciclo, é o encerramento de algo, ou o início, sei lá, mas mesmo assim é difícil de lidar, é um grande mistério. Um conforto.

A história de 2010 começou com o fim de 2009. A partida de um grande amor, o crime bárbaro contra um amigo, virando o ano com a notícia das grandes tragédias como a de São Luis do Paraitinga, Ilha Grande e depois os terremotos devastadores no Haiti, Chile. Também um acidente que levou um outro amigo a uma delicada cirurgia, o pai de uma pessoa muito especial que ficou entre a vida e a morte, por causa de uma aneurisma e outras coisas mais.

Um pouco distante, mas o prelúdio para o que virá em 2012, talvez. O ano polêmico. Mesmo assim seguimos em frente fingindo pra nós mesmo que está tudo certo.

Aproveitei e puxei o freio de mão e me cobro por isso, mas também não acho ruim. Precisava por as coisas no lugar. A cabeça em ordem. Talvez os taoístas estejam cobertos de razão. A vida é o que é. É a porra do fluxo do rio. Não da pra mudar muito. E as mudanças que fazemos, também fazem parte do fluxo e... puta que o pariu. E nem sei muito mais sobre isso. Não sou taoísta e nem pretendo ser. E cago pra eles. Tudo na sua devida proporção.

Será que a vida realmente já está escrita e o nosso destino traçado? Mas que porra de destino é este? Como pensar num futuro se o nosso presente está todo cagado? Vou parar com tudo pra esperar o que vem lá na frente? Como? Se amanhã corremos o risco de nem acordar mais. Amanhã corro o risco de nunca mais sentar sobre essa cadeira e atualizar este blog. E não é melodrama, é fato. Estamos todos sujeitos a isso. Como dizem: “para morrer, basta estar vivo”. E ela vem sem avisar e talvez seja tarde para os que ficam pra dizer o último adeus, ou fazer sua prosaica declaração de amor, ou pedir perdão, dar o último abraço, ou o que quer que seja.

Mas só quando ela apronta mais uma de suas peripécias bem do nosso lado é que nos ligamos que somos um monte de merda, meros mortais. E percebemos o quanto não queremos isso pra gente e nem pra ninguém, principalmente pros mais próximos.

Foi essa sensação que tive quando me ligaram na madrugada dizendo sobre o crime contra meu amigo lá na praça Roosevelt, no dia 5 de dezembro. Impossível, pensei na hora. O repúdio é a primeira reação diante da morte. Há algumas horas atrás ele tinha apertado a minha mão com um sorriso e 5 horas depois estava em coma todo furado por balas na cama de um hospital. E nunca mais leria seu blog como faço todas as manhãs? No exato momento do aperto de mão não passou pela minha cabeça e nem pela dele que aquilo aconteceria. Óbvio.

Na semana seguinte abraço Fábio Barreto que tava feliz pacas com a estréia do filme Lula aqui em São Paulo. E no fim da mesma semana me ligam avisando sobre o acidente que o faz seguir em coma até hoje.

Depois uma amiga me liga em desespero que o pai tinha sofrido um AVC e não sabia muito o que fazer. Foi desesperador. Foi também a cena mais bonita que presenciei de uma filha e um pai que mal se falavam por terem más lembranças de seu passado, deixando ali lágrimas no colo um do outro. Redenção. Um segurava na mão do outro como se estivessem pedindo por socorro. Pedindo pra não ser abandonado. Isso vai ficar marcado.

E na sequencia um amigo sofre um acidente de bicicleta e passa por uma cirurgia e por ai vai. Eu acampado em hospitais. Nojentos hospitais públicos onde dezenas, centenas, milhares de pessoas abandonadas morrem em seus corredores, com cheiro de carniça.

Essa semana a triste notícia de que o amigo e ator Marcos Cesana faleceu também vitima de um AVC. Jovem. Estava internado há algum tempo já, mas diziam estar num estado progressivo, apesar do coma induzido. Estávamos todos otimistas, mas não sobreviveu. Lembro dele contando feliz o bom momento que estava vivendo. Isso no ano passado, no set do Lula. A vida profissional seguindo bem. Tava esperando um novo filho e finalmente tinha grana suficiente pra cria-lo dignamente. Depois disso nos vimos poucas vezes pela rua. Enfim. Certamente pegou o elevador rumo ao céu, mas se foi, deixando dois filhos de 13 e 1 ano de idade e a esposa. Foi promovido. (Isso foi a melhor coisa que li a respeito.)

A tristeza não é só pelo o cara que vai, pois ainda temos o consolo de pensar que ele pode ter se livrado de uma enrascada aqui e agora vai cuidar dos seus lá de cima, com uma visão panorâmica privilegiada. O foda é o que ele deixou aqui pra trás e quem deixou.

Tristeza é um troço estranho, que ta sempre em pé plantada na porta da sala esperando só uma brecha pra passar correndo e ficar nos fazendo companhia. É um (a) sujeito (a) abusado (a). Entra mesmo sem ser convidado (a).

É duro pensar que a morte anda por perto com a sua machadinha e daqui a pouco pode chamar você, eu, ou quem quer que seja, mas ao mesmo tempo...

Em pensar que tem gente que brinca com gente, sem perceber que a vida é curta demais. E quando acordarmos já pode ser tarde. E essa a única oportunidade.

Da tempo sempre de tentar de novo. Não acredito em regras. Apesar de não acreditar em regras já ser uma regra, mas foda-se. Não acredito no tempo. Acredito só no agora. O passado? Cadê? Já ta tudo guardado numa caixa empoeirada dentro do maleiro do guarda-roupa. E o futuro? Hã? Do que estamos falando? Podemos correr o quanto for, mas nunca vamos alcança-lo. E o presente? Já passou. E tudo isso é o tempo que não acredito.

Termino um pouco envergonhado com as palavras despejadas hoje aqui, provavelmente por serem óbvias e chorosas demais, mas foi como um desabafo pra tentar tirar um nó parado no gogó há muito tempo. Não saiu tudo... ainda, mas...

Vamos em frente e força pra todos da família deste grande cara. E força pra nós que seguimos encarando toda essa onda.

2 comentários:

Anne Iris disse...

é, a vida não é fácil para ninguém Paulinho, mas que bonita sua homenagem a ele e meus sentimentos a todos que sofrem com essa perda; mas não podemos ser egoístas, a tristeza fica, mas o sofrimento dele não é justo, ninguém merece sofrer em uma cama de hospital, a luta existe até o fim mas quando há a partida...temos que orar, pedir seu descanso em paz e que fique na lembrança todos os ensinamento e momentos vividos ao seu lado; e por isso temos que aproveitar cada segundo e oportunidade que a vida nos da, nos guiando para os trilhos certos, por não saber o dia de amanhã temos que viver o hoje da melhor maneira possível, sendo quieto, na bagunça, triste ou feliz...mas viver...e agradecer cada momento e oportunidade...por isso nunca é tarde para um perdão ou gratidão !!!
Fique com deus e em Paz!
um beijo

Farah Serra disse...

Nem todos os motivos do mundo podem tirar nossa alegria de viver... Já que a vida é tão efêmera, nada mais podemos fazer a não ser procurar a sua beleza/sutileza. Em cada raio de sol,em cada momento fugaz - ao lado até de amigos 'desconhecidos', em cada momento registrado pelas suas lentes fotográficas. Lentes estas que registram o seu passado para que você o recorde no seu amanhã. Lentes, do seu ser, que fazem que as pessoas fiquem eternamente próximas - desde que os momentos sejam vividos com intensidade, em sua dor ou em sua alegria. Tudo o que precisamos é aprender a viver...