Até que enfim. Vou cair na estrada hoje com um brother mineiro. O rumo é Cananéia. Não conheço, mas dizem que é bom pra cacete, cidade montonhas rodeada de ilhas. A famosa ilha do Cardoso, Ilha Comprida etc. Pra quem fica. Um excelente ano novo e tudo mais.
terça-feira, dezembro 29, 2009
sexta-feira, dezembro 25, 2009
25
O pior já passou. O Natal. Enquanto o ano não acabar e as novidades não começarem acontecer, vai continuar igual. Concluo com isso, que o pior ainda pode estar por vir. Enganei-me.
Minha mãe confundiu Natal com carnaval e assim enfeitou a casa. Ficou engraçada. Deitei no colo dela depois de tantos anos. As fotos penduradas na parede do meu quarto, fazem um estardalhaço em mim. Vejo a criança que fui e que gostaria de continuar a ser. Hoje marquei um encontro com amigos de bolinha de gude.
Ainda este papo de amor não me convenceu, mas já acredito um pouco mais. Não acho que seja esta novela, mas... Ta tudo muito fácil. Fiz uma lipoaspiração no coração. Pra ver se muda alguma coisa. O foda é o cinto lá dentro, que está apertando pra cacete. Não sei quando vou poder tirar.
Tem hora que acho que tudo isto é só um pesadelo. Daqui a pouco vem alguém e chama meu nome. Óbvio que não vou acordar assim tão fácil, daí ele vai perceber e dará um murro bem na ponta do meu baço. Vou dar um pulo assustado e em seguida um abraço agradecendo por ter me acordado.
segunda-feira, dezembro 14, 2009
Copiem e colem
Agora sim. Em vários lugares as fotos de 3 dos 4 filhos das putas que atiraram no nosso brother Mario Bortolotto. Quanto mais espalharmos essas fotos por ai, mais rápido eles serão pegos. Os caras não vão conseguir se esconder por tanto tempo assim, uma hora vão sair pra cagar. Da pra perceber pelas fotos que sem arma, os lobos cruéis estão mais pra singelos cordeiros. Que arranquem-lhes os olhos.
Por favor, espalhem o máximo possível por ai.
MM
Tem uma porrada de lobo, como sempre, por ai querendo tirar proveito da situação do Marião. Até entendo essa é profissão dos caras, mas os filhos da puta extrapolam. Hoje saiu no Congresso em Foco, um texto sobre o assunto do grande Marcelo Mirisola. Nada como um amigo próximo e que tem exatamente o mesmo caráter, pra escrever sobre o ocorrido. É uma das coisas mais honestas que já li sobre amizade. Vale a pena cada palavra. Confiram.
http://congressoemfoco.ig.com.br/noticia.asp?cod_canal=14&cod_publicacao=31122
sexta-feira, dezembro 11, 2009
FRU-FRU
Odeio o calor em São Paulo. Não serve pra porra nenhuma, a não ser pra nos dar preguiça e nos forçar a ficar trancados dentro do apartamento com o corpo todo úmido, cheirando o próprio cecê. Os bagos ficam todos tostados. Os testículos quase encostam nos joelhos.
Daí você se liga que a sua angústia quem trouxe foi o fim do ano, cada vez mais próximo, que junta com um monte de merda e tudo parece parar, porque a essa altura do campeonato já não tem mais com o que se ocupar. Olho no espelho, tem umas gotas caindo, não sei se são de suor, ou se são lágrimas. O que importa? Abro a torneira e jogo água no rosto. Daí mistura tudo.
Digito no Google “putas pelancudas” e depois “gatinha de teta murcha” e na sequencia... fico a tarde inteira digitando um monte de palavras deste naipe e é claro não encontro nada, pra ser sincero, nem clico nos links que aparecem. É só pra esquecer o calor, enquanto construo uma ratoeira pra pegar o espectro que ta escondido debaixo da cama do meu quarto. O calor aumenta. Meto a bunda na banheira cheia de gelo e nada. Fico o dia todo xingando e resmungando. Pode cre que xingo até você que está lendo aqui. Não tem nada legal pra fazer quando a temperatura sobe muito. A cidade deu um tiro na brisa que tentava chegar.
Quer dizer, tem uma coisa boa. Ver garotas paradas na esquina esperando o farol abrir com seus finos vestidos vermelhos que fazem fru-fru quando o vento sopra, enquanto meu coração desmaia vendo o sol se esconder atrás de algum edifício e... opa... perai.
quinta-feira, dezembro 10, 2009
terça-feira, dezembro 08, 2009
Boas
Marião segue bem. Já consegue se comunicar com os familiares por gestos.
E quinta-feira os amigos que tocam com ele vão se reunir no Café Aurora em sua homenagem pra tentar arrecadar uns trocos pra ajudar na sua recuperação depois. Som de primeira. Quanto mais gente aparecer, óbvio, melhor.
Café Aurora
R 13 de mail, 112. Bixiga-SP
22h
BOB NA MADRUGA
- “Caralho, ninguém me liga a esta hora”- pensei. Tava num sono pesado, devia ta roncando pra cacete. Duas da madruga. Foi foda despregar as pálpebras. Não lembro muita coisa. Vi um número desconhecido e só por isso atendi. Não botei no silencioso como geralmente faço e meu celular tem um toque estridente.
- Alô?
- Paulo? Pode falar agora?
- Na verdade...
- É o Bob.
- Caralho!!!
Esperava qualquer pessoa, menos o Bob. Jamais imaginaria que o cara fosse de ligar pra alguém. Até porque conversamos muito pouco lá na ilha e nem lembrava que tinha deixado meu número com ele, enfim.
- Descobri uma coisa.
- Conta.
- Pensei que minha garota tivesse me deixado pra ficar sozinha.
- Não me leva a mal Bob, mas são duas da madruga e acordo às 6 pra trampar. Você não prefere me ligar amanhã de manhã?
- Foi mal. É que dói um bocado.
- Quantos anos você tem?
- Por que?
- Quantos?
- Acho que 48.
Nunca ia adivinhar a idade do Bob. Ele ta com uma cara bem acabada. Deve ter usado drogas pra cacete e feito um monte de merda, mas tem um espírito bem jovem e isso nos engana. É daquele tipo que nuca conseguimos acertar a idade.
- Poxa Bob 48 anos e você ainda não aprendeu?
- Pois é.
A partir daqui eu já tava mais acordadão. Não adiantava, porque ele não ia me deixar dormir.
- Nenhuma garota nesta vida te deixa porque quer ficar sozinha. No mínimo porque ela conheceu um outro cara e já está saindo com ele, ou ta tramando isso. Porra Bob, você é um cara muito mais vivido do que eu e já devia saber disto.
- É foda Paulo. O tempo passa e a gente nunca aprende. A gente erra pra cacete e nunca aprende. Ela jurou que era pra ficar sozinha.
- Elas sempre juram de pés junto. Jamais vão assumir que tão te deixando pra ficar com outro. Acho que nem a madre Tereza de Calcutá cumpriria essa jura. - - Elas podiam ser mais compreensíveis.
- Adoraria se fossem.
- Ela viajou dizendo que precisava descansar a cabeça e ontem descobri que ela já tava com um cara há algum tempo.
- Não fica investigando a vida da garota.
- Nem to, mas as coisas aparecem. É foda, eu to sentindo muita a falta.
- Vamos passar a vida fazendo merda Bob, não tem jeito. É foda. Também me arrependo de uma porrada de coisas. Sei o que você ta sentindo.
- E agora?
- Você não pode ficar esperando-a. Vá fazer o que você tem que fazer.
- Não consigo. Amo aquela garota.
- Não acredito em amor.
- Como assim?
- Ta muito tarde pra tentar te explicar isso, mas esbocei o assunto com você aquele dia. O amor é conveniente. Já leu Corintios 13?
- Já.
- Naquilo acredito um pouco, é o mais próximo do que quero te dizer, mas ainda não é.
- Você ta bêbado?
- Não. Só sono mesmo.
Neste momento rolou um baita silêncio e quase dormi com o celular na orelha, como geralmente faço, mas senti que o cara precisava falar mais um pouco e não sei como, pela primeira vez consegui me manter acordado.
Escrevendo parece ser longo, mas esse papo com ele na real, acho que não durou nem dez minutos.
- Bob, ela deve ter cansado de ter uma vida assim como a nossa, meio de improviso e deve ta querendo um cara que a leve em restaurantes sem precisar pesquisar preço no cardápio e que nunca ofereça um PF. Um cara que pague a conta depois do jantar, sem precisar rachar, ou um que de presentes caros, encha a bola delas com palavras bonitas etc. Mas fica tranquilo estes caras não fazem mais do que isso, pode acreditar? Um dia elas se cansam pra valer deles. Nossa vida pelo menos tem diversão. A deles não. É sempre igual e eles na verdade não dão a mínima pra elas, porque tem dinheiro suficiente pra comprar a próxima garota. Fica tranquilo meu irmão. Você é um cara bacana. Vai se dar bem.
- Ufa!!!
- Deixa o tempo fazer o serviço. Vai chegar uma hora talvez, que você nem vá mais se lembrar dela.
- Eu não queria isso.
- Eu também não, mas enfim. Tem um travesseiro sozinho dormindo do meu lado todas as noites há muito tempo. Sinto falta. Ta ligado aquelas fotos que ficava tirando na ilha? Tenho exercido essa atividade de fotógrafo há algum tempo sozinho. E digo que não tem graça nenhuma, mas...
- Foi mal te ligar a essa hora. Você virou um irmão.
- Quando precisar pode ligar. Fiquei muito feliz. Só peço pra não ligar depois das 23h. Durmo cedo e tenho sono pesado. Depois nunca lembro no dia seguinte claramente o que acontec... zzzzzzzzzzzzzzz...
segunda-feira, dezembro 07, 2009
Ajuda
O Marião segue internado na Santa Casa em estado grave. A família ta precisando de uma força pra ajudar arcar com algumas despesas. Peço por favor que contribuam e ajudem a divulgar isso.
Para ajudar Mario Bortolotto, deposite na conta da mãe da filha dele: Cristiane do Carmo Viana - Unibanco ag 0935 conta poupança 127721-6
A direção de Santa Casa também precisa de doadores de sangue que devem se dirigir à própria entidade situada à rua Cesário Motta Jr, 112
domingo, dezembro 06, 2009
Manifesto
Do Blog dos Parlapatões
O Teatro Resiste! Bortolotto Viverá!
O espaço público é do cidadão.
O Teatro não vai se intimidar com a violência, muito menos se submeter aos bandidos, aos que querem a escuridão nas ruas, aos querem que o povo fique em casa, acuado.
Mário Bortolotto é um símbolo de nossa Praça Roosevelt. Seu estado de saúde é grave, mas está resistindo e viverá.
Vamos nos reunir no Espaço Parlapatões, hoje, dia 06/12 (domingo), às 21h, para mostrar o quanto queremos que nosso amigo se recupere completamente.
Nosso amigo Carcarah, também atingido, passa bem e está conosco em pensamento pela recuperação do Bortolotto.
Não apresentaremos a peça O Papa e a Bruxa, para que todo nosso elenco, artistas, produtores, técnicos e funcionários do teatro possam participar desse ato.
Chamamos os amigos, artistas, público, freqüentadores da praça, vizinhos, jornalistas e todos os que se dispõe a enfrentar a violência para vir a este encontro.
Vamos ler trechos de suas peças, seus poemas e vamos mostrar que o nosso palco não está a serviço das tragédias reais, mas que faz dramas, comédias e tragédias para dar fôlego à sociedade para enfrentar suas mazelas.
Compareça! O Teatro resistirá mais uma vez.
Bortolotto viverá e escreverá muito mais de nossa história!
A praça é do povo, da cultura, da comunhão, da arte e da paz!
Dia 06/12 - Domingo, às 21h
Espaço Parlapatões - Praça Roosevelt, 158 - tel. 11 3258-4449
Fonte: http://parlapablog.blogspot.com/
sábado, dezembro 05, 2009
INGRATIDÃO
Foto do filho da puta que atirou no Marião
Lembro que quando cheguei em São Paulo, sempre ouvia histórias assombrosas e criminosas sobre a praça Roosevelt. Não tinha coragem de passar por ali nem durante o dia, a noite então, nem se fala. Os moradores não podiam chegar tarde em casa, pois corriam o risco corriqueiro de serem assaltados ao parar em frente as suas garagens, esperando o portão abrir.
Há 12 anos atrás, onde hoje está localizado o Espaço Parlapatões existiu uma padaria, onde ocorreu uma grande chacina. A praça foi um dos maiores pontos de tráfico e prostituição de São Paulo. Alguns apartamentos tem marcas de bala dos frequentes assaltos.
Os moradores começaram a desabrigar aquele lugar, não aguentavam mais, enquanto nenhuma providência era tomada. Uma terra sem lei, sem vida e cada dia mais abandonada.
Em 2000 a Cia do Satyros ousadamente resolveu instalar-se ali, mesmo sabendo dos riscos. Pouco a pouco e insistentemente cheios de idéias e vontade foram devolvendo vida ao lugar. Inovaram inclusive os hábitos rotineiros da classe teatral paulistana, com horários alternativos de peças, eventos como a Satyrianas etc.
A praça chegou a funcionar quase que 24h, além de diversos espaços teatrais, tem livrarias noturnas, bares, restaurantes e muita gente bacana. Tornou-se para muitos um lugar provinciano, quase uma cidade do interior, onde todos se conhecem. Eu, durengo do jeito que sou, só apareço lá. Encontro amigos e não tenho nenhum tipo de gasto. Enfim.
Claro que com toda essa revitalização, a praça começou a chamar atenção da classe média e os apartamentos desapropriados que foram vendidos a preço de banana, passaram a ser super valorizado. Existe fila pra se conseguir um lugar pra morar por ali.
Como nem tudo é um mar de rosas, essa classe média que habitou lá, não felizes com a revitalização passou a se incomodar com o barulho dos frequentadores. Iniciou-se assim uma guerra. É comum estar conversando com um amigo e de repente alguma coisa cair na tua cabeça, como água quente, mijo, vômito cerveja choca e até objetos pesados. Não conseguindo nos derrotar pela agressão, entraram com vários baixoassinados na justiça.
Os moradores de tanto insistir conseguiram fazer revigorar algumas leis. A partir de um horário, não pode mais ter mesa nas ruas, barulho etc. E com isso devolveu-se aquela aparência de abandono que a praça tinha deixado pra trás.
A cada 2 minutos parados lá, somos abordados por pessoas pedindo alguma ajuda e na maioria das vezes são pessoas na fissura pela próxima pedra de crack ou qualquer outro tipo de droga. Os famosos nóias.
Óbvio que com toda essa merda a praça vem perdendo a cara que conquistou nestes dez anos desde a chegada do Satyros. Depois da uma da manhã já não tem mais nada na rua. Só dentro dos bares. A maioria das pessoas preferem voltar pra casa. O grande barato era ficar sentado ali na frente tomando uma cerveja com os amigos e atento a tudo. Isso chamava a atenção das pessoas que passavam pela rua, ajudando a criar o movimento naquele lugar. Agora, ali vem se transformando a cada dia num alvo fácil para os bandidos.
E foi o que aconteceu na madrugada de sexta pra sábado, 5 de novembro de 2009. Quatro bandidos armados, invadiram o Espaço Parlapatões. Chegaram gritando com uma violência absurda. Mandaram todos deitarem e passarem tudo o que tinha. Agarraram uma garota e deram uma coronhada na cabeça de outra. Dois amigos inconformados com a agressividade foram pra cima e consequentemente e injustamente baleados.
Dizem que Carcarah levou 3 tiros na perna, mas já passa bem. E o Mário Bortolotto levou 4 tiros e está até hoje internado na UTI da Santa Casa em estado grave.
Muitas vezes escrevi deles por aqui. O Carcarah é um ilustrador, músico e tem um blog com os melhores textos que já li. O link ai do lado. O Marião é simplesmente um cara que deu animo há uma geração esquecida, ou apagada em São Paulo. Pode-se dizer que ele com seu estilo e caráter tem vários seguidores. Ele inovou a dramaturgia no país e a maneira de pensar de muita gente. Inovou o jeito de fazer teatro e foi incentivador de uma porrada de malucos. Sou eternamente grato a este cara.
O Marião é uma das figuras mais representativas da praça.
Escrevo esse texto por algumas questões. Uma pra torcermos pela recuperação destas pessoas. As chances do Marião sobreviver são grandes.
Onde vamos parar com tanta violência? Até quando os filhos da puta desses políticos vão passar por cima disto tudo, vão continuar nos roubando e nos dando essa condição precária de vida? Kassab se reelegeu dizendo que ia concretizar diversos projetos, inclusive o da reforma da praça. Prometeram tirar aquela marquise ridícula que serve apenas de esconderijos pros bandidos. Cadê você seu prefeito filho duma…
E a última questão é: a praça estava sendo desapropriada pela infinidade de assaltos e atrocidades que aconteciam. Os grupos de teatro reverteram a situação e agora as pessoas como sempre ingratas e insatisfeitas querem boicotar ao invés de agradecer que podem morar num lugar “tranquilo” e que tem um imóvel que valorizou pelo menos 300%. É foda né?
Há dez anos desde a vinda das sedes dos grupos não se ouvia mais nenhuma notícia deste tipo por ali. Em menos de um mês, depois que os moradores conseguiram colocar mais uma lei em atividade e as mesas definitivamente sairam das calçadas, ouve esse tiroteio e um espancamento de um mendigo na porta do Satyros 1. Dez anos em atividade, contra um mês dessa porcaria e já viu-se o resultado.
Essa tendência da insatisfação humana é nata, mas ta na hora de abrirmos mãos dos nossos desejos egoístas e pensarmos melhor nesta merda toda. Certeza que se os teatros sairem de lá, a praça voltará a ser o que era antes e certeza que os moradores terão que deixar o lugar novamente. Babacas.
Segue um dos links com a foto do valentão do assaltante. Peço que divulguem em todos os meios possíveis pra eles serem encontrados. Blogs, orkut, facebook, twiter etc. Só gostaria de vê-lo pra saber se o cara é tão valente assim sem a arma. Meu sonho é que a polícia os levassem no mesmo lugar e pedissem pra dar o mesmo show, só que desarmados. Teriam coragem? E óbvio, que nos deixassem a vontade pra fazer o que bem entendermos.
Tem o blog do Mário e Carcarah ai do lado.
terça-feira, dezembro 01, 2009
Ai
E a dor... Hoje chegou a minha conta de telefone, mais de 3 mil pilas. É que ontem liguei pra todos os asilos do país. Passei dia e noite fazendo isso. Queria encontrar o Sr. Hilário, que é o senhor de quem falei no texto abaixo. Precisava rir um pouco. Fodi-me. Não o encontrei e agora estou com esta conta absurda pra pagar. Não sei o que vou fazer. Mudar de nome, endereço, ou me entregar a polícia. Este é um valor que gastaria em 5 anos usando o telefone todos os dias e gastei numa paulada só.
A esta altura imaginei que já tivessem jogado o velhinho num asilo beira de estrada. Ia contar que ele me fez rir aquele dia na ilha se escondendo dos seus netos no meio do mato na escuridão, com as velhinhas berrando seu nome. E dizer também que aquela cena hilária virou trecho de um texto. Bosta, por onde anda o velhinho? Aquela imagem já se esgotou na minha cabeça e não me faz rir mais. Certeza que Sr. Hilário tem piadas na manga.
Uma hora todo mundo é deixado. Pensar nisto da um medo danado. A solidão é um troço engraçado. Quando nos habituamos a ela, gostamos pra cacete e não queremos abrir mão desta condição de forma alguma. Mesmo assim passamos a vida toda com medo de no último suspiro não ter ninguém por perto nos vendo, ou pra gente ver pela última vez. Não quero dizer adeus olhando só pra paredes.
Eu compreendo perfeitamente a melancolia do Bob. Toda garota mal cuidada e maltratada, corre pra Buenos Aires à procura de algum amante. Não é só por isso que odeio argentinos. Os caras são uns folgados mesmo e ainda por cima querem comer as nossas mulheres. Que comam as deles. As tchecudas cabeludas. Se um dia você ler esse texto Bob e quiser ir pra lá enche-los de porrada, é só me deixar um comentário ai. Vou junto, nem que seja pra pedir carona na estrada.
Quando me enchem o saco, meto a porrada em todo mundo, mas sou um fracote, palavras me machucam mais do que os nocautes que já tomei e sei que as minhas tem forças também e se as desfiro feito metralhadora, acabo me acertando, o que é pior. Dai corro pra pequena casa da minha mãe no interior, só pra ver ela parada no portão chorando e acenando enquanto o carro ganha distância na despedida.
E a dor... Os anos nos ensinam a nos esquivar bem dela, mas uma hora o soco acerta em cheio, daí fodeu. Não tem remédio. Daí você percebe que é mortal mesmo e por mais casca grossa que seja, ainda existem infinidades de partes que não estão calejadas. Só resta, sentar e chorar, chorar e chorar... feito criança mimada esperando a mamadeira com o leite morno.