terça-feira, dezembro 09, 2008

A LOUCA DO CABELO

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A Louca do Cabelo não estava mais só, ela tinha a companhia do Louco do Piolho. Apesar de parecer brincadeira, ou algum tipo de clichê, não é. Este senhor é fascinante, ainda tiro um dia pra falar só dele, porque a nossa protagonista agora é ela.

A Louca do Cabelo era conhecida assim, porque desde pequena tinha uma mania irritante de ficar passando a mão sobre um chumaço dos seus cabelos de crioula. Alisando-o. Ela sempre foi muito branca, como os flocos de neve, mas os cabelos eram bem ruins. Talvez isso a incomodasse e pode ter adquirido essa mania por achar que fosse conseguir melhora-lo. As pessoas se preocupavam e criavam um monte de lenda para a pobre menina, dizendo que se ficasse mexendo tanto assim, acabaria ficando careca, mas ela não se importava. O tempo passava e nada de diferente acontecia. Ela foi ficando velha e parece que sentia a morte se aproximando. Numa corrida contra o tempo resolveu só ficar alisando o cabelo com as mãos.

Dizem os mais antigos que ela passou mais de 10 anos sem dormir se dedicando somente a isto e chegou num estado de loucura tão grande, que parou de fazer parte deste mundo. Acabou sendo abandonada por todos. Amigos, parentes, inimigos, animais de estimação etc. Virou ícone turístico. Ela viveu numa pequena cidade no interior do norte de Tocantins. Não me lembro o nome. As pessoas iam lá só pra vê-la. Ela não se mexia. Ficava sentada num pedaço de tronco no fim de uma estrada de terra, com o olhar perdido, olhando incessantemente numa velocidade alucinante para os lados e se tentássemos falar com ela, seria em vão.

A cidade começou ficar famosa mundialmente. Por isso o prefeito quis ajudá-la homenageando-a com uma condecoração. Construiu uma estátua no centro da pacata cidade. Parece ter gostado, mesmo sem ter esboçado um sorriso se quer. As pessoas lhe levavam comida, o tempo todo. Dizem que a alimentavam por uma sonda. Começou engordar, criar cor e o cabelo finalmente a melhorar. Acho que foi neste momento que passou o Louco do Piolho, ou ele foi levado até ela, pra lhe fazer companhia, não sei exatamente, mas é a partir daí que iniciou a história dele durando até hoje. Ele passa o tempo todo no mesmo estado catatônico dela espremendo piolhos imaginários em movimentos repetitivos e contínuos entre os seus dedões.

E se você não acreditou, ou não acredita nesta história, procure na internet ou leia no jornal da semana de Tocantins. Foi uma das matérias mais comentadas no mês passado e só agora lembrei de escrever sobre. É tudo baseado em fatos verídicos. Isto aconteceu há exatamente 50 anos atrás e nem sei se ela continua por lá, mas suas lembranças ficarão guardadas para sempre na memória de todos que a conheceram. Eu fui uma destas pessoas.

6 comentários:

Vivi disse...

SENSACIONAL!!!!!!!
Amei...

Anônimo disse...

claro que você adorou... deve ter rolado uma identificação...

Anônimo disse...

Ótimo texto. Se lenda ou se fato é, não sei, mas o interessante é a apropriação de Pankada em relação à personagem mitológica grega Narciso. A diferença é que a sua versão ocorre no feminino. Tomado pela vaidade, o jovem, filho de um deus com uma ninfa, apaixona-se pelo próprio reflexo na água e morre afogado ao contemplá-lo. Em seu lugar, brota uma flor, chamada hoje de Narciso.
Como dizem por aí, vaidade pode matar. Por onde será que anda mais essa personagem?

bj

Anônimo disse...

Obrigado pelo comentário, mas quem és tu anônimo?

Anônimo disse...

Anônimo sou eu, Pankada, a Baumont. Estou com problemas para postar com o meu ID.

bj,

Vi

Anônimo disse...

valeu virginia... saudade de vc na academia... gostei do seu comentário... bj