segunda-feira, dezembro 20, 2010

HOLIDAY

Pelo que notaram, este blog já estava meio de férias. Se me animar, posto alguma coisa antes de viajar ainda, senão, já estamos realmente de férias declarada.

A todos que passam por aqui. Bom fim de ano e um novo ano cheio de realizações e conquistas. Nos vemos! Ano que vem volto a mil.

Eu e os irmãos Torracas estamos preparando um livro. Aguardem.

terça-feira, dezembro 14, 2010

JORNALIRISMO

A grande amiga escritora, jornalista e incentivadora Talita Godoi, mandou uns textos meu pra um site bem legal e ontem foi publicado um. Canil de Boxer que escrevi em homenagem também a um grande brother. Quem quiser conferir, ele já ta no ar. É só clicar aqui.

E quem quiser conferir os textos da Talita é só clicar no link ai do lado.

domingo, dezembro 05, 2010

WORLD LEAGUE

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Neste fim de semana rolou na zona sul de São Paulo, o World League que é um campeonato mundial de jiu-jitsu sem federação, mas mesmo assim reuniu grandes atletas como os campeõs mundiais Bernardo Faria, Mário Reis, Bruno Malfacine e outros.

Três alunos do Pankada’s Team encararam o desafio e se inscreveram mesmo sem ter nenhuma experiência anterior. Passamos o dia todo lá. Lutaram bem e tivemos resultados satisfatórios.

Manoel Noro, 32 foi campeão dos leves.

Daniel Lustig, 21 ficou em quarto lugar na categoria médio.

E Luiz Romano, 33 lutou com o joelho machucado e logo no primeiro minuto de luta sentiu a lesão e corajosamente seguiu lutando, sem desistir, sendo finalizado nos minutos finais na categoria dos pesados.

Tô feliz pra cacete com o resultado, ainda mais tratando-se do primeiro campeonato pra todos. É isso ai! Deixo registrado aqui toda a minha satisfação em tê-los como alunos. Orgulhoso com a equipe que se forma e muito obrigado a todos que tem ajudado e participado. Principalmente aos mestres Márcio Guimarães e Fernando Santana. Oss!

quinta-feira, dezembro 02, 2010

Barulho

Ruy Filho que é o diretor da cia. de teatro Anto Exposto, teve a ideia de criar pro Satyrianas um blog pra ser postado resenhas sobre as peças apresentadas no evento. Convidou algumas pessoas e formou assim uma equipe.

O blog em menos de uma semana já tem quase 4 mil acessos e já foi lido em mais de 15 países.

Esse aqui em 40 anos de existência ainda não alcançou mil visitas.

Enfim, também participo do Diálogos. É! Diálogos é o nome que ele deu a isso.

A ideia a princípio foi a de esboçar resenhas de caráter reflexivo, que pudessem dialogar com os trabalhos apresentados. Não tinha de forma alguma qualquer intenção de ser critíca, mas mesmo assim, conseguiu gerar discussões polêmicas. O que tem sido muito divertido. Afinal, estamos lidando com “artistas” e seus “pseudosegos”. Vale a pena a visita.

Pra quem não sabe Satyrianas é um evento realizado pela cia. Satyros. São 80 horas de atividades teatrais ininterruptas. E esta foi a sua décima edição.

Se quiserem conhecer o blog acessem: http://antroexpostodialogos.blogspot.com

sábado, novembro 27, 2010

Leon e Sonia

Segue uma ótima opção para o fim de semana. Assisti e recomendo. Ainda vou escrever sobre. Belo trabalho do grupo Benditos e Malditos.

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Direção: Márcio Tadeu

Dramaturgia: Fábio Fonseca

Direção Corporal: Eduardo Coutinho

Elenco: Paula Ernandes e Péricles Raggio

Espaço Cênico e Figurino: Márcio Tadeu

Pintura de Arte: Miguel Nigro

Criação Musical: Loop B

Criação de Luz: Zhé Gomes

Programação Visual: Marina Morel

Produção: Teatro dos Benditos Malditos

Confecção de Figurino:Antônia Rocha Guimarães

Confecção de Cenário: Wagner Dutra


SERVIÇO:

Espetáculo: LEON E SONIA
Local: CENTRO CULTURAL B_ARCO - Rua Dr. Virgilio de Carvalho Pinto, 426 – Pinheiros.

Lotação: 43 lugares

Datas e horários: de 03 de dezembro a 19 de dezembro – sexta-feira e sábado, às 21h, e domingo, às 20 horas.

Entrada: Franca. O ingresso será distribuído uma hora antes do espetáculo.
Duração: 80 minutos
Recomendação etária: 14 anos

Tema: Drama

Informações: B_arco - 3081-6986

Péricles Raggio - Teatro dos Benditos Malditos: 9327-8995

quinta-feira, novembro 25, 2010

DIÁLOGOS

Hoje começa o Satyrianas. Evento promovido pelo grupo Satyros de 78h de atividades artísticas ininterruptas. Outros grupos compraram a briga e participam apoiando o evento. O Antro Exposto é um deles. E eu participarei com esta rapaziada maluca fazendo isso aqui.

dialogos

terça-feira, novembro 23, 2010

HIPERTENSÃO PULMONAR

 

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Eu vivo com uma constante inquietação sobre a questão do tempo. Não acredito muito nele, mas apenas o ato de não acreditar já entrega que ele existe, porque ninguém se incomoda com o que não sabe que não existe. Não é?

Obviamente que ele existe, mas não da maneira que o entendemos, da maneira como ele nos é apresentado. O tempo é interno e não externo.

Defendo essa tese na verdade, pra me convencer cada vez mais que só existe o agora, mas o agora também não deve existir, pois a partir do momento que digo “agora” ele já se foi, passou. Enfim. É só pra eu aproveitar mais cada instante da vida. O que chamamos de presente. Porque o amanhã é muito incerto. Na verdade ele nem pode ser incerto, porque não existe mesmo. Será?

Exatamente por isso também não acredito em previsões climáticas, videntes, cartomantes, tarólogos, tiozinhos que jogam búzios e por ai vai.

O que pratico é abrir os olhos pela manhã e ver no que vai dar.

Postei vários textos sobre isto este ano. Sobre o pai da garota que quase se foi vítima de um AVC sem o último aperto de mão da filha. O nosso amigo Cesana que também teve um AVC, mas não agüentou a barra e foi-se muito jovem ainda. O Marião que apertou minha mão sempre muito generoso à 1h da madruga e às 6h levou 4 tiros e quase se foi também. E mais outras histórias de pessoas mais distantes que presenciei e ouvi.

O agora, pelo menos enquanto você lê este texto é a sua única e talvez última chance de perdoar, amar, sorrir, ligar pra alguém de quem gosta muito, visitar uma pessoa que há muito tempo não tem notícias, presentear, abraçar etc. Meio prosaico tudo isto, eu sei, mas uma hora, a gente perde o parâmetro mesmo, não tem jeito. Apesar de prosaico, é real.

Bom, escrevo tudo isto porque acabei de ler um texto da prima de uma amiga por quem tenho muito carinho, que faleceu ontem 22.11.2010. Não a conhecia pessoalmente, mas sabia um pouco da sua história. Ela tinha uma doença rara e exatamente por isso, não conheciam a cura, mas ela seguia relativamente bem e ninguém esperava que isso fosse acontecer. Na verdade pelo texto abaixo, percebe-se que de alguma forma ela previa isso.

Fomos pegos de surpresa mais uma vez. Já é quase normal.  Não vou falar mais nada. Leiam!

Juventude e Hipertensão Pulmonar

Você toma um milhão de pílulas por dia e tem que lidar com uma série de limitações.

Viver com uma doença rara é difícil. Lutar pela sua vida quando se é jovem, quando sua maior preocupação deveria ser o que vestir para sair no fim-de-semana. Todos os medicamentos do mundo somente lutam metade da batalha – a metade fácil. Então, como você lida com tudo isso e ainda assim se sente normal?

“Redefine a sua idéia de normal”

Sinta o que você precisa sentir.

Toda emoção é legitima. Você pode ter bons dias e dias ruins, ataques de ira chorar, seguir por caminhos confusos e nebulosos que você não sabe onde dará. Segurar tudo isso não ajuda ninguém.

Permita-se lutar pelo estilo de vida que você perdeu. Você tem que ou nunca mais poderá abraçar a vida que você teve com suas mãos. Seja paciente com você mesmo até que descubra o novo você.

Viva o momento

Aqueles que o coração tem que lutar mais pra bater amam mais, dão mais risada e vivem como se não tivessem nada a perder. Isso levará tempo, mas esse dia chegará. Você não pode voltar atrás e mudar o passado. O futuro é incerto, então os “e se” sem fim somente não permitiram que você viva agora, fazendo o que você pode no tempo que você tem.

Faça uma lista de tudo o que você queira fazer nesta vida.

Qualquer coisa está valendo. Comece com as idéias e depois as torne realidade. Concentre-se em todos os detalhes, por exemplo: Uma viagem (os custos, oxigênio). Faça a sua ambição se adequar a você, mas não desista.

Não deixe o orgulho se intervir no seu caminho.

Pegue o elevador. Lute pelas vagas de deficientes. Compre bonés engraçados para cobrir sua boca no inverno. Use caixas de pílulas não-convencionais (como as do mini M&MS). Decore sua bomba ou a capa do seu oxigênio. Desenhe o seu próprio bracelete de alerta médico.

Pegue tudo que faz com que você seja diferente e transforme em algo único. É possível amar o novo você.

By Fer Marques - 19/11/2010

segunda-feira, novembro 22, 2010

PELO CENTRO DA CAPITAL

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To lendo Pulp de Bukowski. Na verdade ando lendo uma porrada de livros ao mesmo tempo. Santo Agostinho; O Livro de Ouro da Mitologia Grega; um sobre Fotografia; mais outros dois do Buk, sendo um de poesias e outro de contos. Não assimilo quase merda nenhuma e há muito tempo não consigo acabar com nenhum. E não sei o porquê continuo.

Enfim. Sinto-me meio culpado por ter sido relapso o ano inteiro com a literatura. To querendo amenizar essa culpa de alguma forma. Só pode ser isso. Andei, quer dizer, ando meio desinteressado com as coisas.

Essa minha falta de inspiração pra escrever foi quem me moveu a encher o chão ao lado da cama desses livros malucos. Também pode ser isso. Mas percebo que nada tem mudado.

Moro na zona Oeste da maior cidade do Brasil. E tenho ido frequentemente ao centro atrás de algum emprego de camelô, faxineiro, pedreiro ou garçom destes restaurantes que servem PF a 3 reais. Não sei se vão me empregar por causa do meu cabelo. Eles devem achar que coleciono piolhos nele e que podem infectar a comida dos clientes. Sempre que perguntam o que quero e digo que to atrás de um trampo, olham-me com uma cara de dez pras cinco. Eles também devem achar que estou de brincadeira. Ou sou eu quem acho que eles estão brincando comigo?

To andando pra cacete pelas ruas. As solas dos meus sapatos estão todas gastas, mas isto tenho resolvido forrando-as com papelão e jornal, só que mesmo assim sinto uma puta dor quando piso em alguma pedra desavisada. Em resumo, não é o suficiente. Quase que a porcaria de um prego enferrujado furou meu pé. E ter o pé furado por um prego do centro da cidade é decreto de morte. É tétano, desinteria, fibrose, fimose, cólera, febre tifóide, malária, escabiose, gastroenterite, leptospirose e poliomielite. Não deve dar tempo de gritar “ai”, cai duro antes.

Tempos atrás prometi a mim mesmo de escrever um livro de contos sobre histórias de busão, já que tenho várias. Mas chego em casa tão cansado que falta-me coragem. Não sei por onde começar nenhum dos contos.

Às vezes até arrisco começar, mas não passam de duas linhas. Desaprendi o que não tinha aprendido. Então coloco uma dessas músicas antigas, pra ver se a melodia me ajuda a preencher o papel, mas não adianta. Acabo entrando numa outra viagem.

Saciei a fome da tarde de hoje com um desses churrascos gregos especiais que vendem ali perto do Teatro Municipal, mas vejam bem, não é um churrasco grego qualquer, é ESPECIAL, pois acompanha vinagrete, suco de maracujá, laranja ou limão e tem um sabor diferente. E tudo isto por apenas uma prata e cinqüenta.

Em Pulp to na parte em que o detetive Belane ta resolvendo o caso da mulher alienígena. Jeannie Nitro.

Como cada role de busão é uma viagem aqui na capital, aproveito e dou uma acelerada na leitura. Mas to sempre atento a todos os acontecimentos. Torço para que coisas inusitadas aconteçam por perto pra eu poder escrever algo depois. Ando sem sorte. Às vezes ir e voltar do Rio é mais rápido do que ir e voltar do centro da cidade. Isso porque não dá nem dez km daqui de casa. Eventualmente faço isso. Quando to com preguiça de ir pro centro pego um busão lá na rodoviária Tietê, vou até o Rio, tomo um sol na testa e volto.

Bom, voltamos ao que interessa. Esta parte do livro é meio bizarra, ou melhor, digamos nonsense. A mulher que Belane está procurando pra poder fazer desaparecer da vida de um sujeito aparece e desaparece o tempo todo, do nada, além de ter o poder de congelar os movimentos das pessoas, se bilocar e outros mais que não consigo lembrar agora. E é uma baita de uma gostosa. Pelo menos pela descrição. Os habitantes de Zaros querem dominar a Terra, pois o país deles está superlotado. Na verdade eles estão só disfarçados de humanos, pois são seres sinistros que mais lembram uma serpente.

Acho que por causa do churrasco grego de hoje fiquei meio pesado e com isso sonolento e acabei dormindo no busão com o livro na mão bem na hora que tava encerrando este capítulo. Tive sonhos estranhos. Ronquei pra cacete. Acordei assustado com a garganta toda arranhada e um monte de babacas olhando pra minha cara, como se nunca tivessem roncado num busão. Encarei todo mundo. Ia descer no próximo ponto.

Uma menina linda com as bolotas de um verde tão forte e os lábios bem vermelhos e grossos tava passando pela catraca. Fiquei olhando-a. Ela estava com a cabeça coberta pelo capuz da sua blusa cinza de moletom. Cheio de cadernos na mão. Quando se aproximou, ela abaixou o capuz e vi que seu rosto todo estava preenchido por diversas cicatrizes. Pareciam marcas de navalha. Imediatamente lembrei do conto A MULHER MAIS LINDA DA CIDADE e também de Jeannie Nitro. Não digo que era realmente a Mulher Mais Linda Da Cidade, porque esta eu conheci num sábado passado de alguns anos atrás na festa de aniversário de uma amiga dentro de um açougue. Quis puxar assunto e perguntar sobre as marcas no rosto, mas não dava mais tempo.

Quando desci da porcaria do ônibus sai trombando todo mundo. Mostrei o dedo do meio pra um filho da mãe que ficou me olhando da janelinha. Ele me mandou tomar no cú. Foi isso pelo menos que li em seus lábios. Esses caras não tem originalidade nenhuma. Exatamente por isso não o puxei pelo pescoço e quebrei sua cara.

Eu tava muito inquieto com aquilo e logo em seguida ao atravessar a rua, na minha direção vinha uma menina com uma roupa toda preta colada no corpo e os cabelos vermelhos, mas um vermelho bem estranho, bem alienígena mesmo. Imaginei que tudo isto pudesse ser algum sinal. Mal sinal. Sai correndo. Entrei num supermercado e me escondi atrás de uma prateleira de utensílios domésticos. Ela também entrou e veio na minha direção e estendeu a mão como se fosse puxar o meu cabelo. Gelei. Mas ela apenas pegou um vidro de alvejante e saiu. Não me viu, mas com certeza levou uns fiapos do meu cabelo junto.

Foi bom pra perceber que não era nenhuma alienígena. Eu é que tava noiado com essa história. Era só a mina que namora um coxinha aqui do meu prédio. Mas quem pode me garantir que ela não é mesmo uma extraterrestre. Eles formam um casal bem estranho. Não falam com ninguém. Devem ter hábitos pra lá de anormal. Dane-se. Ainda bem que não falam com ninguém. E nem deveriam. Prefiro vizinhos assim. Mudos. Comprei um pacote de bolacha de doce de leite só pra disfarçar e sai mastigando-a.

Segui rumo a minha casa que fica a 50 metros de onde eu estava. Tentei lembrar do sonho no busão, mas não cosegui me recordar de nada. Ah, lembrei... Já esqueci. Não quero ficar inventando coisas que não sonhei só pra preencher esta história comprida.

Mas lembrei de ontem que também tinha ido dar um role no centro pra comprar um celular Xing ling. É infinitamente mais barato e ainda por cima tem televisão. Posso ver todo o campeonato brasileiro de onde estiver, apesar de não me ligar em futebol e não torcer pra nenhum time específico. Rodei pra cacete pelo centro, num ritmo alucinado. Tentei ver um filme especial que só tem nessas salas de cinemas caindo aos pedaços do velho centro. Não deu certo. Ainda bem. Nem sei onde tava com a cabeça de pensar em entrar numa dessas salas em que se a gente sentar corre o risco de ficar colado depois. Tenho uma amiga que disse pra mãe dela que ficou grávida depois de ter sentado numa dessas poltronas. Saindo dali entrei num pico só pra dar um cagalhão. Vou contar.

Depois de tanto andar resolvi entrar num lugar pra tomar uma breja. Tinha combinado com uns brothers que furaram.

Adentrei o recinto, olhei em volta, vi uma porrada de gente estranha que pareciam não falar português, nem latim, espanhol ou italiano. Todos de terno e gravata. Eu tava fodido. Eu só entendo essas línguas que citei.

Mais ao fundo vi uma escada e subi-a. No final dela tinham duas portas que pareciam que me levariam ao banheiro. Entrei numa delas. Nem vi se era masculino ou feminino. Não tinha ninguém. Encontrei a privada, abaixei as calças e deixei tudo que era de ruim que estava em mim naquela tarde descer. Um alívio fenomenal. Limpei a bunda, subi as calças, apertei a bomba e fui embora. Dei mais uma olhada pelo bar. Desanimei. Ali tinha cara de que nem uma briga iria acontecer. Não podia mais perder tempo. Cai fora. Tomei uma breja num boteco na outra esquina. Sai dali bem na hora que uma porrada de punks encrenqueiros estavam chegando. Já um pouco distante ouvi barulhos de garrafas sendo quebradas.

Segui pela Augusta e vi uma puta ouvindo walkman. Tinha uma lágrima pendurada em seu queixo. Abordei-a. Ela fugiu. Corri atrás, agarrei-a pelo braço. Dei um pedaço de guardanapo que eu tinha furtado lá no bar. Dei-lhe um beijo no rosto e segui. Ela me xingou. Eu queria apenas saber o que ela ouvia.

Peguei o primeiro ônibus que passou. Saquei o livro da mochila e continuei a lê-lo. Não prestei muita atenção nas pessoas no ônibus desta vez. Não prestei atenção na rua. Tava noite e tinha chovido enquanto fiquei lá dentro. Dava pra ver a lua numa poça no asfalto.

Cheguei em casa e dormi. No dia seguinte acordei e voltei pro centro, onde tudo o que contei acima aconteceu. De outro jeito, mas aconteceu. Este eu inventei. Enquanto eu caminhava só pensava que precisava escrever algo. E saiu isto. Levei dias, mas saiu.

Quando eu era moleque tinha mais histórias pra contar. Depois de velho fiquei meio bundão. Poucas histórias. Ando freqüentando lugares bestas.

domingo, novembro 21, 2010

TROPA DE ELITE 2

Como sou um cara que manja pra caraio de política, tanto quanto manjo de shiatzu tailândes, posso dizer que o filme engana bem a gente.

Gostei do que vi. Impressionou-me e sei que impressionará muita gente. É bem feito, mas... E arrisco a dizer que talvez saia o primeiro Oscar pro cinema nacional. Só que antes de qualquer coisa é legal dar uma lida no que Marcelo Mirisola escreveu lá na sua coluna semanal do Congresso em Foco… Foda!

http://congressoemfoco.uol.com.br/coluna.asp?cod_canal=14&cod_publicacao=34956

terça-feira, novembro 16, 2010

ESTUFA

 

DSC_3370 Eu ia comer só um pedaço de pizza. Tava resolvido e ponto final. Eram mais de meia-noite. Encostei no balcão de um boteco qualquer e pedi um pedaço de portuguesa pra uma garçonete morena e lábios grossos. Devia ser descendente de índia a gostosa.

Veio um pedaço pelando que ela havia acabado de esquentar no microondas. Tudo despencando, queijo pingando etc. Saboroso. Queimei a língua. Enquanto eu a degustava percebia que estava sendo observado assiduamente.

Fiquei um pouco incomodado. Não sabia muito pra onde olhar. Tentei procurar moedas no bolso, dar nós nos canudos em cima do balcão, quebrar palitos de dentes, ver mensagens no celular e principalmente me concentrar na refeição, tudo pra tentar disfarçar, mas foi pior. Continuei com a língua amortecida.

Começou a apelação. De dentro da estufa ao meu lado, uma imensa coxinha de frango não parava de me assobiar. Fiz de conta novamente que não era comigo. Ignorei-a mesmo. Fiz jogo duro. Paguei de gostoso. Tipo o gaúcho do youtube. Assim talvez ela pudesse desistir. Parecia que todo e qualquer esforço era em vão. O pedaço de pizza até que tava bom, mas já tava acabando, pra minha infelicidade. E apesar da língua paralisada eu ainda conseguia sentir o sabor.

Comecei a tramar um jeito de derrotar a gostosinha, mas a pressão era tanta que não conseguia pensar em nada mirabolante naquele instante. Tipo adolescente apaixonado quando é atacado de uma gagueira, ou de um silêncio, ou de um monte besteiras quando se vê frente a frente com a tão desejada mulher da sua vida. Só fala merda e quanto mais tenta acertar, pior fica. Enfim... É humilhante, mas tenho que confessar que tava bem irresistível. Não queria parecer tão fácil depois de todo charme que tinha feito.

Eu tava extenuado esta noite e tudo que queria era chegar logo em casa. Tinha acabado de vir de uma grande rotina de trabalho. Por isso meu estômago tava semelhante a uma escola de samba, de tanto barulho que fazia. Certeza que as pessoas passando pela rua me olharam estranhamente porque ouviram a barulheira da minha barriga.

Os assobios ficaram mais constantes e estridentes. Ela mostrava-se disposta a não desistir tão facilmente. Achei um pouco vulgar até. O foda é que tinha só mais um pequeno pedaço de pizza no prato e eu não sabia mais o que fazer, o samba no meu estômago continuava igual. Olhei pro relógio e já tinha passado mais de meia hora que eu estava ali naquela briga contra a safada e inofensiva coxinha.

Saquei a carteira do bolso com uma velocidade fora do comum. Habilidade que adquiri na época em que via todos os filmes de western possíveis. Recontei os trocados.

Dei um forte suspiro e pensei, pensei e pensei... olhei-a novamente de esgueio, só com as beiradas dos olhos. A infeliz, mais uma vez correspondeu ao olhar. Pra que? Ai foi a merda. Essa palhaçada deve ter durado umas duas horas. Tarde pra cacete. Resolvi dar uma chance. Elegantemente chamei a garota que me atendeu. Num volume baixo de voz e com toda discrição possível apontei. Ela sorriu, com muita classe e se aproximou da estufa. Lentamente abriu-a e com muito cuidado tirou-a lá de dentro, colocou num prato com guardanapo e serviu-me. Tava sequinha.

Era linda, mas tão linda que inicialmente fiquei com um pouco de pena de cravar meus dentes ali. Fechei os olhos e sem pensar muito abocanhei. Ouvi-a rindo, um riso feliz, como se eu estivesse massageando sua barriga com minha boca. Confesso. Quase que rolou um amor a primeira vista.

Olhamos-nos pela última vez. Uma lágrima quase escorreu. Eu não resistia mais. Estava completamente feliz. Fechei os olhos só pra saborear mais gostoso e mandei a ver. Mastigava com calma, como nunca tinha feito antes. Tava tão boa que só me dei conta que terminou quando mordi meu dedo. Dei um grito de filho da puta muito alto. As poucas pessoas que ainda estavam por ali me olharam. Devolvi-lhes um leve sorriso. Levantei. Juntei as últimas moedas e paguei pela prostituta. Pronto. Missão cumprida. Sem constrangimentos, fui dormir. Era só do que precisava agora. O caminho até em casa ainda foi longo e durante o tempo todo só pensava nela, mas ela estava em mim. Pra sempre. Quer dizer, pelo menos até a próxima cagada. Há muito tempo não dormia tão bem assim.

quinta-feira, novembro 04, 2010

ABRINDO O JOGO

A parada é a seguinte. Esse ano me chamaram umas 3 vezes pra lutar. Gosto bastante disto. Todos sabem.

Toparia até, mas a questão é que pra lutar profissionalmente vou ter que parar minha vida por uns 6 meses só pra me dedicar a isso. Treino forte com acompanhamento médico, nutricional etc.

No passado até fiz umas lutas de vale-tudo e nem era MMA ainda. Entrei nesses clubes da luta também e sai na mão com uma renca. Ganhei a maioria, só que hoje a parada ta diferente. Todo mundo tem as manhas de tudo, então não da mais pra entrar a pelo. Tem que estar preparado. Aguentar 3 rounds de 5 minutos não é pra qualquer um.

To armando uns vídeos como este ai em cima pra começar a ir atrás de uns patrocínios. Se alguém se interessar. É só entrar em contato.

Minha história com a luta é a seguinte:

Minha mãe casou-se com um japa quando eu tinha 2 anos. Só aos 5 ou 6 fui morar definitivamente com ela. O pai do japa, que era um japa original era mestre em artes marciais. Era… porque a essa altura do campeonato ele deve ta dando muita rasteira em neguinho desavisado sob as asas São Pedro.

Ele começou a me ensinar o legitimo caratê de Okinawa. E de tanto eu ver aqueles filmes antigos de kung-fu etc acabei pegando gosto e de lá pra cá nunca mais parei.

Dediquei-me ao caratê durante um tempão, uns 20 anos mais ou menos. Antes de completar 18 anos ganhei a primeira faixa-preta. Fui vice-campeão mundial e outros títulos. Em seguida numas de melhorar o caratê entrei no judô e 4 anos depois já estava de faixa-preta e também com alguns títulos em campeonatos e mais ou menos nesta época o jiu-jitsu estourou com o Royce Gracie vencendo 4 edições seguidas do UFC, finalizando adversários muito mais pesados do que ele. Fiquei curioso e comecei na Arte-Suave que hoje também sou faixa-preta e nesses 17 anos de treino conquistei alguns campeonatos.

Fiz faculdade de Ed. Física, onde comecei a aprender boxe. Passei pelo Muay Thai, Ninjitsu, Capoeira, Kickboxer etc. Fui brigão de rua e tudo mais.

Hoje me dedico e estudo o MMA. Enfim. Não sou nenhum leigo no assunto e quem quiser entrar nesta parada comigo é só chegar e ano que vem, entro pra valer nos ringues. Tem lutadores com 47 anos e no auge ainda. Isso significa que tenho muito chão pela frente e história pra contar. Oss

quinta-feira, outubro 28, 2010

COLAR DE DENTES

Logo Pankada

Ando meio amargurado. Ontem quebrei os dentes de mais um. Não sou adepto à violência e nem sou bipolar, mas às vezes o soco escapa. E com isso já estou quase terminando o colar que vou dar pra minha mina. Se continuar com essa freqüência de 6 dentes mensais, acho que mais dois meses ela poderá desfilar orgulhosa por ai com ele.

Meu objetivo não é perder o ritmo e sim aumentar pra acabar logo com isso. To pesando 80 kg. Em relação aos manos com quem ando, sou magro, mas tenho a mão bem pesada. Por isso resolvi um dia largar tudo e me dedicar ao boxe. Vou falar mais sobre isso, mas por enquanto as idéias ainda estão se formando na minha cachola.

Já nocauteei e fui nocauteado. É ruim pra cacete. A cabeça inflama e fica duas semanas seguidas doendo. Pior do que qualquer enxaqueca. Já sofri com enxaqueca e por isso sei que é foda. O bom é que antes da próxima luta você pensa muito se fecha ou não. O boxe só funciona com lutas casadas.

Várias vezes tive adversários que desistiram. É um saco, porque a preparação é exaustiva e consome todo o tempo. Depois de um nocaute, quando você volta pro ringue, você só quer bater pra não ter que sofrer com as dores de cabeça. Daí me pareço com um leão faminto em busca do alimento para sobreviver. Não gosto de metáforas e nem de enfeitar nas frases. É que as vezes me vêm estas asneiras. Não gosto de nego metido a inteligente e é por isso que arranco seus dentes.

Ta me tirando de otário? Esses negos acham que vão mudar o mundo com suas escritas, ou arte? (no caso se for artistas). Artistas, esses se acham foda pra cacete e não fazem mais nada além de acordarem depois do meio-dia. Eu queria ter uma vida assim. Deve ser legal pra cacete. Daí também poderia me achar por causa disto. Até porque ando um pouco perdido.

Pior são os malucos que colam em você se te acham importante, se não te acham eles somem e vão procurar a próxima vítima. Uma porrada de otário. Tudo gente que gosta de ser aplaudido. Já arranquei dentes de uns assim. Pra mim é tudo um bando de Maria vai com as outras sem opinião nenhuma. Fazem qualquer merda pra serem aceitos e reconhecidos pelo os outros. Se não for isso, não são merda nenhuma. Mais perdido que cego em tiroteio. Frase feita. Até que elas me incomodam menos do que as merdas das metáforas. Metáfora é coisa de cuzão. Não faço rodeios pra falar. Falo o que tiver pra dizer na cara. Não gostou, segure meu direto de esquerda. Daí entrego o colar pra ela amanhã mesmo.

quarta-feira, outubro 27, 2010

JIU-JITSU AOS SÁBADOS

E os treinos aos sábados estão bem legais. Tem aparecido gente de tudo quanto é lugar. Um pessoal forte que já treina há muito tempo e um pessoal que nunca praticou. Atores, médicos, escritores, diretores, advogados e tudo mais. Tem sido divertido. Fizemos até um video. Aos sábados os treinos são gratuitos. E tem outros horários, mas precisa se matricular pra poder usar a academia.

De segunda e quarta às 19h30

E novos horários

Terça e quinta 12h.

Vejam o video. E apareçam!

FOTOS NOVAS

E o brother Paulinho de Jesus que agora anda com uma 7D fotografou neste último fim de semana Hipóteses Para o Amor e a Verdade que continua em cartaz lá no Satyros 1 aos sábados 19h e domingos 21h. Cliquem ai na foto e vejam as outras.

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KAFKA CAIPIRACICABANO

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Tenho sempre uma pilha de livros entupindo o criado mudo ao lado da minha cama. Sempre penso em acabá-los e me esforço pra isso, mas novos volumes sempre chegam antes do previsto pra aumentar a pilha.

Há muito tempo estou com O Efeito Espacial do meu brother Camilo de Piracicaba. Tem o blog do cara ai nos links. E to sempre atento aos seus posts. Uma vez disse aqui que ler os textos dele é como uma fuga. É o meu encontro diário com o cheiro de terra do interior. De onde vim. Por isso não perco nenhum texto.

Prazeroso mesmo foi ler o livro do cara, que pra mim é uma espécie de Franz Kafka caipira.

O livro esperou alguns meses na pilha, mas foi preciso só um dia pra devorá-lo. É uma leitura deliciosa e estimulante. Você quer saber onde aquele cara que se metamorfoseia vai chegar de qualquer jeito. Pra onde vai esta história. Camilo tem um talento com a escrita sem igual. De uma humanidade fora do comum. Te leva a uma viagem fantástica. Pelo menos pra mim que vivo enfurnado nesta cidade de céu cinza. E o que é melhor, atinge leitores desde sua alfabetização até o seu último suspiro.

Tenho alguns exemplares aqui a venda ainda. É um preço simbólico. Quem estiver afim é so dar um toque ai, ou falar com ele diretamente através de seu blog.

segunda-feira, outubro 18, 2010

SITES DESCONTO

Esses sites agora viraram moda. Tem uns bem bons e dá pra conseguir ótimos descontos. Fuçando pela internet, descolei uma lista com vários. O ideal é cadastrar o email em todos pra poder usufruir bem dos serviços.

+ Roupas & Vestuário:

1. Privalia
2. Priv8Brands
3. Coquelux
4. Brands Club [E-mail padrinho: thalesazamor[arroba]hotmail.com]
5. Bc Blue
6. Track&Field
7. Super Exclusivo

+ Eletrônicos & Eletrodomésticos (televisão, rádio, geladeira e etc.)

1. You Clube
2. Presente Fácil

+ Restaurantes, Viagens, Saúde e outros.

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3. Juntou Comprou
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9. Clube Urbano
10. Peixe Urbano
11. Oferta Única
12. Oferta X
13. A Boa do Dia
14. Clube do Desconto
15. Coletivar
16. WeGo!
17. Bom Proveito
18. Agrupe
19. Qpechincha
20. Click Club
21. Grupo Ligado
22. Oferta Dia
23. Grupo Ofertas
24. CEPSaúde
25. Regateio
26. VcVai
27. Metade ou Menos
28. Desconto GO
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Aplicativo online para você ouvir suas músicas favoritas de um jeito prático e simples.


2. Thesixtyone
Site via streaming e colaborativamente são inseridas, organizadas e promovidas diversas músicas.


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Ouça músicas de acordo com suas emoções.


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O aplicativo online toca seus sons preferidos e você não precisa fazer download ou instalar qualquer tipo de programa para executar as canções.


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Ouças suas músicas preferidas e encontre novas bandas.


6. Deezer
Aplicativo online que reproduz sons na internet de um jeito simples e prático.


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Site para publicar e ouvir novas músicas e artistas.


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Acesse rádios do mundo inteiro com RadioTime.


10. Mixtape.me
Excelente opção para ouvir música na internet.

DESVENDANDO MISTÉRIOS

15 coisas que somente as mulheres são capazes de fazer.

1.  Passar a vida inteira lutando contra o próprio cabelo
2. Comprar uma blusa que não combina com nada, só porque o preço estava irresistível
3. Fingir naturalidade durante um exame ginecológico
4. Reconhecer o poder de uma calça jeans para rediagramar a estrutura do corpo
5. Ter crise conjugal, crise existencial, crise de identidade,crise de nervos,TPM,etc.
6. Ser mãe-solteira, mãe-casada, mãe-separada, mãe do marido, namorada
7. Depilar a perna de 15 em 15 dias, com cera QUENTE!
8. Rasgar a meia na entrada da festa e fingir que ta tudo bem
9. Sentir-se pronta para conquistar o mundo, quando está usando um batom novo
10. Chorar no banheiro, se olhando no espelho para ver qual é o melhor ângulo 
11. Achar que seu relacionamento acabou e depois descobrir que era tudo TPM

12. Nunca saber se é pra dividir a conta ou se é pra ficar meiguinha

13. Ficar completamente feliz porque ele ligou

14. Dizer não, só pra ele insistir bastante, e aí ter que dizer sim!

15. Sorrir gentilmente para o chefe, enquanto uma cólica tortura-a como se fosse uma bazuca

domingo, outubro 17, 2010

Legal isto!

O Hospital Mário Penna, de Belo Horizonte, que cuida de doentes com câncer, lançou um projeto pra lá de sensacional. É o Doe Palavras. Fácil, rápido e todo mundo pode doar um pouquinho, que nem dói. Basta acessar o site www.doepalavras.com.br e escrever uma mensagem. Sua frase aparece no telão para os pacientes que estão em tratamento.
Enquanto fazem químio, podem ler o que escrevemos pra eles.

 

Eu já escrevi umas paradas lá. Não custa nada. Escrevam!

domingo, outubro 03, 2010

ASPIRANTE

DSC_0744

Vou sempre escrever sobre o pôr do sol, fins de tarde e a gelada brisa que os acompanha. Vou escrever sempre sobre a av. Rebouças gritando dia e noite aqui na minha janela. Vou escrever também sobre a dor da partida e o aperto da saudade. Sobre as galegas gostosas que desfilam seu novo rebolado vindo por encomenda do Paraguai, pela Faria Lima, antes da lua chegar.

Também virão em meus textos lágrimas, tristezas, obviedades e muita pouca alegria. Os churrasquinhos de gato vendidos no largo da Batata com cerveja barata dentro de um pão francês do mês passado.

Quero também contar sobre as baratas que já esmaguei na calçada do cemitério da Dr. Arnaldo. Gosto desta cidade, das luzes dos postes, da canção caipira de quando eu morava na roça.

Vou desenhar com lápis monocromático em papéis recicláveis o que eu não souber escrever. Matar pernilongos zombeteiros com os olhos fechados e a luz apagada no meu quarto. Comprar sapatos com saltos hidráulicos para uma pequena qualquer que saiba montar a cavalo e tenha olhos verdes.

Continuarei sonhando como quase todos os dias despretensiosamente. E sem medo algum vou escrever mais coisas sobre a morte, cangurus, coalas e guaxinins australianos que sempre quis ter. Amanhã... ops, deixei escapar... o amanhã...

Enquanto o café com leite em cima da mesa mancha as folhas do caderno que deixei aberto, eu separo com vírgulas as roscas de nata que encontrei escondido num velho pote de alumínio dentro do antigo baú do meu avô.

Não faltará também nas minhas linhas escritas a constante saudade da minha coroa. Ah, falarei mais sobre meu irmão nipônico-alemão e sobre um pai bandido que foi degolado na porta da sua casa.

E no final do conto, quando estiver faltando um parágrafo apenas pra terminar escrevo sobre as cachoeiras que levaram embora diversas vezes uma porrada de piolhos incrustados no meu pichaim.

Escreverei sobre os dias da pré-escola e primeira série. Sobre o primeiro amor e o último que eu sempre conquistava dançando quadrilha.

Já fui padre, rei, rico, pobre, soldado, ladrão. Já derrotei batalhões. Já chorei todos os dias e sorri também. Às vezes tenho câimbras de tanta alegria.

Vou sempre escrever, mesmo quando não tiver o que dizer. Continuarei mandando cartas e enfrentando a imensa fila dos Correios. Vou escrever isso que estou escrevendo agora. Uma pausa.

Até... quando?

sexta-feira, setembro 24, 2010

quinta-feira, setembro 23, 2010

terça-feira, setembro 21, 2010

BIZARRO

segunda-feira, setembro 20, 2010

UMA PAUSA

Pequena pausa.

sexta-feira, setembro 10, 2010

Blog- Livro

A parada é a seguinte. Ontem, 9 de setembro descobri que este blog ta participando de um concurso. Se ganhar, pode virar livro. Bem legal. Fico feliz pra cacete, porque gosto bastante dele. A questão é que a primeira fase é de votação pública. Então pra eu passar por ela preciso de todos os votos possíveis. Esse lance ta rolando faz tempo e eu descobri só ontem, como já disse.

E a bomba é que descobri também que pode votar só até o dia 12. A concorrência ta um pouco injusta, pois tem gente nessa parada há pelo menos 2 meses. Mas como nada é impossível... Vamos lá. Se puderem votar e divulgar em vossos blogs como fez a querida Talita Godoy. Por favor. E pra votarem é só clicar ai na imagem ao lado e preencher umas letrinhas lá. Valeu.

Não dizem que nesta vida temos que plantar uma árvore, fazer um filho e escrever um livro?

Poxa, facilitem minha vida ai. O filho depois dá-se um jeito rs… A árvore já devo ter plantada alguma por ai. 

O link pra votação é este. É só enviar como quiserem.

http://www.blogbooks.com.br/blogs/votando/YmxvZ2Jvb2tzXzg0NA==

quarta-feira, setembro 08, 2010

Ida Dalser

vincere-thumb1

Serei breve. Só numas de dar um toque mesmo, porque já havia uma cara que eu não assistia um filme que me fazia sentir que valeu a pena sair de casa. E ontem por acaso cai lá no Cine Sesc, a convite de uma amiga que encontrei também por acaso na rua, pra assistir o italiano Vincere que conta a história do amor secreto e do filho bastardo de Benito Mussolini.

Esse lance do amor secreto foi descoberto só em 2000 por um jornalista. Enfim, o filme é espetacular. Marco Bellocchio mais uma vez acertou em cheio com sua direção precisa e inteligentíssima. Um tipo de direção que tava demorando pra aparecer por aqui.

Diminui muito meu ritmo de ir ao cinema, por estar cansado de sempre ver as mesmas coisas, mas desta vez valeu cada moeda e cada minuto do meu tempo. Fotografia excepcional, direção de arte e blá blá. Quero escrever melhor depois que revê-lo, porque é isto que vou fazer. E não percam porque já deve estar saindo de cartaz. Depois me contem se desta vez não tenho razão.

V MOSTRA

Vacilei.

Começou na semana passada a V Mostra de teatro do Cemitério de Automóveis. Bom, pelo que vi na programação terão outras apresentações de Música Para Ninar Dinossauros que foi a peça que abriu a mostra semana passada. Dá tempo de corrigir meu erro.

São peças du caralho. Conheço todas e recomendo. Hoje e amanhã terá a adaptação que o Marião fez do livro do grande brother e escritor Marcelo Mirisola. O Herói Devolvido. Sensacional. Apareçam. Ingressos a preço de banana. 10 pilas. Vale a pena. Lá no Centro Cultural São Paulo. Metrô Vergueiro. Mais informações aqui.

terça-feira, setembro 07, 2010

POPEYE

DSC_3563

Entre as duas casas ao fundo o pé de amora. A minha é a casa da esquerda. E o enorme pasto da fazenda.

I

As mães dos meus amigos não gostavam que eles brincassem comigo. Elas não iam muito com a minha fuça. Diziam pros seus filhos o tempo todo que eu me tornaria bandido quando crescesse. Não entendia o porquê.

Ta certo que não fui nenhum santo. Vivia quebrando os vidros das janelas das suas belas casas, riscando seus carros seminovos, invadindo construções pra fazer a sede da minha turma, que não passava nunca de quatro caboclos e por ai vai. Quando enjoava do local que eu tomava como sede, eu o quebrava todo aos pontapés pra melhorar a potência dos meus chutes. Eu já era lutador de caratê nessa época. Essa também foi minha a primeira encrenca com a polícia, que um dia me pegou na porta de casa. Dois carros cheios deles me fecharam no exato momento em que eu ia entrar com a bike na garagem. Conto tudo melhor num próximo conto.

Isso não era indício de que eu viraria marginal, acredito. Tava querendo ficar forte. Já sentia talvez que teria que aprender a me virar sozinho desde cedo. Andava todo maltrapilho, mas eram as roupas que minha mãe tinha condição de me dar naquela época. Tudo isto também não era nada anormal pra um moleque da minha idade crescido em vila. Na minha cabeça eu só tava me divertindo. E era só isso que eu queria.

Apesar de ter apanhando pra cacete da minha coroa e passado uma boa parte da infância trancado num quarto, eu gostei dessa época. E afirmo categoricamente que se eu tivesse controle sobre o tempo é pra lá que me transportaria.

Eu ficava olhando através das grades da janela, com o nariz cheio de ranho escorrendo, a molecada brincar no pasto da fazenda que dava fundos pra minha pequena casa. O sol nascia e morria sempre aos meus olhos. Não perdia um instante se quer deste fenômeno.

Esta fazenda era conhecida por causa da lenda de um boi que falou um dia com seu patrão. Foi numa sexta-feira santa. O patrão queria que ele fosse trabalhar e ele respondeu que não trabalharia porque aquele era um dia de folga obrigatória para todo ser vivo. E tem também a lenda da pequena garota que praticava hipismo todo fim de tarde lá e que nunca cresceu. Essa eu conheci mesmo. Fazenda Rio das Pedras em Barão Geraldo, distrito de Campinas. Conhecida como a fazenda do “Boi falou”.

Não culpo minha velha por ter me criado dessa forma. Ela tinha fé de que assim pudesse me tornar alguém. Alguém??? Ela foi criada desse jeito, ou até pior e essa era a única referência que tinha de educação. Claro, nada justifica suas atitudes, mas é foda julgar, porque é difícil entender. A parada é outra. Sacou?

Hoje entendo que é por isso que queria quebrar tudo. Quando saia em liberdade, achava que aquela era a melhor forma de aproveitá-la. Não queria mais voltar pro lar. Minha casa na minha cabeça era um exílio. Sempre que eu conseguia dar uma escapada voltava tarde e a aquela altura do campeonato minha mãe já tava descabelada de preocupação e com a varinha do pé de amora na mão. Ela fazia aulas de pintura e era com as marcas que a varinha deixava nas minhas pernas que ela mais gostava de praticar seus desenhos. Sangrava pra cacete.

Também tive muitos problemas no colégio, principalmente com brigas. Fui expulso e a porra toda. Chegou uma hora em que as escolas da região não aceitavam mais a minha matrícula. Eu já tava com má fama no bairro. Tive que me mudar pra uma escola num outro bairro muito distante. Um perueiro levava a gente, mas depois de um tempo também fui expulso da perua, mas na verdade eu só aprontei porque queria ir de ônibus urbano pra poder fazer o que me desse na telha.

Não sei muito sobre os meus primeiros anos de vida. Nunca vi fotos, nem nada. Lembro que bem pirralho adorava assistir Popeye numa velha TV em branco e preto. Morava em Lorena com uma senhora que eu chamava de Vó Geni. Minha mãe vinha me buscar às vezes. Chegava de charrete. Esse era um transporte muito comum naquela cidade naquela época.

Eu me escondia atrás da televisão achando que o Popeye estivesse por perto e não fosse me deixar ser levado por aquela estranha que eu nunca via. Pra mim era a bruxa inimiga do Popeye. Demorei pra entender que era a minha mãe, mesmo depois de algum tempo já morando com ela. Essa história é toda bagunçada na minha cabeça.


II

Minha mãe se casou com um japa e até ela ir acertando a vida com a família dele, fiquei feito bolinha de pingue-pongue pra lá e pra cá. Era inaceitável, uma mulher já com um filho entrar na família japoranga. Eu tive que morar com uma porrada de gente, entre Taubaté, Lorena e Campinas. Amigos, tios, estranhos etc. Até hoje não sei quem foi a Vó Geni. Aliás “joga pedra na Geni, lá, lá, lá, lá, lá, lá” foi a primeira do Chico Buarque que conheci. Tenho saudade. Nunca mais soube dela. Sei que não era a mãe da minha mãe, porque a velha morreu quando ela tinha onze anos e também não era a mãe do meu pai, porque a conheci há uns quatro anos atrás. É uma senhora toda esclerosada que não fala nada com nada e diz se lembrar de quando nasci. Estranho.

Ela perdeu dois filhos assassinados na porta de casa e uma filha infectada pelo vírus HIV, numa época ainda que pouco se sabia sobre a doença. Ou seja, os únicos três filhos que teve, morreram. Nunca vi a lata do meu pai. É bem compreensível toda a esclerose da pobre senhora.

Pra chegar salvo até as linhas deste texto tive que sobreviver e pra isso tive que aprender a me proteger bem cedo. Porque também bem cedo sai de casa. Mal tinha acabado de chegar.

Fiquei bom de briga. Sempre enfrentei vários malucos de uma vez, mesmo levando uma bela surra, às vezes. Não tinha medo e nem tenho. Encaro qualquer um que bancar de valente pra cima de mim. Não arrumo encrenca com ninguém, mas rezo pra não arrumarem comigo, porque daí... Putz, deixa pra lá. Cachorro que late au, au...

Porém, o medo que eu tinha de ser abandonado mais uma vez, ou ficar trancado no quarto me privando da liberdade, era maior do que toda a minha valentia. Esse troço nunca consegui superar.

III

Uma vez jogando futebol no campinho, a mãe de um dos meus amigos apareceu e chamou todo o time pra comer brigadeiro de panela que ela havia acabado de preparar.

O jogo acabou.

Sorridentes e empolgados todos começaram adentrar a sua casa. Fui o último. Ela me barrou ainda no portão. Em tom baixo, pros outros moleques não ouvirem disse que nunca mais queria me ver ali e nem brincando com o filho dela. Fiquei assustado com o jeito ameaçador da mulher e aquilo nunca mais saiu da minha cabeça. Não vi mais nenhum dos meus amigos depois disso. Fui procurar novos amigos em outra área. O nosso time se desfez. Nunca mais joguei futebol. Graças a Deus.

Eu não tinha nem 14 anos ainda e já tava na estrada pedindo carona pra poder estudar num colégio que ficava em outra cidade distante 50 km da minha. Ia e voltava todos os dias assim, até que resolvi me mudar pra casa dos meus padrinhos na mesma cidade. Depois daí não parei mais e nem voltei pra casa. Não parei mais de pedir carona, conhecer os lugares, as pessoas. Não parei mais de fugir. De ir atrás dos troços que sempre acreditei.

Desde aquela cena do brigadeiro de panela, tive medo de que cenas como essa se repetissem outras vezes. Morria de medo das pessoas. Não sabia reagir. Na verdade, não sei ainda. O medo em menor proporção me acompanha até os dias atuais. É foda, porque a conseqüência disto é o meu instinto protetor animalesco. Enfim. Não tenho medo de porra nenhuma Sempre estive a frente das situações mais perigosas em viagens e aventuras com os amigos, mas... mas...

IV

Não me tornei bandido. Hoje moro numa casa no campo bem ampla. Tenho cachorros e orangotangos. Empregados e cozinheiros. Eu trabalho na roça colhendo tomate no sol à pino, com um grande chapéu mexicano. Ah, às vezes escrevo contos. E sou um tremendo de um mentiroso. É só aqui que posso viajar nas minhas idéias do jeito que bem entendo. Qualquer semelhança com a realidade é mera ficção.

V

Este é um jeito teórico divertido de sobreviver e continuar rindo da vida.

quinta-feira, setembro 02, 2010

3D

Esse eu peguei lá no blog da amiga Fabiana Mello. Aqui. Bem legal!

sexta-feira, agosto 27, 2010

Comemoração

E amanhã vai rolar a festa do pessoal do Cemitério de Automóveis. Será lá no Centro Cultural Rio Verde na rua Belmiro Braga, 119 na Vila Madalena. Na minha opinião é um dos lugares mais bonitos e aconchegantes de São Paulo. Vale a pena.

Vou aproveitar que esta semana completei mais um ano de vida, que nem é tanto assim, mas o corpo já sente a diferença e vou reunir os amigos lá e comemorar com todos. Passa rápido demais e cada vez dói tudo mais um pouco.

Espero que leiam a tempo e apareçam. Vai ser bem legal.

Festa Cemitério de Automóveis

Blog da Talita

E essa semana rolou a apresentação do Homem Com a Bala na Mão. Apesar de todos os problemas técnicos gostei de ter feito. Sempre gosto. Tenho plena consciência de que a peça ainda tem muito o que amadurecer, mas sinto que isso vem acontecendo a cada apresentação, obviamente e por isso insisto em fazer. Enfim…

O legal disto tudo é que na platéia só tinha gente que gosto muito. A maioria conhecidos e alguns desconhecidos. Senti que o público curtiu e isso é o que importa. Essa peça tem uma história e é bem importante pra mim. Recebi alguns emails com bons comentários.

A Talita que vem frequentando a pouco tempo a praça e acompanhando e dando um baita apoio aos meus trampos, escreveu sobre a peça no seu blog. Ela é jornalista. Ta sempre com o Babu, que acho que São Paulo inteiro conhece. São as pessoas mais generosas que já conheci. Não tem tempo ruim e estão sempre apoiando e torcendo pelos amigos. A Talita é dessas pessoas inquietas, pensante. Ta sempre bolando alguma ação de causa nobre. Gostei bastante do que escreveu. Saca só:

 

Monólogo - Paulinho Faria

“Já fomos perfeitos um dia: foi no exato momento em que deixamos o ventre...”

Hoje eu vi O homem com a bala na mão. Ele pensava em suicídio, mas antes de cometer um crime contra si mesmo, ele queria muito falar. Falar e nos fazer pensar. Ele abriu a porta da sua casa, nos convidou a entrar no seu quarto. Sentados ali, diante dele, presenciamos um homem com um pouco mais de 30 anos, desabafando seus ressentimentos.

Ele contou aos presentes algo sobre a vida e morte do seu pai, que abandonado pela mulher criou o filho por alguns anos, mas acabou com a sua própria vida ali mesmo onde estávamos. Sentado na janela, deu um tiro na cabeça.

Também ouvimos a história da vizinha que andava nua pela casa com a janela aberta, até fechá-la, deixando ele louco de desejo por ela. E na mesma janela, este homem viu um outro, que, sentado ali abriu os braços e se deixou levar, sem um grito, sem uma palavra, apenas inclinando seu corpo para a frente, e num piscar de olhos a vida se foi. Antes disso o que houve?

Quantos pedidos de socorro essas pessoas deram antes do crime final? Ninguém os ouviu? Alguém fez que não viu?

Notei que algumas pessoas saíram do espetáculo meio baixo astral, reflexivas demais. Eram pessoas que tiveram amigos ou conhecidos que chegaram ao seu limite e apertaram o gatilho. E pelo que conversamos sobre o assunto, a sensação que fica é essa mesma, de peso, de uma certa parcela de culpa por não ter reagido quando era possível fazer alguma coisa. Um abraço talvez, mudasse a questão. Estamos disponíveis pra isso? Quem quer se envolver?

De quem é a responsabilidade quando se dá as costas para alguém que precisa desesperadamente de um pouco de atenção?

O ator  e autor do monólogo, Paulinho Faria, foi audacioso na escolha do tema.  De fato, é fácil desprezar ou agir preconceituosamente com quem precisa de ajuda; em geral ou julgamos, ou fugimos do assunto.

É desagradável, assumo, não quero nem pensar em coisas do gênero. Mas às vezes vale a pena levar um tranco desses. A linda música que tocou no final do espetáculo, foi composta por um garoto muito talentoso que recebeu na internet apoio, numa dessas comunidades de apologia ao suicídio, para se matar. E ele o fez!

No início do espetáculo o ator colocou no chão, num canto estratégico, um papel dobrado, e nos disse que era uma carta para ser lida quando ele se fosse. Quando tudo acabou, alguém pegou o papel do chão, e lá estava o relato deste caso, um entre tantos milhares que desprezamos.

O tempo todo o movimeto e o tom da luz avermelhada, o sutil som da goteira e do tic-tac interminável, despertavam no público tensas sensações . Que incômodo! Paulinho Faria estava tão entregue quanto envolvente. Eu diria que foi desagradável, e por isso mesmo um grande espetáculo!

Meu coração demorou uns 20 minutos para desacelerar! Isso porque o texto  aborda questões como o silêncio, o tempo, o momento, o estado da felicidade, e a morte como sendo o fim ou o começo de algo novo. Ele assusta com as reações flutuantes do seu personagem, que despeja sobre o público o que pensa, o que sente. 
E para complicar ainda mais, propõe ao público que tudo aquilo não passe de uma grande mentira, que ele possa estar brincando conosco assim como nós brincamos com ele ou com outras pessoas o tempo todo. É sério! Que tipo de trocas andamos fazendo hoje?

Aquele cara estranho, que vive trancado no seu canto, pode estar com a bala na mão. Se você perceber, por favor, não o despreze, talvez um gesto simples, como um abraço, possa ajudar.

OBS:

A apresentação única aconteceu em 24 de agosto, com a casa cheia!

Tinha gente sentada até no cantinho da escada. Acho que alguns não compreenderam, outros ficaram chocados, era espetáculo ou não era? Ele se matou ou não? Se houver uma segunda chance, eu aviso para voce mesmo testemunhar os fatos.

Parabéns ao grande ator e agora autor!!!

quarta-feira, agosto 25, 2010

UMA BOA DO JABOR

A BUNDA DURA 

É melhor você ter uma mulher engraçada do que linda, que sempre te acompanha nas festas, adora uma cerveja, gosta de futebol, prefere andar de chinelo e vestidinho, ou então calça jeans desbotada e camiseta básica, faz academia quando dá, come carne, é simpática, não liga pra grana, só quer uma vida tranqüila e saudável, é desencanada e adora dar risada.


Do que ter uma mulher perfeitinha, que não curte nada se veste feito um manequim de vitrine, nunca toma porre e só sabe contar até quinze, que é até onde chega a seqüência de bíceps e tríceps.


Legal mesmo é mulher de verdade. E daí se ela tem celulite?


O senso de humor compensa. Pode ter uns quilinhos a mais, mas é uma ótima companheira. Pode até ser meio mal educada quando você larga a cueca no meio da sala, mas e daí? Porque celulite, gordurinhas e desorganização têm solução. Mas ainda não criaram um remédio pra FUTILIDADE!!"


Arnaldo Jabor


E não se esqueça....

Mulher bonita demais e melancia grande, ninguém come sozinho!!!!!"

segunda-feira, agosto 23, 2010

ÚNICA APRESENTAÇÃO

Vai ser nesta terça 24 de agosto de 2010 às 21h30 lá no Satyros 1. Só essa apresentação. Quem puder dar uma força divulgando, por favor. E apareçam.

o homem

http://satyros.uol.com.br/index.php/satyrosum/programacao-da-sala

BZF_02_11_09_2471

sexta-feira, agosto 20, 2010

E AMANHÃ É DIA…

DOS AMIGOS SE ENCONTRAREM PRA MAIS UM TREINO E JOGAR CONVERSA FORA. APAREÇAM.FLYER JIU

quarta-feira, agosto 18, 2010

DUPLA DE OURO

terça-feira, agosto 17, 2010

MALDITOS SONHOS EM NOITES FRIAS

DSC_3346 

Nesses dias frios tenho tido sonhos ímprobos. Tenho preferido ficar sob os cobertores de lã enrolados sobre minha cama. Tenho seguido o choro estranho que começa no andar de baixo, como o rugido de um leão perdido no telhado da casa de alvenaria da vizinha da vila de onde minha mãe cresceu.

Nesses dias frios, que tanto esperei, abri mão de chocolates quentes, que aquela minha avó do tapete voador preparava, enquanto eu me estilhaçava com pequenos pedaços das sobras das janelas dos apartamentos dos filmes musicais da década de 30.

Nesses dias frios ando sem roupa pelas ruas de Urano. Ando abraçando indigentes e secando seus cabelos com secadores de lojas de “eletrodomésticos falsificados”. E abro todas as janelas para que o vento traga as mais raras canções, vindas da Europa, Ásia, ou da vitrola que vejo ao lado do fogão a lenha com minha luneta hightech aqui do vitrô do meu banheiro, num apartamento distante quilômetros do meu.

Tenho dormido mais do que deveria... nesses dias tão gelados. Tenho cantarolado pequenas frases de comerciais de margarinas cremosas bem mais do que deveria.

E nesses dias frios decoro os textos das novelas de uma antiga emissora falida e os atiro sobre os parabrisas de carros desgovernados guiados por meigas criaturas revelhuscas perdidas na Washington Luis em madrugadas nebulosas.

Leio romances fajutos de autores esquecidos, de autores desconhecidos e de personagens inermes, que buscam, buscam e buscam... até morrerem. De personagens que esperam que algo aconteça amanhã. Personagens que perdem sua história neste momento, pensando que pode aparecer algo melhor depois, mas o depois nunca chega. E choram como a vizinha do andar de baixo, ou como crianças quando perdem seus pirulitos espirais, das cores do arco-íris, de onde consegui minha primeira barra de ouro.

Tenho tatuado diamantes debaixo do superfícilio cicatrizado por causa de um golpe perdido na madrugada de segunda-feira daquele ano que sempre quis não lembrar. Fui atropelado enquanto descia uma banguela sobre uma mountainbike e o aparelho que eu usava pra desentortar os dentes, rasgaram meu beiço de ponta a ponta rendendo-me 50 pontos mal costurados por um açougueiro de plantão de beira de estrada. Foi numa noite fria, madrugada de segunda-feira. Eu tinha 18 anos e hoje tenho um pouco menos. Tinha alguns juízos e agora todos já partiram. Faz um frio de lascar no meio da rua. Meu dedão partiu ao meio depois que a neve o congelou.

Ahh, nesses dias frios... sinto muita dor.

domingo, agosto 15, 2010

QUE MERDA É ESSA?

DSC_3149

Toda vez que vejo o vídeo abaixo, dá um engulho. Nem me pergunto o por quê de tão óbvia que é a resposta.

Que merda somos?

E vejo uma geração de merda da qual faço parte e não faço nada pra que seja diferente. Diferente no sentido profícuo da palavra.

As pessoas acham bonito serem diferentes e criam tribos e ficam mais valentes, se vestem feitos idiotas e se furam inteiros, desenham no próprio corpo, batem, xingam, fazem caretas em fotografias, não tomam banho, não penteiam o cabelo, vestem roupas velhas, decoram textos e os dizem em cima de um palco, ou diante de uma câmera e se acham sensacionais por isso e eu continuo não entendendo porra nenhuma. E tem outras pessoas que ficam criticando tudo isso. E tudo. Eu. E ai?

E toda vez que vejo esse vídeo, fico com vergonha de mim, das minhas conquistas pessoais, profissionais e blá blá, das coisas que ainda corro atrás etc. É tudo muito pequeno, insignificante. E o máximo que ainda consigo é escrever quase chorando neste blog, por causa da vergonha talvez, ou beber umas no fim de semana dizendo que é pra relaxar porque também sou filho de Deus, ou arrumar alguma garota tão perdida quanto eu pra passar a mão na minha cabeça quando a solidão aperta. Ou até receber míseros aplausos, às vezes, após uma apresentação, ou alguns elogios sobre alguns textos, ou uma competição vencida. É o máximo que consigo pra me conformar?

E um soldado moleque, digo moleque porque não devia ter nem 25 anos, porém tão grande perto do seu feito. Cansado de tanta merda e de ver tanta gente morrendo, gente pobre como diz ele, empeitou sozinho um país inteiro e não um país qualquer. Uma potência. E disse o que muita gente queria ter dito há muito tempo, ou estavam excessivamente cegos pra verem toda essa putaria. Denunciou sobriamente.

Enquanto isso os ricos ficam lá acendendo seus charutos, bebendo uísque importado e morrendo de rir, porque quem lhes era ameaça, já não é mais. E cada vez mais ricos, enquanto os pobres cada vez mais fodidos. E o truque deles é uma lavagem cerebral dizendo que estão defendendo e honrando a pátria. Que porra de pátria é essa? Serve pra que?

E a guerra nada mais é do que uma disputa “ingênua”.

E o moleque foi lá e disse tudo o que tinha pra dizer pro mundo inteiro. Sem medo e com a voz embargada no final do discurso, por ter desentalado o mundo que estava em sua garganta.

Não foi só pra se sentir aliviado e se redimir de toda a culpa por ter, provavelmente, tirado a vida de pessoas nessa guerra insana. Pelo brilho dos olhos, foi porque é honesto e acredita pra valer num mundo de verdade. Que pra mim isso sempre foi uma questão utópica.

Não ficou sentado na poltrona da sua casa, ou na mesa de algum bar entre amigos criticando pra se fazer de fodão. Foi e fez. E tanto fez que dois dias depois tiraram sua vida. Obviamente ele tava ciente de que isso iria acontecer.

A autópsia alegou ataque cardíaco. E eis a questão. E como um moleque que está um pouco longe de completar 30 anos pôde ter tido ataque cardíaco, exatamente dois dias depois? Passou por uma guerra e nada aconteceu. Em repouso teve isto? E todos se calaram e estamos calados. É foda ou não é? O inimigo como ele diz está bem mais próximo do que o previsto. Esse sim é um maluco. Gandhi foi maluco, Jesus Cristo foi maluco e poucos outros. E o resto? É resto. É só pressão. E por isso que tudo continua a merda que está.

Obviamente sei que não é só isso, mas parto aqui da premissa de que a maior revolução é a revolução interna.

Sobe tudo. Vivemos num país onde se paga a maior taxa de impostos do mundo e aplaudimos. E amanhã vai subir o arroz e o feijão de novo e vai fazer uma puta diferença pra muita gente que corta cana das 5 da madruga às 5 da tarde num sol à pino filho da puta de quente e vamos aplaudir e dizer que está tudo bem. Ou melhor, vamos parar num restaurante à quilo, encher o nosso prato de rango, comer até entupir o cu e depois jogar no lixo o que não nos couber mais. Eu continuo aqui. Deitado. Escrevendo. Pensando nestas coisas todas e não faço porra nenhuma. Nada além disto.

E agora tem eleição e vamos votar em quem? Tem alguém confiável? Pau no cu. Vamos fazer uma campanha pra todo o país anular e ninguém entrar. Simples assim. Utópico, não é? Vão dar um vale coxinha pra quem ta morrendo de fome e ta tudo resolvido. Serão eleitos.

E eu? Eterna pergunta.

E tem uns babacas que se acham doidos porque picham em lugares absurdamente impossíveis de se conseguir pichar. E sujam a cidade e a merda toda e dizem que é arte. Que precisam se expressar. Vão dar a bunda.

E eu me sinto um merda a cada frase que ouço no vídeo, a cada palavra que digito aqui. E o máximo que consegui foram... vocês já sabem. E como posso me sentir alguma coisa com isso? O que são essas porcarias diante de um ato tão heróico?

Posso até estar supervalorizando isso, mas alguém já soube de algo mais bravo por agora?

Pode soar como demagogia, como papo bicho grilo de barbudinho universitário. Pode soar como a puta que te pariu, mas mais uma vez foda-se.

Dá um engulho. Um engulho danado.

terça-feira, agosto 10, 2010

Via email

Este video me chegou esta semana. Sensacional. Ai sim tiro o chapéu!

“Discurso de um soldado americano, (vejam antes que o vídeo seja banido da net.)
O soldado apareceu morto 2 dias depois do discurso.
A autópsia revelou ter sido um ataque cardíaco.”

Alguém acredita em ataque cardíaco?

CONSULTE A PEDRA

Previsão do tempo

previsao do tempo

domingo, agosto 08, 2010

A PIOR COISA QUE ME ACONTECEU POR ESSES DIAS

caindo de sono

Tomei um susto hoje pela manhã quando vi meu rosto estampado na primeira página do principal jornal de São Paulo. Bebi meu café olhando atentamente para a foto, pra me certificar. Sabe como é quando a gente acorda? Até a ficha cair... Lavei a cara umas 5 vezes pra não restar dúvida nenhuma. Ao abrir o caderno principal, lá estava minha ignóbil figura preenchendo quase toda a página da matéria. Difícil acreditar. Juro que nunca almejei isto, mas aconteceu. E quando eu menos esperava. A-con-te-ceu. Quem me conhece sabe que não sou de brigas, mas já fui. A última briga foi pra defender um amigo que estava apanhando na porta do colégio de uns 4 caras enormes. Eu tinha 13 anos e ainda não raciocinava direito. Então cai na besteira de querer ajudá-lo. Que merda! Dói só de lembrar a surra.

Tudo pra tentar impressionar uma garota, que nunca mais vi. Mesmo fazendo muito tempo é inevitável não recordar este episódio. Ainda guardo de lembrança marcas e cicatrizes daquele dia. Devo admitir que por um lado foi bom, pois isto me fez nunca mais querer me envolver em brigas dos outros, ou melhor, em briga nenhuma. Também convenhamos, puta covardia. 4 gigantes contra dois franzinos.

- “Vai ser burro assim lá na casa do c...” – exclamo pra mim, frequentemente.

Hoje gosto de lutas esportivas e todo fim de tarde saio pra fazer uns treinos e levo comigo uma mochila gigante cheia de coisas. É longe pra cacete e sempre saio de casa no horário de pico de São Paulo. Tenho que enfrentar uma hora de viagem de ônibus lotado com a imensa mochila nas costas. É neguinho olhando feio o tempo todo. Um empurra-empurra fodido. Sei que é foda, mas não tenho outra saída. Ontem aconteceu a cagada toda. Busão transbordando, eu pedindo licença, todos colaborando e no fim do corredor, uma cara de costas, ouvindo walkman, ocupando todos os espaços do busão. Fiquei atrás pedindo licença e o filho da puta não se moveu. Passei atropelando, dai ele virou pra mim e falou:

-“Cara folgado... A mochila tem que passar primeiro sempre.”

Fingi que não ouvi, exatamente porque não estava num dos meus melhores dias. Insistente ele continuou:

-“Sempre tem um engraçadinho que quer ser diferente”.

Quando ele disse isso o sangue subiu pela cabeça, mas procurei me conter pra não fazer besteira maior e só retruquei, igual criança mesmo:

- “A mochila é minha e faço dela o que bem entender.”

Ficou me olhando feio durante uns 5 minutos. Até então não havia me encarado. Não aguentei e perguntei o que foi? Nem respondeu e veio pra cima direto com um cruzado. Me esquivei e já emendei uma voadora no seu peito que o deixou caído ali com os olhos bem esbugalhados e ofegante, olhando pra minha fuça com cara de bosta. A cagada é que do nada apareceram mais dois caras que vieram pra cima com tudo. Fui mais esperto e antes da porrada deles me acertar, dei dois socos no nariz de um e um chute giratório na orelha do outro. Ninguém ficou em pé e o ônibus todo se pôs contra mim. Eu só estava me defendo, poxa. Quando eu vi que o negócio ia esquentar pro meu lado, tentei fugir por cima dos bancos pisando na cabeça de quem estava sentado.

O ônibus tava em movimento e o cobrador logo percebeu que eu tinha gerado a desordem ali e quando eu estava pra saltar pela janela, ele conseguiu me segurar, mas provido de muita esperteza dei-lhe uma cotovelada no queixo que o nocauteou na hora.

O motorista morfético que assistia tudo pelo retrovisor em silêncio, pra evitar que eu fugisse pisou fundo no acelerador. Irritado, caminhei sorrateiramente até ele e apliquei-lhe uma gravata, fazendo-o apagar e ai assumi a direção. Pra completar a minha sorte, logo a frente avisto uma barreira de carros da polícia, onde sou obrigado a parar, pisando seco no freio, pra não fazer mais cagada. Todo mundo do ônibus veio parar na frente.

Os policiais invadiram o busão armados até os dentes. Perguntavam apenas onde estavam os filhos das putas. E os filhos das putas dos passageiros, apontaram pra mim, sem nenhuma hesitação. Os gambé nem quiseram ouvir explicação nenhuma e vieram pra cima feito boi bravo, se não fosse um dos policiais gritar lá do fundo:

-”Achei os filhos das putas. Estão todos aqui no chão”.

Acho que eu teria rodado bem. Todos os lazarentos dos passageiros que quiseram me foder, agora em silêncio voltaram seus olhares admirados pra mim e começaram a aplaudir. Palhaçada!!! Prefiro nem comentar nada. O chefe da polícia perguntou meu nome, apertou minha mão e me levantou no ombro. Puta mico! E um bando de micos ovacionando atrás. Uma multidão já me esperava na porta do ônibus. Repórteres, câmeras, fotógrafos. Flashes daqui e dali e essa putaria toda que fazem quando acreditam que alguém é importante. Não acreditava. Fiquei feliz, me senti um herói, chamaram-me de herói. Parece que fiz algo bacana pelo menos uma vez na vida.

Quando a ficha começou a cair tudo aquilo começou a me encher o saco e pedi pra sair dali. Tenho um pouco de fobia social, sei lá. Comecei a correr e um monte de gente veio atrás. Que merda. Não consegui nem ir pro treino. Tive que voltar pra casa. Descobriram onde eu morava e ficaram a madrugada toda gritando na minha janela. Mandei todo mundo a merda e ignorei-os, achando que não fosse acontecer nada. Os vizinhos se assustaram. Depois de toda a loucura, quando tudo pareceu mais calmo, deitei e descansei. Olhei discretamente pela janela e tinha uns peças dormindo sentados na minha porta. Se foda! Quando acordei... Tudo pareceu só um pesadelo, mas quando olhei la fora de novo, vi alguns sujeitos se levantando e saindo dali, resmungando. Fui pra cozinha peguei o café abri o jornal e o que vejo? Essa semana to fodido.